Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A MELODIA QUE ENCHEU O MEU CORAÇÃO E A MINHA VIDA


Foram anos e anos de fascinação, de memórias, de dores terríveis, de alegrias imensas. Foram transformações, lutas, mudanças constantes num transbordar de vitalidade ou numa serenidade inspiradora capaz de iluminar pensamentos e ambições. Foram medos negativos que tolheram gestos e palavras treinadas que nunca foram ditas. Foram confissões em surdina que perderam o vigor. Quebrei grilhetas, despertei emoções adormecidas em silêncios vigorosos, doloridos, que me agitaram, engrandeceram e deixaram transbordante de vitalidade. Vivi em permanente estado de desassossego. Dediquei-me a causas. Procurei cumprir objectivos. Com harmonia, em desamor, em lassidão. Fui agressiva, obsessiva, doce, serena, silenciosa, autêntica. Envolvi-me em mantos de audácia. Tomei as rédeas da vida e apelei ao meu poder. Desafiei e desafiei-me. Esperei. Amei e desamei. Amei em esperança, em desespero, em fascínio. Amei silenciosa em cada manhã por acontecer. Chorei e desisti em fugas de solidão e de amor. Fiquei exausta, esgotada, desanimada. Levantei-me sempre que caí, mesmo que o trilho de lama ou de pedras já me tivesse ferido os pés, mesmo que a densidade da mata já me tivesse rasgado, dilacerado. Atormentada respondi, sempre, ao milagre, ao mistério da vida que me protegia. Eu era audaz!



Confesso que vivi e enfrentei desertos, oásis e ilhas paradisíacas ao som constante de uma melodia que encheu a minha vida. Foram anos sucessivos com ela no coração, fazendo de mim o barco que contornava a costa, ao som do eco do farol e da sua luz. Fui dependente da sua harmonia. Escutava-a quando queria e mesmo quando a rejeitava. Ela era o sinal de trânsito da minha existência. Foi o despertador sem horas das minhas alvoradas. Foi demais e foi bom. Foi motivador e desesperante. Foi tudo e continua a ser o que já foi e, assim, será... Concerto para Uma Voz, foi a canção da minha vida. Tudo girou em torno dela (como é possível!). A primeira vez que tomei contacto com esse 45 rotações foi em Luanda, na Rádio Ecclésia, quando necessitava de um indicativo para um novo programa. Seria a queridíssima Ana Maria Bello Marques a descobri-lo. Escutei-o e, no mesmo instante, fiquei no mais exaltante e indelével estado de deslumbramento com a canção. Acabei por a usar frequentemente e o curioso (ou seria provocação?) da vida é que a viria a encontrar ao longa do exercício da minha profissão (é uma história demasiado longa para contar). Concerto para uma Voz foi composta por Saint Preux, em 1969. Tinha 19 anos. Danielle Licari interpretava-a tão bem que arrepiava.



-Dabadá, dabadabadabadá-dabadabá. Badaba badabada badaba uabididaba. Badabada ahhhhh... badabadaba uabididaba…Nunca ouvi mais do que isto e, como bastou!







A música é a linguagem universal da humanidade
(Longfellow)

2 Comentários:

Blogger Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida amiga,

Novamente para lhe pedir desculpa!
Não me esqueci de si nunca, não há desculpa, porque devia ter arranjado tempo para a visitar.
Hoje tenho uma desculpa ainda mais forte , mas não quero falar sobre isso, nem foi isso que me trouxe cá.
Só peço que não se sinta abandonada por mim, gosto de mais de si para o fazer.

Do seu maravilhoso texto e da canção que sempre a acompanhou a vida inteira, digo-lhe só que é uma lindíssima melodia, e que sendo simultâneamente bela e até alegre é também nostálgica. Talvez fosse por isso.
Na minha vida a música é imprescindível, por isso tenho muitas músicas que marcaram várias etapas.
Há canções que ainda sei de cor, ou grande parte delas e lembram-me sempre pessoas que foram muito importantes para mim.

Precisamente agora estou-me a lembrar de Gracias à la Vida de Mercedes de Sosa.

Beijinhos

6 de fevereiro de 2010 às 21:33  
Blogger MEB disse...

Querida Ná
É sempre muito bom tê-la aqui no meu cantinho e fico feliz por andar tão ocupada, sei que gosta desse dinamismo. Gosto deste texto, é verdade. É que nem foi preciso escrevê-lo bastou escutar a minha voz interior e deixar fluir o pensamento. A melodia é, para mim, mais do que isso, é algo e tanto que ainda não descobri.Tudo de bom minha amiga. Beijinhos

6 de fevereiro de 2010 às 22:21  

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