TODOS OS DIAS TE DESCUBRO E TODOS OS DIAS TE INVENTO...
Sem pudor e sem hesitações sinto que me apetece provocar a vida, irritá-la, confundi-la, tecer-lhe malhas que a espantem, desorientem; deixá-la olhar para mim, bem de frente, e, confundida, senti-la atordoada mesmo de rastos, com o meu desplante. Nada de olhares doces ou sorrisos de veludo e muito menos encantos afectivos, emocionais. Estou na real, quero ser audaz, provocante. Nada de silêncios conciliatórios, nada de amores perdidos ou de toques fundidos capazes de arrebatamentos em turbilhão. Não, hoje, não recebo nada. Rejeito tudo. Não conto nem mais segundos, nem mais dias, nem mais saudades, nem mais amor, nem mais sonhos, nem mais sonos em noites invadidas por cenários resplandecentes.
Não, hoje, apetece-me irritar a vida, perdidamente egoísta, incompreensível, sem generosidade, sem simpatia, sem deslumbramentos. Não quero asas, nem sequer voos. Rejeito abraços. Não quero ser como a Pipoca que não fecha a boca nem deita as unhas de fora. Eu quero arranhar, morder, desgastar. Nada de equilíbrios, nem de melancolias, nem esplendores. É tudo tão dramaticamente mentira! A minha saudade só exigia presença neste chuvoso dia de Outubro. Todos os dias te descubro e todos os dias te invento. Todos os dias te chamo neste mar de esquecimento e todos os dias te olho como se fosses o Anjo que me acaricia a Alma numa misteriosa, silenciosa e caprichosa inspiração.
Os grandes momentos da vida vêm por si mesmo. Não tem sentido esperá-los
(Thornton Wilder)
(Thornton Wilder)
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