CASA BRANCA - A DESEJADA
Amanhã, dia 4 de Novembro de 2008, a América e o mundo testemunharão em directo (creio que a partir da meia-noite em Portugal) ou em diferido, o levantar do véu sobre os primeiros resultados que começarão a ser conhecidos. Será uma preparação para a maratona da madrugada de 5 em que, pensa-se, tudo o que era probabilidade será realidade; o que era sondagens transformar-se-á, pelo acto cívico de votar, em resultados decisivos. O antigo presidente (sê-lo-á até 20 de Janeiro) da América, o actual residente da Casa Branca até hoje, dia 3, está em Camp David, afastado do cenário galvanizante das actuais eleições presidenciais americanas, não dando o apoio directo, audível, visual, ao lado do seu companheiro de Partido (Republicano) o senador McCain, deixando-o com Sarah Palin, escolha que deve ter sido o maior tiro que deu no seu próprio pé, nos últimos tempos. Sobre as eleições já tudo foi dito. Resta aguardar.
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Enquanto se espera pela escolha decisiva dos norte-americanos vamos conhecer melhor a tão disputada, desejada e sonhada Casa que é mesmo Branca (White House) e que acolhe os Presidentes da América. Foi construída depois da criação do Distrito de Columbia por um Acto do Congresso, em Dezembro de 1790. O presidente George Washington ajudou a escolher o local, juntamente com Pierre L'Enfant. O arquitecto foi escolhido numa competição que recebeu nove propostas. A honra foi concedida a James Hoban, um irlandês, e a construção começou com a colocação da pedra angular em Outubro de 1792. O edifício desenhado por Hoban foi influenciado pelos primeiro e segundo andares de Leinster House, um palácio ducal de Dublin, República da Irlanda, o qual é, actualmente, o lugar das duas câmaras do Oireachtas, o Parlamento irlandês. Vários outros palácios rurais irlandeses da era Georgiana foram sugeridos como fontes de inspiração.
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Um diário conservado pelo comissário de construções do Distrito de Columbia regista que os apoios da residência principal foram executados por escravos. As fundações foram, igualmente, construídas por trabalho escravo e muito do restante trabalho no edifício foi realizado por imigrantes, muitos deles ainda sem a cidadania. As paredes de arenito foram erguidas por imigrantes escoceses, assim como as decorações com grinaldas em alto relevo por cima da entrada Norte e o padrão em "escama de peixe" sob os frontões das remates das janelas. Muitos dos trabalhos em tijolo e reboco foi produzido por imigrantes irlandeses e italianos. A construção inicial estendeu-se por um período superior a oito anos, com um custo de 232.371,83 dólares (2,4 milhões de dólares em 2005). Apesar de ainda não estar completa, a Casa Branca estava pronta para ser ocupada no dia 1 de Novembro de 1800. Quando o palácio presidencial ficou concluído, as porosas paredes de arenito foram revestidas com uma mistura de cal grude, caseína e chumbo, dando ao edifício a sua cor familiar e o seu nome.
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O edifício foi originalmente referenciado como Palácio do Presidente, Mansão Presidencial ou Casa do Presidente. É comum o falso conceito de que o termo The White House (A Casa Branca) só passou a ser usado depois da Guerra de 1812, quando o palácio foi queimado e pintado de novo. De qualquer forma, as primeiras evidências de ter sido chamado pela população de White House foram registadas em 1811, três anos antes de o edifício ter sido incendiado. O nome Mansão Executiva foi usado em contextos oficiais até que o Presidente Theodore Roosevelt estabeleceu o nome formal, tendo de facto o nome White House–Washington, gravado nos artigos de papelaria em 1901. No actual timbre, o estilo de escrita das palavras "The White House", com a palavra "Washington" centrada abaixo, remonta à administração do Presidente Franklin Roosevelt.
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Apesar de apenas ter sido construído alguns anos depois da presidência de George Washington, também foi especulado que o nome o nome da residência tradicional do Presidente dos Estados Unidos da América pode ter derivado da propriedade de Martha Curtis Washington, a Plantação Casa Branca (White House Plantation), no Condado de New Kent, Virginia, onde o primeiro Presidente da nação e a sua primeira-dama partilharam muitas recordações agradáveis durante o seu namoro, em meados do século XVIII. John Adams tornou-se no primeiro Presidente a residir no edifício a 1 de Novembro de 1800. Durante o segundo dia que passou na Casa Branca, Adams escreveu uma carta à sua esposa, Abigail, contendo uma oração pela casa:
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-Rezo ao Céu para conceder a melhor das bênçãos a esta Casa, e a todos os que a habitarão. Ninguém pode, senão homens honestos e sábios, governar debaixo deste telhado.
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Franklin Roosevelt mandou esculpir a benção de Adams na cornija da lareira da Sala de Jantar de Estado. Adams viveu na casa durante pouco tempo, sendo o edifício rapidamente ocupado por Thomas Jefferson que logo pensou como a Casa Branca poderia ser acrescentada. Com Benjamin Henry Latrobe, ajudou a delinear o desenho para as Colunatas Este e Oeste, pequenas alas que ajudam a conciliar as operações domésticas de lavandaria, um estábulo e um depósito. Actualmente, as colonatas de Jefferson ligam a residência com as Alas Este e Oeste.
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Durante a Guerra de 1812 grande parte da cidade de Washington foi queimada pelas tropas britânicas em retaliação pelo incêndio dos Edifícios do Parlamento do Canadá Superior, na Batalha de York (actual Toronto), deixando a Casa Branca totalmente destruída. Apenas restaram as paredes exteriores, e mesmo estas tiveram que ser deitadas abaixo e reconstruídas na sua maior parte devido ao enfraquecimento causado pelo fogo e consequente exposição aos elementos, excepto em alguns trechos da parede Sul. Surgiu então a lenda, durante a reconstrução do edifício, segundo a qual as pinturas brancas foram aplicadas para mascarar os danos causados pelo fogo, dando ao edifício a sua tonalidade homónima. Isto não tem fundamento, uma vez que o edifício sempre teve a cor branca desde a sua construção, em 1798.
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Dos numerosos espólios levados da Casa Branca quando esta foi saqueada pelas tropas britânicas, apenas dois foram recuperados — uma pintura de George Washington, resgatada pela então primeira-dama Dolley Madison, e uma caixa de jóias devolvida ao Presidente Roosevelt, em 1939, por um canadiano que afirmou que o seu avô a levara de Washington. A maior parte das peças perderam-se quando um comboio de navios britânicos, conduzida pelo navio HMS Fantome, se afundou no caminho para Halifax, durante uma tempestade ocorrida na noite de 24 de Novembro de 1814. Em 1948 o palácio presidencial tornou-se tão instável que o Presidente Harry Truman o abandonou, mudando-se para a Blair House, do outro lado da rua, entre 1949 e 1951. A reconstrução requereu o desmantelamento total dos espaços interiores, a construção de uma nova estrutura interna em aço e a reconstrução das salas originais dentro da nova estrutura. Foram feitas algumas alterações à planta do andar térreo, sendo a mais importante a reposição da grande escadaria a abrir para o Hall de Entrada, em vez de abrir para a Galeria Cruzada. Foi instalado ar condicionado central e adicionadas duas sub-caves para providenciar mais espaço para salas de trabalho, depósitos e um abrigo contra bombas.
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Os Truman´s regressaram à Casa Branca no dia 27 de Março de 1952. Enquanto o edifício foi salvo pela reconstrução, a maior parte dos acabamentos interiores foram genéricos e de pouco valor histórico. Grande parte das obras de estuque originais, algumas datadas da reconstrução de 1814 a 1816, ficaram demasiado danificadas para reinstalar, tal como o robusto apainelamento de Beaux Arts original, na Sala Este. Jacqueline Kennedy, esposa do Presidente John F. Kennedy (1961–1963) dirigiu a mais extensa e histórica redecoração efectuada no edifício. Henry Francis du Pont do Winterthur Museum presidiu a um Comité de Belas Artes da Casa Branca. Foram feitas pesquisas sobre o uso e decoração das primitivas salas da casa. Foram seleccionadas vários períodos do início da república como tema para cada sala: o estilo Federal para a Sala Verde; o estilo Império Francês para a Sala Azul; o estilo Império Americano para a Sala Vermelha; o estilo Luís XVI para a Sala Oval Amarela; e o estilo Vitoriano para o estúdio presidencial, renomeado para Sala do Tratado. Foi adquirido mobiliário antigo e fabricados e instalados ornamentos e decorações baseadas em documentos da época.
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Muitas das antiguidades, pinturas refinadas e outros melhoramentos do período Kennedy foram oferecidos à Casa Branca por ricos doadores.Os restauros Kennedy resultaram numa Casa Branca com um gosto quase real, o qual foi chamado de gosto francês de Madison e Monroe. Muito do gosto francês, originada com o decorador de interiores Stéphane Boudin da Casa Jansen (Maison Jansen), uma firma de design de interiores de Paris que havia desenhado os interiores para Elsie de Wolfe, Lady Olive Baillie, para as Famílias Reais da Bélgica e Irão para o Reichsbank durante o período do Nacional Socialismo e para o Leeds Castle, no Kent.
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O primeiro guia da Casa Branca foi produzido sob a direcção do curador Lorraine Waxman Pearce com supervisão directa de Jacqueline Kennedy. A sua venda ajudou no financiamento do restauro.O Comité de Belas Artes dos Kennedy tornou-se, mais tarde e com autorização do Congresso, no Comité para a Preservação da Casa Branca, cuja missão é manter a integridade histórica da Casa Branca. O comité trabalha com a Primeira Família, habitualmente representada pela primeira-dama, o curador da Casa Branca e o chefe do Pessoal. Desde o estabelecimento do comité, cada família presidencial tem feito algumas alterações aos locais de habitação familiares da Casa Branca, mas as alterações nas Salas de Aparato têm que ser todas aprovadas pelo Comité para a Preservação.
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-Durante a administração de Richard Nixon, a primeira-dama Pat Nixon remobilou a Sala Verde, a Sala Azul e a Sala Vermelha.
- Na década de 1990 o presidente Bill Clinton e a primeira-dama Hillary Clinton remobilaram algumas salas: a Sala Este, a Sala Azul, a Sala de Jantar de Estado, e a Sala de Estar Lincolin e alterações no Quarto de Lincoln que teve início durante a sua administração mas já foram concluídas durante a administração do Presidente George W. Bush, tendo início, então, alterações na Sala Verde e da Sala Este.A Casa Branca foi um dos primeiros edifícios governamentais de Washington acessível a cadeiras de rodas, com modificações efectuadas durante a presidência de Franklin D. Roosevelt, que necessitou de a usar como resultado da sua doença. Na década de 1990, Hillary Clinton, por sugestão da Directora do Gabinete de Visitantes, Melinda N. Bates, aprovou a adição de uma rampa no corredor da Ala Este. Esta permite um fácil acesso de cadeiras de rodas nas visitas públicas e em eventos especiais com ingresso pela entrada de segurança do edifício no lado Este.
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A residência original fica situada no centro do conjunto. Duas colunatas desenhadas por Jefferson – uma a Este e outra a Oeste – servem, actualmente, para ligar a Alas Este e Oeste, adicionadas mais tarde. A Residência Executiva acolhe a habitação do Presidente, além de salas de cerimónia e de entretenimento oficial. O Andar de Aparato do edifício residencial inclui a Sala Este, a Sala Verde, a Sala Azul, a Sala Vermelha e a Sala de Jantar de Estado, além da Sala de Jantar da Família. O terceiro piso da residência da família inclui a Sala Oval Amarela, as Galerias de Estar Este e Oeste, a Sala de Jantar do Presidente, a Sala do Tratado, o Quarto de Lincoln e o Quarto de Queens.A Ala Oeste acolhe o gabinete do Presidente (o famoso Gabinete Oval) e gabinetes da equipe de funcionários sénior, com salas para cerca de 50 empregados. Tem, também, a Sala do Gabinete, onde o Gabinete dos Estados Unidos se reúne, e a Sala da Situação da Casa Branca.
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Alguns membros da equipa do Presidente estão alojados no adjacente Velho Edifício do Gabinete Executivo, antigamente o edifício do Estado de Guerra e Marinha e, por vezes, conhecido como o Edifício do Gabinete Executivo Eisenhower. A Ala Este, a qual contém espaço adicional para gabinetes, foi acrescentada à Casa Branca em 1942. Entre os seus usos, tem acolhido, de forma intermitente, os gabinetes do pessoal da primeira-dama dos Estados Unidos da América, e o Gabinete Social da Casa Branca. Rosalynn Carter, em 1977, foi a primeira a dispor do seu gabinete pessoal na Ala Este, e a primeira a chamá-lo formalmente de Gabinete da Primeira-Dama. Esta Ala foi construída durante a Segunda Guerra Mundial, com o objectivo de ocultar a construção de um bunker subterrâneo, a ser usado em situações de emergência. O bunker ficaria conhecido como Centro de Operações da Emergência Presidencial.
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Antes da construção do Pórtico Norte maior parte dos eventos públicos tinham entrada pelo relvado Sul, o qual foi aplanado e plantado por Thomas Jefferson que também desenhou um plano de plantações para o relvado Norte que incluía três grandes árvores que deveriam obscurecer a maior parte do edifício a partir da Avenida Pensilvânia. Em meados do século XIX, foram construídas estufas, cada vez maiores, no lado Oeste do edifício, onde está localizada a actual Ala Oeste. Durante este período o relvado Norte foi plantado com leitos ornamentais de flores, estilo tapete. Apesar de os jardins da Casa Branca terem tido muitos jardineiros ao longo da sua história, o desenho geral, ainda amplamente usado como plano mestre na actualidade, foi criado em 1935 por Frederick Law Olmsted, Jr., da firma Olmsted Brothers, sob encomenda do Presidente Franklin D. Roosevelt.
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Durante a administração Kennedy, o Roseiral da Casa Branca foi redesenhado por Rachel Lambert Mellon. O Roseiral orna a Colonata Oeste. Delimitando a Colonata Este fica o Jardim Jacqueline Kennedy, o qual foi iniciado por Jacqueline, mas terminado depois do assassinato do seu marido. No fim-de-semana de 23 de Junho de 2006, um Ulmeiro Americano centenário, do lado Norte do edifício, foi derrubado durante uma das muitas tempestades ocorridas naquele mês. Este ulmeiro está representado no reverso da nota de 20 dólares. Acredita-se que esta árvore terá sido plantada entre 1902 e 1906, durante a administração de Theodore Roosevelt. Entre as árvores mais velhas do parque, encontram-se várias magnólias brancas, plantadas por Andrew Jackson.
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Tal como aconteceu com os palácios rurais da Inglaterra e da Irlanda, que lhe serviram de modelo, a Casa Branca foi, desde o início, aberta ao público até ao início do século XX. O Presidente Thomas Jefferson manteve uma casa aberta para a sua segunda inauguração, em 1805, e muitas das pessoas presentes na sua cerimónia de juramento no Capitólio seguiram-no a casa, onde foram recebidas na Sala Azul. Estas casas abertas, por vezes, tornavam-se rudes: em 1829, o Presidente Andrew Jackson teve que ir para um hotel quando cerca de 20.000 cidadãos celebraram a sua inauguração na presidência, no interior da Casa Branca.Os seus ajudantes acabaram por ser obrigados a atrair a multidão para o exterior com tinas cheias com um potente cocktail de sumo de laranja e uísque. Mesmo assim, a prática continuou até 1885, quando o eleito Grover Cleveland organizou uma revista presidencial às tropas, a partir de uma tribuna em vez da tradicional casa aberta. Jefferson também permitiu visitas públicas à sua residência, as quais tiveram continuação, excepto durante os tempos de guerra, e iniciaram a tradição das recepções anuais no Dia de Ano Novo e no Catorze de Julho. Estas recepções terminaram no início da década de 1930, embora o Presidente Bill Clinton tenha recuperado a tradição da casa aberta do Dia de Ano Novo durante o seu primeiro mandato.
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O Presidente Abraham Lincoln queixou-se que era constantemente cercado por perseguidores de empregos que esperavam para lhe pedir nomeações políticas ou outros favores, ou por excêntricos distribuidores de conselhos, como o "General" Daniel Pratt, quando começava o dia de trabalhos. Lincoln aguentou com a contrariedade em vez de correr o risco de alienar alguns associados ou amigos de poderosos fabricantes de opinião. Em anos recentes, a Casa Branca tem estado fechada a visitantes devidos às preocupações com o terrorismo. O Complexo Casa Branca está protegido pelo United States Secret Service e pela United States Park Police.
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No seu interior existem 132 salas, 35 casas de banho, 6 depósitos, 412 portas, 147 janelas, 28 lareiras, 8 escadarias 3 elevadores, 5 chefes de cozinha a tempo integral, 5.000 visitantes diários, um campo de ténis, uma pista de bowling, um cinema, uma pista de corrida e uma piscina. A Casa Branca recebeu o serviço de telégrafo na década de 1850 e o serviço telefónico na década de 1890. O principal número da central telefónica da Casa Branca é o 202-456-1414. (Robert Redford no papel de Bob Woodward é visto a procurar e a marcar o número no filme Os Homens do Presidente). Isso foi discutido durante a crise do Médio Oriente, em 1990, quando o Secretário de Estado James Baker disse:
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-Todos devem saber que o número de telefone da Casa Branca: é o 1-202-456-1414. Quando quiseram falar a sério sobre paz, telefonem-nos.
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A Casa Branca mantém uma linha de comentários para registar opiniões de voz no número telefónico 202-456-1111. O website oficial é http://www.whitehouse.gov/. Foi estabelecida no dia 17 de Outubro de 1994, durante a administração do Presidente Clinton. As duas versões do website usadas pela sua administração foram guardadas pelos Arquivos Nacionais e pela Administração de Registos. Ambas são mantidas a funcionar, com ligações activas. O primeiro site da Casa Branca pode ser encontrado em http://clinton1.nara.gov/, e o segundo em http://clinton2.nara.gov/. Estão entre os primeiros exemplos de preservação histórica de meios de comunicação digitais.
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Falar da Casa Branca (1600 Pennsylvania Ave., NW) é um interessante tema que demoraria longas horas. Vali-me da Wikipédia, para aflorar alguns temas talvez desconhecidos mas relevantes. Esta é a tal Casa que Hillary conhece muito bem e à qual gostaria de ter voltado. Isso, seguramente não vai acontecer mas, Obama ou McCain, até amanhã, são os candidatos a Presidente e locatário à Casa Branca. Por enquanto a madrugada apenas nos traz sussurros encorajadores.
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Mesmo que não escrevas livros, és o escritor da tua vida. Mesmo que não sejas Van Gogh, podes fazer da tua vida uma obra de arte
(Autor desconhecido)
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