O QUE É UM MENINO?
Por muito que pense e se decida a responder desculpe-me, mas por mais inspirado que seja, seguramente, não vai rivalizar com Alan Beck que, deliciosamente, se pronunciou sobre o tema. Duvida? Então leia. Saboreie (calmamente) esta delícia.
Os meninos surgem em tamanhos, cores e pesos sortidos. São encontrados em vários locais: em cima, em baixo, dentro, subindo, balançando, caindo, correndo ou pulando. As mães adoram-nos, as meninas pequenas, nem sempre, as irmãs e irmãos mais velhos, toleram-nos. Os adultos, por vezes, ignoram-nos e o Céu protege-os.
O menino é a Verdade, às vezes com a cara suja, a Sabedoria com os cabelos desgrenhados e a Esperança no futuro com cinco tostões no bolso. O menino tem o apetite de um cavalo, a capacidade de digestão de um faquir, a energia de uma bomba atómica de bolso, a curiosidade de um gato, os pulmões de um ditador, a imaginação de Beethoven, a timidez de uma violeta, a brusquidão de uma armadilha, o entusiasmo de guarda-redes e, quando faz alguma coisa, fá-lo como se tivesse cinco polegares em cada mão.
O menino gosta de sorvete, farturas, algodão doce, Natal e histórias aos quadradinhos. Gosta do menino da casa da frente, de pedaços de pau, de água por todos os lados, de girafas, do Pai, de eléctricos, dos sábados e dos carros de bombeiros.
Não gosta muito das aulas de catecismo, nem da escola, dos livros sem bonecos, das lições de música, dos barbeiros nem das gravatas, meninas, casacos adultos nem na hora de dormir.
Com o passar dos anos o menino acabará por ser o que se levanta mais cedo da mesa do jantar e será o que a ela chega mais tarde. O menino é uma criatura dotada de poderes mágicos –podemos fechar o escritório para ele não entrar, mas não o conseguimos impedir que ele entre nos nossos corações-.
Podemos corrê-lo da sala de visitas, mas não o conseguiremos afastar do pensamento. E, para falar com sinceridade, já é altura de confirmar que ele é o nosso patrão, guarda, chefe, o “manda-chuva”.
Esse pedaço de gente, barulhento, de cara sardenta (ou não), mas com uma maneira tão doce de olhar. Quando se chega a casa, à noite, carregando os destroços de sonhos e esperanças, ele consegue juntar todas essas partes com duas palavras mágicas:
-Olá, mamã!
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