Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

sábado, 12 de setembro de 2009

JÁ QUASE MORRI DE AMOR E... RENASCI!


Pede-se experiência. A redacção que se segue foi escrita por um candidato numa selecção de pessoal, na Volkswagen. A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.


Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo. Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora. Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro. Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer. Já subi, às escondidas, ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada. Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.


Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas, sentindo a falta de uma única. Já vi o pôr-do-Sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir os lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar. Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar. Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um 'para sempre' pela metade. Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a Lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente. Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração. Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel: -


-Qual é a sua experiência?


Essa pergunta fez eco no meu cérebro: Experiência.... Experiência... Será que cultivar sorrisos é experiência? Agora, agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:

- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova?



Os homens alcançam sucesso quando eles percebem que seus fracassos são uma preparação para suas vitórias
(Ralph W. Emerson)

4 Comentários:

Blogger Ana Claudia disse...

Não sei se são experiências se são acontecimentos. É viver.

O texto é maravilhoso.

13 de setembro de 2009 às 03:10  
Blogger MEB disse...

Completamente de acordo. Maravilhoso. Uma sensibilidade arrepiante de notável

13 de setembro de 2009 às 15:23  
Blogger Unknown disse...

Gostei. Era bom que as experiências fossem uma forma de viver e não como hoje em dia que nem para a nossa sobrevivência quase serve e vejamos a situação dos desempregados com mais de 40 anos, onde lhes é valorizada a experiência?
Eu sei que com isto vou contra a mensagem do texto, a qual acho bonita, mas não posso deixar de lembrar que neste Portugal cada vez mais se desvaloriza a experiência em detrimento de um salário baixo, para não dizer miserável.

14 de setembro de 2009 às 10:59  
Blogger MEB disse...

Acho que são fases menos boas e todas as fases não são permanentes. Passarão.Temos de ter esperança. São os homens que fazem o futuro...
Mas,a genialidade deste candidato está na sua perplexidade, iniciativa e um imenso sentido de vida.

14 de setembro de 2009 às 19:42  

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