Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

quinta-feira, 18 de junho de 2009

LEMBRANÇAS DEBAIXO DE FOGO CRUZADO


...Juntos, tinham passado por muitas alegrias e por enormes perigos. Veio-lhe à memória o dia em que a salvou, quando a arrastou para uns arbustos no meio de um combate nas matas do Luso, debaixo de fogo cruzado. Ou quando a teve nos braços, desmaiada, a esvair-se em sangue, após ter sido alvejada com um tiro que a atingiu na zona abdominal. Ao recordar, voltou a sofrer a mesma amargura pela espera do hélio de evacuação que tardou aflitivamente a chegar. Além da jornalista, havia mais feridos: um alferes atingido pelos fragmentos de uma granada (o rosto era uma massa disforme), dois soldados, um deles com queimaduras extensas nas mãos. Catarina, inerte nos seus braços, indefesa, enquanto o combate continuava, fora protegida não só pelo cumprimento das medida de segurança a ter para com jornalistas em zona de luta, mas por algo mais. Soube-o naquele instante. Lembrou-se de como sentiu o coração apertado quando a deitou inconsciente e ajudou a apertar as tiras da maca. Do bolso do camuflado da jornalista caíram duas cassetes que o capitão Fernandes guardou. Depois, tapou-a cuidadosamente com um lençol, ajudou na entrada dos outros feridos, e, finalmente, exausto, bateu com a mão na fuselagem como que dizendo: partam depressa. Há vidas em perigo. Fujam daqui... Depois, ficou a olhar o hélio que desapareceu sem incidentes. Cá em baixo, no inferno do fogo cruzado, sentiu uma inesperada tranquilidade e uma profunda angústia...
*

Não é a força, mas a constância dos bons sentimentos que conduz os homens à felicidade
(Friedrich Nietzsche)


2 Comentários:

Blogger Ana Claudia disse...

Maria Elvira,

Este excerto faz parte da romance de Bissau?

Beijinhos
AC

23 de junho de 2009 às 00:31  
Blogger MEB disse...

Olá Ana. Desejo (do coração) que amanhã tudo corra bem. Não, este é um exerto de um livro que nunca publicarei (as editoras dizem que não sou conhecida) mas, olhe, vai dando para posts. Essa passagem é nas matas do Leste de Angola. Beijinhos

23 de junho de 2009 às 18:38  

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