Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O MEDO ATORDOA A LUCIDEZ


Por vezes somos levadas a dizer: Ah! A Carminho é uma mulher sem medo, a Berta nem se fala! O Coutinho é audaz a tempo inteiro e o Gustavo é um destemido, um temerário. Errado. Nenhum dos citados é isento da sensação de medo porque ela faz parte da sensibilidade humana. Já testemunhei a palidez mortal de pára-quedistas, à porta do avião, na altura do lançamento; todavia, dado o passo para o vazio, venciam o temor. Vi homens nas linhas da frente, nos combates em Angola, na Guiné, e o pânico estava lá, no coração, nos nervos, na alma. Mas, a partir do momento em que intervinham, modificavam-se. Testemunhei o pavor de alguns toureiros antes de pisarem as arenas- o que me apetecia era fugir daqui para fora-, desabafou, um dia, um nome de cartaz, horas antes de entrar no redondel, quando me dava uma entrevista. Horas depois, nos médios, levou a praça ao rubro quando lidou o touro que lhe coube em sorte. Vestido de seda e ouro, era a imagem inebriante da coragem, da arte e do valor.


Ao lado de pilotos da Fórmula I, testemunhei como se concentravam em verdadeiros exercício de profunda interiorização, antes de se sentarem nos seus bólide (já noutra dimensão) e conseguiram vitórias estonteantes. Estive com 12 leões, ao lado do maior domador da época, o espanhol Angel Cristo, e não sei quem é que fechado na jaula teve mais medo. Quase que apostava que era ele porque eu, numa mescla de inconsciência e pânico, entrei em piloto automático, não encontrei espaço para pensar! O medo existe tanto nos que na vida têm profissões de alto risco como nos que, pacatamente, apanham comboios e se preparam para um dia-a-dia sem sobressaltos.


O medo está com a mãe prestes a dar à luz, com a jovem que deixa pela primeira vez a casa de seus pais ou com aquela que enfrenta uma separação inesperada! Só que todas elas, chegado o momento de enfrentarem os seus pavores, recorrem, por vezes sem se aperceber, à fonte da força interior e dão o passo em frente. Cada ser humano encerra em si uma força imensa, poderosa; só que, por vezes, é esquecida.


O medo é o pior dos conselheiros.
(Alexandre Herculano)

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