JÁ GASTÁMOS AS PALAVRAS MEU AMOR
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus. (E.A.)
http://www.youtube.com/watch?v=df-eLzao63I
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus. (E.A.)
http://www.youtube.com/watch?v=df-eLzao63I
Hoje roubei todas as rosas dos jardins e cheguei ao pé de ti de mãos vazias
(Eugénio de Andrade)
4 Comentários:
Simplesmente, maravilhoso, o que a vida nos dá e o que a vida nos leva!
Parabéns!
Dá e leva, é verdade. Mas, pelo caminho sente-se a emoção de estar vivo. Obrigada pela sua visita e pelo comentário.
Querida amiga MElvira,
Sei que me entende, mas não tenho desculpa.
Há tempos que não a visito.
O João Soares deu-me mais dois dos seus Blogues para ajudar, eu tenho agora aulas de manhã, o meu Rau está com muito movimento, e o tempo foge-me.
Gosto tanto de si amiga, sabe disso!
Adoro o que publica, tudo...
Tenho que conseguir vir visitá-la mais vezes.
Querida, a Mariz festeja hoje dois anos do seu Blog Sou Pó e Luz.
Beijinhos, espero voltar e ter tempo para ler tudo.
Ná
Amiga
Tudo bem. Passar por aqui é quando se pode, se quer. Não é obrigatório. Eu calculo o que seja o dinamismo dos seus dias. Só desejo é que quando passar eu não a desiluda.
Confesso que tenho de me libertar da FVille, não tenho tempo para falar com o meu silêncio, não me inspiro. É quase meia noite. Estou agarrada ao computador desde as 6 da tarde. Inadmissível! Eu sei, mas estou tão agarrada à minha quinta.
Devo-me recuperar, é só uma questão de mais um tempinho. Quero dedicar-me só ao blogue. Vou ver "a casa" da Mariz. Saudades e beijinhos
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