Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

domingo, 10 de maio de 2009

SINTRA, UM IMPÉRIO DE MIL SONHOS



Quando nos aproximamos de Sintra assaltam-nos memórias do passado e preparamo-nos para um encontro irreal: jardins, palácios, o perfil da serra a abraçar o Castelo dos Mouros, o Palácio da Pena, majestoso, flutuando no Monte da Lua, Monserrate (o sonho e a obra de Byron e Cook), rendilhado, orientalista, exótico, colorido, circundado por jardins que só por um caprichoso lapso dos deuses ainda não foi descoberto por pesquisadores do passado e, por isso, não desmaiaram de emoção ao sentirem-se dentro do Éden Terreno. Aquela imensidão de verdes caprichosos nas suas nuances e brilhos, arrebatam.


São as chaminés ímpares do Palácio da Vila, visitado por largos milhares de turistas que vindos de todos os cantos do mundo, durante o ano, se rendem totalmente à beleza desta paisagem que se espraia até ao Atlântico. É tanto azul, tanto verde, que embriaga os sentidos. Quando o comboio bamboleia na curva da Portela e lá em cima, no cume da Serra, surge o perfil do antigo mosteiro dos monges de S. Jerónimo, Nossa Senhora da Pena, fundado por D.Manuel (quase destruído no terramoto de 1755), não imagina que daí, um dia, o Rei espreitou a frota de Vasco da Gama, no seu regresso da Índia. Mais tarde seria D.Fernando II que ao adquirir em hasta pública as ruínas do mosteiro, o mandou restaurar a um engenheiro militar, o alemão Eschwege, em 1839, construindo um castelo que ainda hoje mostra as magníficas linhas arquitectónicas das construções árabes, o estilo mudéjar de Espanha e o romantismo alemão.


Enquanto o comboio continua a serpentear pela linha e o fim dela se aproxima, instala-se no passageiro uma espécie de ansiedade. Ele sabe que está a entrar num reino especial ao qual em 1848, o conde Raczynski, famoso critico de arte, dizia: os arqueólogos do ano 2245 quebrarão a cabeça quando quiserem fixar a época das diferentes construções da Pena. Talvez seja por isso mesmo, por essa miscelânea de concepções que o Palácio Flutuante do Graal, continua a deslumbrar. E, curioso, com o passar dos anos consegue ir a espaços secretos (por certo) arrebatar uma vitalidade que o torna cada vez mais esplendoroso. Subir a rampa de acesso e olhá-lo cá de baixo, cuidado, a emoção é muita. É mágico. Quando chega ao pátio e se aproxima do belíssimo muro debruçado para o Infinito, não dá para descrever. É estonteante. A paisagem matizada emociona, virada para qualquer que seja o lado. É encanto puro a salpicá-la naquele espaço, diz-se com espólio dos Templários, imortalizado por pintores, reis, escritores, artistas. Sintra é um império de sonhos.


Seja qual for o capricho dos seus dias. Há nevoeiros intensos, brumas enigmáticas, brisas acariciadoras. Há miragens quando Sintra se envolve em neblinas e ostenta altiva e sensual mantos que flutuam ao sabor da imaginação porque, em Sintra, a realidade é invenção! O diferente, são os cânticos que ecoam pelos palácios, pelos recantos da memória e reanimam vidas que se projectam noutras dimensões do espaço e descem, mansamente, as escadas do tempo e chegam aos locais de saudade. Em Sintra há sopros de ventos, embalando a sabedoria dos deuses: silenciosos, sublimes e supremos. As vibrações são poderosas porque Sintra é um Império de sonhos unido ao respirar dos céus.



Eis que em vários labirintos de montes e vales / surge o glorioso Éden de Sintra./ Ai de mim! Que pena ou que pincel/ logrará jamais dizer metade sequer/ das belezas destas vistas (...)?
(Lord Byron)

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