PASSEIO À CHUVA
Era domingo, o sol rompia por entre nesgas de nuvens naquele dia ameno, apesar da chuva miudinha que caía. Não havia agressão climática, sentiam-se apenas as nuances do tempo numa indefinição outonal. Olha, já vai com os copos... ouvi alguém dizer atrás de mim enquanto tomava café no balcão de uma pastelaria. Não resisti e olhei para a rua onde uma senhora de idade, de cabeça branca, de passo firme e vigoroso -mesmo com alguma imponência na sua fragilidade-, passava indiferente ao que a rodeava. Reparei que ia de fisionomia sorridente e, apesar da chuva, levava a sombrinha fechada. Não sei se iria com os copos, nada transparecia. Apenas o seu bizarro passeio, alheado e divertido, sob a cadência de uma chuva apetitosa que, talvez, lhe lavasse a Alma e lhe suspendesse amarguras ou memórias. Fiquei a olhá-la e a lembrar o comentário feito. Mas, que sabemos nós da solidão ou da alegria de uma senhora idosa a quem, provavelmente, se esqueceram de amar?
(Albert Einstein)
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