Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

domingo, 8 de agosto de 2010

PORTUGAL VAI-SE SURPREENDER A SI PRÓPRIO


Há qualquer coisa que me começa a fazer intuir que este Portugal -já várias vezes improvável ao longo dos tempos-, se vai voltar a surpreender a si próprio e ao mundo que sabe que ele existe. É tal esta minha intuição que vou ao ponto de crer que do inconformismo e da pequenez que nos é latente e inerente, resultará em breve a liderança forte e visionária que, a todo o custo, saberá impor a separação do modelo de desenvolvimento que serve o País -entre o hoje e o longo prazo- do poder político que já só existe em médias abaixo dos quatro anos (Legislatura), sobretudo para se garantir a si próprio, não conseguindo já assistir ao Povo e à sua Nação, com excepção da pouca gente com dimensão de Estado que vai cintilando de quando em vez, no nosso escuro colectivo de apáticos insolidários.


Com o desgaste inevitável do actual projecto político no poder que já foi ambicioso e corajoso (Sócrates não disfarça o desgaste mas também não inibe a teimosia e a persistência no seu projecto político, o mais atacado da nossa existência democrática e, ainda assim, menos atacado que ele próprio) ao ponto de nos vir a deixar várias saudades e que continua a demonstrar tenacidade e teimosia, apesar de estar a ser literalmente comido por dentro (por um passado de compromissos), comido por fora (por um planeta quase inteiro em contracção), comido por todos os lados (por falta de ética ou por ausência de identificação nacional, até demonstrada por alguns lá fora contra nós próprios. Sem dimensão para ter sido vergonhoso, ficou-se por ser baixo, constrangedor até. Nem sequer foi um pequeno passo na direcção por eles ambicionada), vai-nos apenas restar, se calhar em boa hora, sermos definitivamente inovadores na reforma profunda do País, sabendo desde já que uma primeira certeza é a de que teremos de viver mais pobres por, pelo menos, uma década.


Estamos a viver uma época sofrida em que a crise tudo explicaria mas não, sofremos o peso de ter visto classes profissionais a crescerem desmesuradamente, perdendo competências e vocações pelo caminho, mas ganhando por meros artificialismos políticos insuflados ao longo das alternâncias legislativas e das necessidades de populismo, uma imensa dimensão sindical que poderá colapsar. É a mesma época em que existem por todo o Portugal e já há tempo demais, muitos filhos de uma grande inimputabilidade que tudo fazem, o mais claramente que sabem e podem para que pareça uma manifestação de poder. Assim, ficam protegidos nos lobbys que servem ao mar -mediano-mau- de gente em que também nos podemos ainda tornar, se não reagirmos a esta mole de gente de um boçal viver, num baço brilho em que se está a tornar a imagem da nossa Justiça, a comportar-se como a outra, a que sempre estraga o casal, formado pelo Estado de Direito e a Pessoa de Bem.


Se mais falta (ainda) para concretizar o salto para o basta-de-vez, então não seremos Raça não seremos nada; nem Afonso Henriques foi mais do que um dissidente da mãe; nem os Templários tiveram a ajuda do Povo de Portugal para arrancarem às Descobertas; nem é verdade que o 25 de Abril não se fez só por causa dos capitães milicianos na sua reacção em frente unida; nem mereceremos as empatias que ainda crescem, cultivadas por todos esses povos mundo fora que colonizámos com um só forte, uma só igreja, uma só loja, em cada baía, mais armados com o desenrasque do que com o resto. Sabemos agora perceber que já só nos resta o último acto como País antes da miscigenação na mega região do Litoral Atlântico-Ibérico que nos preservará no mundo e nos dará do Atlântico a melhor varanda e, a partir dela, as relações com todos os que também souberem continuar a falar Português a este nosso mar comum.


Se este País ainda tem alguma magia, esta será revelada no pulo para este basta suficientemente colectivo, alimentado pelas boas naturezas agora sim, dos positivismos que também os temos ou não fossem quase 900 anos prova de Povo que sabe ser mesmo, quando a aflição lhe chega aos joelhos e continua a subir. Nunca estivemos mais perto de defender que a solução para o futuro próximo é aliar princípios, prioridades e objectivos corajosamente revistos na Educação, na Saúde e na Justiça com os da Poupança, irmanados com a produtividade. Assim, seremos também sustentáveis e competitivos, credíveis, além-fronteiras e responsáveis perante as gerações à nossa volta. Teremos que poupar nas grandes realidades como as da Máquinas Pública, Política e Autárquica mas também nas menores quotidianas como no consumo de água e energias, ou nos produtos estrangeiros que não sejam imprescindíveis à existência e poupar nas obras de regime e burocracia.


Para não ficarmos nacionalmente depressivos, compensamos desde já tanta poupança com a aposta inabalável no que pode nascer bem num País tão pequeno como o Turismo de qualidade, exclusivo, temático, profissional; a Gastronomia incopiável, a começar pelas nossas sopas (únicas no mundo) e acabando nos doces conventuais, esses patrimónios mundiais só por confirmar; nos vinhos que já ganham mais prémios per capita que quase todo o mundo; na cortiça, a conquistar sucessivamente novos mercados; na Arte que se canta com voz do fado ao creoulo, ou se toca em notas de carrilhão, ou se escreve, se pinta e se esculpe, se traduz em projectos de arquitectura ou na combinação em museus que se convertem em pilares de Cultura integráveis em roteiros Europeus e Mundiais e, pasme-se, geram receitas acima das de uma Autoeuropa, essa montra de produtividade num País que, incrivelmente, ainda consegue sobreviver sem tal.


Aposta-se no maior mar da Europa à superfície mas também no leito que será de muitas das riquezas e energias neste século. Aposta-se numa das melhores combinações de luz e temperatura amena do mundo e no vento que nos pode captar regatas mundiais ou o futuro dos moinhos eólicos. E, aposta-se noutra benesse que não temos merecido por que não temos educação como País (formação) para isso: as novas tecnologias competitivas que mesmo assim por cá acontecem em realizações quase incríveis. E aposta-se, por fim, mas por isso mesmo antes de mais, na Educação a um nível que ponha pelo menos uma das nossas Universidades entre as primeiras 100 do mundo, e na Língua, na Cultura e na afirmação mundial da Lusofonia. A minha intuição está em linha com os apelos à liderança para um novo modelo de País e de Estado que cada vez são menos esporádicos e cada vez são mais frequentemente defendidos por algumas dessas poucas figuras com dimensão de Estado que acreditam, mais do que ninguém, na capacidade que como colectivo poderemos entrar (para contrariar um dos piores momentos do país nos últimos 100 anos) a tempo nessa nova Era em que mais do que um País viável, poderemos ser a nova Região Atlântica e uma das Capitais da Lusofonia.


Que os nossos filhos mereçam tamanha sorte e possam reconhecer que afinal sim, quando à última foi preciso, soubemos fazer a diferença colectiva, naquele longínquo início da segunda década deste século de todos os futuros e que conseguimos então, quebrar a malapata de Nação adiada.





Não devemos deixar que os nossos medos nos impeçam de perseguir as nossas esperanças
(JF Kennedy)

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