109P/Swift-Tuttle
Gosto de olhar o céu, seja qual for a hora do dia. Fixar as nuvens que deslizam lentamente nessa imensa tela -é sempre uma descoberta fascinante- já que cada forma nos parece um desenho de forte criatividade. Assim, a tela transforma-se numa galeria aberta onde centenas de obras (chamo-lhe as farófias do céu) passam livremente pelos nossos olhos, provocando a imaginação perante a oferta tão sedutora e criativa.
Mas, sem dúvida, é à noite que o o tecto que nos abriga neste planeta transparente é mais exuberante e mágico, renovando (descaradamente) a provocação de o admirar e de, olhando-o atentamente, tentar passar para lá dos brilhos que parecem espiar-nos. À janela, ou no jardim, renovo o prazer de acenar às estrelas com a patética inocência de pensar que com este movimento estou a interligar-me com o Universo. Olho o céu com frequência embora poucas sejam as vezes que sinta ser bem sucedida. É mesmo raro. As noites de veludo, salpicadas de brilhos, estão a ser cada vez mais mais difíceis de encontrar.
Tento aprender com Máximo Ferreira, através dos seus programas na Antena 1, o mais possível. Sinto que não passei, ainda, do primeiro degrau de uma infindável escadaria, mas não desisto. Sempre pensei que, pelo menos, uma das estrelas brilha para mim. E foi assim, com esta paixão pelo Universo, pela astronomia, que em finais de 1992 (quantos anos!), por "culpa" de Máximo Ferreira apanhei uma das minhas maiores desilusões nocturnas (e uma gripe de peso), neste meu filme de espiar os Astros.
Foi por ele, pelo programa, que soube que a 11 de Agosto a esteira do cometa Swift poderia ser vista. Foi uma excitação total, já que este cometa, descoberto em 1862 por Lewis Swift e Horace Tuttle, só voltaria a ser visto em 2126. Andava tudo à espera dessa magia nocturna. E, por ter sido tão especial, tão publicitada, recordo a experiência. Melhor, a tentativa de experiência.
Não me lembro de conhecer o tal cometa até que fui alertada para a sua passagem. Não o conhecia, é verdade, mas nunca mais o esquecerei, nem mesmo no ano de 2126 se, por qualquer capricho de outras vidas, voltar à Terra. E, talvez aí, consiga não perder as 100 mil estrelas de Perseu, numa chuva brilhante que, se a tivesse visto em 92, já me teria iluminado a vida e a alma.
Nessa noite o que eu tentei, mas como tentei! Sem resultado. Dos traços luminosos coloridos a uma média de 100 mil por hora, que seria, segundo diziam os peritos na matéria, o acontecimento astronómico do século, com muito, mas muito boa vontade, talvez tenha conseguido ver um clarãozinho e nada mais que isso.
Talvez, porque certezas sobre a centena de milhar de poeiras que rasgariam o escuro, nada! Era meia-noite e já eu estava debruçada na varanda olhando o céu que, por capricho dos deuses, estava envolto numa neblina e, ainda por cima, gélida. Era uma hora e vestida para abraçar o Alasca, lá continuava firme no meu posto. Duas da manhã.Três da manhã (pareço As Doce) o mesmo frio e o mesmo cinzento.
Gelada, desanimada e triste, decido olhar bem para dentro daquele nevoeiro numa noite imprópria para brilhos. Tanto nevoeiro! Seria que dando corpo à lenda D. Sebastião surgiria numa noite tão esperada? Mas nada, nem o Rei, nem um ET, nem Pégaso, Cassiopeia, nem Marte, nem sequer a Lua.
Não me lembro de conhecer o tal cometa até que fui alertada para a sua passagem. Não o conhecia, é verdade, mas nunca mais o esquecerei, nem mesmo no ano de 2126 se, por qualquer capricho de outras vidas, voltar à Terra. E, talvez aí, consiga não perder as 100 mil estrelas de Perseu, numa chuva brilhante que, se a tivesse visto em 92, já me teria iluminado a vida e a alma.
Nessa noite o que eu tentei, mas como tentei! Sem resultado. Dos traços luminosos coloridos a uma média de 100 mil por hora, que seria, segundo diziam os peritos na matéria, o acontecimento astronómico do século, com muito, mas muito boa vontade, talvez tenha conseguido ver um clarãozinho e nada mais que isso.
Talvez, porque certezas sobre a centena de milhar de poeiras que rasgariam o escuro, nada! Era meia-noite e já eu estava debruçada na varanda olhando o céu que, por capricho dos deuses, estava envolto numa neblina e, ainda por cima, gélida. Era uma hora e vestida para abraçar o Alasca, lá continuava firme no meu posto. Duas da manhã.Três da manhã (pareço As Doce) o mesmo frio e o mesmo cinzento.
Gelada, desanimada e triste, decido olhar bem para dentro daquele nevoeiro numa noite imprópria para brilhos. Tanto nevoeiro! Seria que dando corpo à lenda D. Sebastião surgiria numa noite tão esperada? Mas nada, nem o Rei, nem um ET, nem Pégaso, Cassiopeia, nem Marte, nem sequer a Lua.
Hoje, no meu ritual de olhar o céu, encontrei quase o mesmo frio, o mesmo nevoeiro, o mesmo cinzento que em 1992 me deixou desanimada. Talvez por isso lembrei-me do cometa que me agitou a noite. Consumiu-me a paciência, confesso.
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