Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O DISCURSO - POLÍTICA INSPIRADA


Olá, Chicago! Se alguém ainda duvida que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda pergunte se o sonho dos nossos fundadores continua vivo nos nossos tempos, que ainda questione a força de nossa democracia, esta noite é a resposta. É a resposta dada pelas filas que se estenderam ao redor de escolas e igrejas num número como esta Nação jamais viu. Pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas delas pela primeira vez nas suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que ser diferente e que suas vozes poderiam fazer a diferença.
É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados. Americanos que transmitiram ao mundo a mensagem de que nunca fomos simplesmente um conjunto de indivíduos ou um conjunto de Estados vermelhos e Estados azuis.


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Somos, e sempre seremos, os EUA da América. É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem cépticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direcção à esperança de dias melhores. Demorou tempo para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA. Esta noite, recebi um telefonema extraordinariamente cortês do senador McCain. O senador McCain lutou longa e duramente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e duramente pelo País que ama. Aguentou sacrifícios pelos EUA que sequer podemos imaginar. Todos nós beneficiámos do serviço prestado por este líder valente e abnegado. Dou-lhe os parabéns e, também, à governadora Palin por tudo o que conseguiram e desejo colaborar com eles, para renovar a promessa desta Nação, durante os próximos meses.

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Quero agradecer a meu parceiro nesta viagem, um homem que fez campanha com o coração e que foi o porta-voz de homens e mulheres com os quais cresceu nas ruas de Scranton e com os quais viajava de comboio quando regressava a sua casa em Delaware: o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden. E não estaria aqui esta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga durante os últimos 16 anos, a rocha de nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama da Nação, Michelle Obama. Sasha e Malia amo-vos mais do que podem imaginar. Vocês, ganharam um novo cachorrinho que vai connosco para a Casa Branca. Apesar de não estar mais connosco, sei que a minha avó está a ver-nos, junto com a família que fez de mim o que sou. Sinto falta deles esta noite. Sei que minha dívida com eles é incalculável. As minhas irmãs Maya, Auma, meus outros irmãos e irmãs, muitíssimo obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a todos vocês. E ao meu director de campanha, David Plouffe, o herói não reconhecido desta campanha, que construiu a melhor campanha política (creio eu) da história dos EUA da América. Ao meu estratega-chefe, David Axelrod, que foi o parceiro a cada passo do meu caminho. À melhor equipa de campanha formada na história da política.

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Vocês tornaram isto realidade e eu estou eternamente grato pelo que se sacrificaram para o conseguir. Mas, sobretudo, não esquecerei a quem realmente pertence esta vitória. Ela pertence-vos. Ela pertence a vocês. Nunca pareci o candidato com mais possibilidades. Não começámos com muito dinheiro nem com muitos apoios. A nossa campanha não foi idealizada nos corredores de Washington. Começou nos quintais de Des Moines e nas salas de Concord e nas varandas de Charleston. Foi construída pelos trabalhadores e trabalhadoras que recorreram às parcas economias que tinham para doar à causa US$ 5, ou US$ 10 ou US$ 20. Ganhou a força dos jovens que negaram o mito da apatia da sua geração, que deixaram para trás as suas casas e os seus familiares por empregos que lhes trouxeram pouco dinheiro e menos sono. Ganhou a força das pessoas não tão jovens que enfrentaram o frio gelado e o ardente calor para bater às portas de desconhecidos, e dos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários e organizaram e demonstraram que, mais de dois séculos depois, um governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra. Esta é a vitória de vocês. Além disso, sei que não fizeram isto só para vencerem as eleições. Sei que não fizeram só por mim.

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Fizeram porque entenderam a magnitude da tarefa que há pela frente. Enquanto comemoramos esta noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã serão os maiores de nossas vidas: duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira do século. Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos valentes que acordam nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para darem a vida por nós. Há mães e pais que passarão noites em claro, depois de as crianças dormirem, e perguntarão como irão pagar a hipoteca, as facturas médicas ou como economizarão o suficiente para a educação universitária dos seus filhos.

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Há novas fontes de energia para serem aproveitadas, novos postos de trabalho para serem criados, novas escolas para serem construídas e ameaças para serem enfrentadas, alianças para serem reparadas. O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não o consigamos num ano nem num mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou esta noite de que chegaremos. Prometo-vos que nós, como povo, conseguiremos. Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou com a minha política, quando assumir a Presidência. E, sabemos, o Governo não pode resolver todos os problemas. Mas, serei sempre sincero sobre os desafios que nos afrontem. Ouvir-vos-ei, principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei que participem no trabalho de reconstruir esta Nação, da única forma como foi feito nos EUA durante 221 anos: bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada sobre mão calejada.

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O que começou há 21 meses, em pleno Inverno, não pode acabar nesta noite de Outono. Esta vitória, em si, não é a mudança que procuramos. É só a oportunidade para que façamos essa mudança. E, isto, não pode acontecer se voltarmos ao que era antes. Não pode acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício. Portanto, façamos um pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade: que cada um se ajude mutuamente e trabalhe mais e se preocupe não só com consigo próprio mas também com o outro. Lembremos que esta crise financeira ensinou-nos algo: é que não pode haver uma Wall Street (sector financeiro) próspera enquanto a Main Street (comércio ambulante) sofre. Neste País, avançamos ou fracassamos como uma só Nação, como um só povo. Resistamos à tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que intoxicaram, tanto tempo, a nossa vida política.

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Lembremos que foi um homem deste Estado que levou pela primeira vez a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre os valores da auto-suficiência e da liberdade do indivíduo e da união nacional. Esses são valores que todos compartilhamos. O Partido Democrata conquistou uma grande vitória esta noite. Façamos, com certa humildade e determinação, a tentativa de curar as divisões que impediram o nosso progresso. Como disse Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa: não somos inimigos, mas amigos. Embora as paixões os tenham colocado sob tensão, não deviam romper os laços de afecto.
E aqueles americanos cujo apoio ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes... Preciso das suas ajudas e também serei o seu presidente. E a todos aqueles que nos vêem esta noite além das nossas fronteiras, em Parlamentos e palácios, e aqueles que se reúnem em redor dos rádios nos cantos esquecidos do mundo, as nossas histórias são diferentes, mas o nosso destino é comum e começa um novo amanhecer de liderança americana. Aqueles que pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. Aqueles que pocuram a paz e a segurança, têm todo o nosso apoio. E, aqueles que perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina fortemente, digo que esta noite demonstramos, mais uma vez, que a força autêntica de nossa Nação não vem do poderio das nossas armas nem da magnitude da nossa riqueza, mas do poder duradouro dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme esperança.
A verdadeira genialidade dos EUA, o País pode mudar!

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A nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já conseguimos dá-nos esperança sobre o que podemos e temos de conseguir amanhã. Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta. Ela parece-se muito com outros que estiveram nas filas para fazer com que sua voz fosse ouvida nestas eleições - excepto por uma coisa, Ann Nixon Cooper tem 106 anos! Nasceu apenas numa geração depois da escravidão, numa era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos: por ser mulher e pela cor da sua pele. Esta noite penso em tudo o que ela viu durante o seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, e as vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas esforçaram-se para continuar em frente com esta crença americana. Sim, podemos. Numa época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem-se e estenderem a mão para votar. Sim, podemos. Quando havia desespero e uma Depressão no País, ela viu como a Nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Sim, podemos. Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Sim, podemos. Ela estava lá, nos autocarros de Montgomery, nas mangueiras de irrigação em Birmingham, numa ponte em Selma e ouviu um pregador de Atlanta que disse ao povo:"Superaremos". Sim, podemos.

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O homem chegou à Lua, um muro caiu em Berlim e o mundo interligou-se através da nossa ciência e imaginação. E, este ano, nestas eleições, ela tocou numa tela com o dedo e votou porque, após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabia como os EUA podiam mudar. Sim, podemos. EUA avançamos muito. Vimos muito. Mas há muito mais por fazer. Portanto, esta noite, vamos perguntar se os nossos filhos viverão para ver o próximo século; se as minhas filhas terão a sorte de viver tanto tempo como Ann Nixon Cooper. Que mudanças virão? Que progresso faremos? Esta é nossa oportunidade de responder a essa chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez.

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Para dar emprego ao nosso povo e abrir as portas da oportunidade para as nossas crianças, para restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e reafirmar esta verdade fundamental que, de muitos, somos um, que enquanto respirarmos, temos esperança. E, quando nos encontrarmos com o cepticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um povo. Sim, podemos.

Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os EUA da América".

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A tua única obrigação durante toda a tua existência é seres verdadeiro para contigo próprio.

(Richard Bach)

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Só espero que os americanos não tenham a mesma decepção que os portugueses tiveram com o senhor Magalhães. Um abraço.

8 de novembro de 2008 às 20:07  

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