A DERROCADA DO KINAXIXE
Vivi, durante anos, na Rua Luís de Camões, em Luanda, que era o início da rua que dava acesso ao largo do mercado da Maria da Fonte (Kinaxixe), por onde eu passava todos os dias e onde muito frequentemente ia fazer compras. Era um verdadeiro fascínio. O exotismo, a variedade, o odor, a mistura inebriante e indecifrável de cheiros. O colorido enfeitiçante do Maria da Fonte (a estátua foi substituída por a de Nzinga Mbandi, a indomável e inteligente soberana do povo Ginga de Matamba e Angola, nascida em Cabassa, interior de Matamba) era o local onde se desejava ir. Onde apetecia ir. Havia de tudo! Do que se conhecia e do que se descobria em cada percurso.
Aí, aprendi a muitas receitas com as vendedoras (quitandeiras, não era?) que já nos conheciam. Pregaram-me partidas, é verdade. Ás vezes davam-me a provar picantes que eu ignorava ou qualquer outra coisa que nada tinha de agradável. E riam-se do meu espanto e, claro, da minha ignorância. Já éramos conhecidas! Acabava tudo bem e, tantas vezes, mas tantas, ofereciam-me coisas. Para dar sorte, diziam. Por onde andas Ina, minha amiga? O que fizeram de ti ou que voltas deu a tua vida? Que saudades, Ina. Que saudades.
Hoje, via Net, chegaram-me várias imagens da derrocada (não sei se natural ou provocada, não consegui mais informações) do mercado de Kinaxixe. Fiquei parada a olhar e senti um aperto no coração. Voltei a regressar a um local que conheço tão bem que era especial, tão cheio de recordações, e senti uma tristeza profunda. Autêntica.
Por baixo das fotos li dois comentários de angolanos, referindo essa derrocada sob o olhar silencioso de Nzinga
-Eu choro, diz Chico Oliveira e acrescenta:
- PS. Tatá Manguchi daí onde estás manda nova versão do "Havemos de Voltar" acrescentando só "Ao nosso Kinaxixe... Havemos de voltar"
Por seu lado, Fernando Pereira, desabafa:
-Se as pessoas soubessem que este edifício era um dos melhores exemplos de excelentes trabalhos de arquitectura, e que vem referenciado em revistas internacionais da especialidade nos anos 60...
Aí, aprendi a muitas receitas com as vendedoras (quitandeiras, não era?) que já nos conheciam. Pregaram-me partidas, é verdade. Ás vezes davam-me a provar picantes que eu ignorava ou qualquer outra coisa que nada tinha de agradável. E riam-se do meu espanto e, claro, da minha ignorância. Já éramos conhecidas! Acabava tudo bem e, tantas vezes, mas tantas, ofereciam-me coisas. Para dar sorte, diziam. Por onde andas Ina, minha amiga? O que fizeram de ti ou que voltas deu a tua vida? Que saudades, Ina. Que saudades.
Hoje, via Net, chegaram-me várias imagens da derrocada (não sei se natural ou provocada, não consegui mais informações) do mercado de Kinaxixe. Fiquei parada a olhar e senti um aperto no coração. Voltei a regressar a um local que conheço tão bem que era especial, tão cheio de recordações, e senti uma tristeza profunda. Autêntica.
Por baixo das fotos li dois comentários de angolanos, referindo essa derrocada sob o olhar silencioso de Nzinga
-Eu choro, diz Chico Oliveira e acrescenta:
- PS. Tatá Manguchi daí onde estás manda nova versão do "Havemos de Voltar" acrescentando só "Ao nosso Kinaxixe... Havemos de voltar"
Por seu lado, Fernando Pereira, desabafa:
-Se as pessoas soubessem que este edifício era um dos melhores exemplos de excelentes trabalhos de arquitectura, e que vem referenciado em revistas internacionais da especialidade nos anos 60...
Ai, Luanda. Tu continuas a ser um pedaço do meu céu que não me sai das memórias. Não há distância capaz de te fazer esquecer.
Todas as maravilhas de que precisas estão dentro de ti.
(Sir Thomas Browne)
(Sir Thomas Browne)
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