Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

domingo, 13 de julho de 2008

O CRESCER DA BUGANVÍLIA


Sempre que passava por um muro coberto pelo esplendor de uma buganvília florida (fosse qual fosse a cor), dizia para mim própria que tinha, urgentemente, de comprar uma. E, comprei! Escolhi-a com cuidado, com a minúcia (exagerada) de quem parece avaliar um prédio. Agarrei nela com satisfação, esquivei-a à força do vento que agitava os verdes da sétima vila mais bonita do mundo (Sintra) e, com o corpo, protegi a pequena flor que iria plantar no meu jardim. Este ritual era feito pela quinta vez já que as anteriores tentativas não foram coroadas de êxito, mas desistir não pertence ao meu estilo de vida. Por isso, já sabia que a buganvília deveria ser plantada dentro do próprio vaso, sem deixar as raízes expostas. Assim fiz. Escolhi um lugar ao Poente, terra especial, vitaminas. Remexi com cuidado e depositei -cerimoniosamente- o vaso com o fundo cortado. Olhei para a terra húmida e pensei: será desta?


Depois da nova tentativa voltou o ciclo de espiar diariamente o crescer da buganvília. Quase lhe escutava o respirar desse crescimento e a força das raizes a agarrarem-se à terra. É aí que reside o fascínio da jardinagem; a calma, o tempo que não se apressa, o silêncio, o prazer da descoberta. O saber entender a chuva, o Sol, o vento e o calor. Estar segura quando se rega, se aduba, se cortam as ervas daninhas que ameaçam a nossa preciosidade. Passaram-se anos. Muitos. Foi quase uma epopeia mas a trepadeira de cor outonal (lindíssima) ainda hoje mora e floresce no cantinho do meu espaço florido. E o deleite quando a olho e a trato nunca diminui, apesar de já se terem passado várias Primaveras, após o bem sucedido monólogo entre mim, a terra e a trepadeira. Foi bom vê-la crescer ao Sol e quando, agora, no auge da flor esta fica como uma cascata de cor, reconheço que tinha toda a razão quando pensava: tenho de comprar urgentemente uma buganvília. Há mais de 20 anos que me sento frente a ela e penso, choro, rio, leio, olho, entro no Universo e sinto-me sábia, feliz, com a minha companheira colorida.



As rosas irmãs, na terra das estrelas, são mais lindas nos olhos do que na mão
(Álvaro Moreyra)



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