ESTÁ UMA NOITE SEM RESPIRAÇÃO
Está uma noite de silêncios. Uma noite parada, abrasadora, sem respiração e sem movimento. Nada se mexe debaixo do luar quente (nem árvores, nem flores. Os grilos não cantam com as asas, os pirilampos não brilham, as raízes não crescem, os ribeiros não entoam) que nos deixa vestidas de água que escorre lentamente pela pele e lambe contornos de corpo nu. Suores que tiram sonos e convidam ao desassossego constante que nem o fresco dos lençóis suaviza. É uma noite sem vozes, sem cânticos mas com cheiros inebriantes, fragrâncias doces que surgem em ondas e nos deixam suspensas, na oferta da noite sem respiração onde flutuam, pensamentos, recordações, segredos. Olho a Lua gorda, brilhante, manchada, cúmplice desta canção de embalar oferecida apenas pelos irresistíveis aromas que nos rodeiam e memorizo noites abrasadoras vividas noutros Continentes onde o ritmo frenético, em fúria de emoções, foram um trepidante galopar de vida e de fascínio. Ecoam, ainda, no campo das memórias, o batuque alucinante dos tambores, a cadência das bailarinas que acordaram noites, silêncios e corpos. Sons que ecoam na Alma, embora esta esvoace sempre na mais pura e invejável liberdade. Que quente está o luar!
2 Comentários:
Um texto lindíssimo. Poesia pura.
Como nos reconforta o luar quente.
Que bom saber que passou por aqui e que gostou do texto. Maravilha. A noie estava mesmo um sufoco. Parece que o tempo exageradamente quente vai voltar amanhã...
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