SARKOZY NÃO É TÃO “POP” COMO PARECE!
Nicolas Paul Stéphane Sárközy, advogado, actualmente o 23º Presidente de França e co-príncipe de Andorra, eleito em 16 de Maio de 2007, assumiu a 1 de Julho de 2008, até ao fim do ano, a presidência rotativa da União Europeia. O testemunho foi-lhe passado pela Eslovénia, depois de ter estado em Portugal e na Alemanha.
O inicio da presidência francesa da EU -sob o slogan Você Está Impaciente, nós Também, foi assinalado com a mudança de cores da iluminação da Torre Eiffel que de luzes amarelas passou a ostentar e a piscar pelos céus parisienses luzes azuis com estrelas douradas-, vai ser um desafio à capacidade de Nicolas Sarkozy de salvar a Europa! Ele sabe que não vai ser fácil, mas recusar desafios não pertence ao seu perfil político. Assim, é possível que recolha êxitos e triunfos nas propostas apresentadas, nos obstáculos a vencer e nas cimeiras a realizar futuramente com a Rússia, China e Brasil.
Há quem defenda que a transição foi na altura certa. Há, por outro lado, quem diga que não; o presidente atravessa uma fase onde as sondagens estão muito baixas, o que é revelador a vários níveis. E há, ainda, aqueles que, embora tentem, não conseguem deixar de ver em Sarkozy um bon vivant, um hiperactivo, um homem charmoso que, parece, encanta os franceses e, simultaneamente, desespera-os!
Com um baixo índice de aprovação nas pesquisas, o presidente seguiu conselhos de vários conselheiros, incluindo os da sua actual mulher, Carla Bruni (já foi casado com Marie-Dominique Culioli e Cécilia Ciganer-Albéniz) e, presentemente é mais presidencial em público e aparece com menor frequência. O desfile de amigos ricos e relógios extravagantes foi largamente substituído por discrição, seriedade e aparições cuidadosamente preparadas.
-Ele fascina a todos, diz um amigo que o conhece bem. É apaixonado, e polariza as pessoas.
Embora Sarkozy não tenha (ainda) conquistado totalmente os franceses e a Imprensa, a verdade é que o Chefe do Estado francês não caiu no Eliseu de pára-quedas. Vejamos, num resumo brevíssimo, a sua trajectória:
Desde 1974 que esteve envolvido na política. Exerceu a advocacia a partir de 1981.Em 2006, acumulava os postos de presidente da UMP, ministro de Estado, encarregado do Interior e da Organização do Território e presidente do conselho geral do departamento dos Altos do Sena, além de conselheiro municipal de Neuilly-sur-Seine, de cuja Câmara foi presidente, de 1983 a 2002. Foi o candidato de seu partido, UMP, para as eleições presidenciais de 2007, e qualificou-se para a segunda volta, que ocorreu no dia 6 de Maio de 2007, onde acabou por vencer a sua difícil e carismática rival, Ségolène Royal.
Portanto, os que defendem que a transição da presidência rotativa da Eslovénia (que esteve bem) para a França foi a cereja sobre o bolo, isto é: na hora certa, têm razão. Porquê? Por que o não da Irlanda, no referendo ao Tratado de Lisboa, fez estremecer o tabuleiro de xadrez onde jogam 27 parceiros que, uma vez mais, o resultado de um referendo fez baralhar todas as peças. Assim, não sei se a Europa consegue alcançar a meta ambicionada, há mais de 50 anos. Sobre a crise trata-se essencialmente de não ter ainda um modelo de governação Europeia (apesar da União Política ter sido formalmente declarada já há muito) e, por isso, tem-se visto de vez em quando exposta a procedimentos específicos de um ou de outro país, sobre um ou outro tema, mais ou menos polémico, que inviabilizam a tão necessária governação. A Irlanda ter feito o referendo não é o problema até porque se o resultado tivesse sido sim não era, seguramente, considerado um problema!
O problema é a UE ainda ter que admitir que a Irlanda (ou outro país da UE) tivesse ainda que fazer um referendo sobre este tema ou temas de natureza similar. Sarkozy tem que vencer esta barreira que faz com que alguns países ainda queiram manter para si determinadas autonomias governativas que já só deveriam caber à UE. Não se trata de perda de identidade mas, sim, remarem todos para o mesmo lado. Sermos coesos. Fortes. Determinados e com Poder. Trata-se de um assunto polémico mas ou faz-se, ou admite-se a UE adiada.
Se alguma presidência poderia aceitar agora esta batalha era a de Sarkozy porque França tem força, ele tem postura para esse desafio e, quanto à polémica, saberá degustá-la. Assinale-se ainda que não se mostrou nada intimidado com a situação da Irlanda e o não da Polónia, que de um dia para o outro já ajudou a transformar num talvez que é uma boa indicação de que poderão ambos os países chegar ao enfin, oui. Sarkozy sabe que esta vitória o convertia do dia para a noite de político controverso num presidente com dimensão mundial. Tem seis meses para nos surpreender.
Sarkozy sabe disso. Ele defende que oTratado de Lisboa é um documento que considera essencial para continuar a abrir a porta do clube a outros países. Posição que nem todos os líderes apoiam
-Sem Lisboa não há alargamento, disse, convictamente, o Chefe do Estado francês que aguarda pela Cimeira de Outubro, onde espera a resolução do actual impasse.
-A primeira prioridade é identificar o problema com os eleitores irlandeses, disse o presidente que dentro de nove dias viaja para Dublin, para um contacto directo com o eleitorado da Irlanda e, se for bem sucedido, a Europa respirará fundo. A partir daí, tem de mostrar o que vale. E, vale muito mais do que parece.
O resultado negativo do referendo, imperativo constitucional em vigor na Irlanda, fez parar por meses o avanço da Europa; o provável não da Polónia agudizará a situação. Sobre o assunto o presidente francês assegurou não duvidar por um momento de que o seu homólogo polaco, Lech Kaczynski, cumprirá o compromisso e irá ratificar o Tratado de Lisboa.
-Não posso imaginar que o presidente que assinou o documento em Bruxelas e em Lisboa ponha em causa a sua própria assinatura, disse Sarkozy, quando questionado sobre as recentes declarações de Kaczyinski.
-Evidentemente que vamos discutir com as autoridades polacas e, sem dúvida, ao mais alto nível, para encontrar uma saída para esta situação, declarou à Imprensa o porta-voz do ministério, Eric Chevallier.
Se nos lembrarmos que 27 países (ou mais) reunidos num bloco onde uns puxam para um lado, outros para outro, o resultado nunca será brilhante. Não podemos esquecer que, todos, têm direito a emitir a sua opinião, é a partir dela que se afirma a democraticidade europeia.
A tarefa não vai ser fácil para Sarkozy. Para além da crise institucional, a presidência francesa é obrigada a fazer face a uma crise económica. Ela não é apenas europeia, é certo, mas os europeus sentem-na diariamente. Outra das prioridades é a luta contra a imigração ilegal. Na reunião informal dos ministros da Justiça, agendada para 7 e 8 de Julho, em Cannes, a presidência francesa deverá apresentar o seu Pacto para a Imigração. Um texto que visa uma imigração escolhida e que tem como contrapartida a ajuda ao desenvolvimento dos países de origem.
O Chefe de Estado francês, como já disse, tem seis meses para surpreender o mundo. Aguardemos. Ele é um político que também sabe usar as vias certas da comunicação e, no site do governo francês, não esqueceu os internautas:
Chers internautes,
Je vous souhaite la bienvenue sur le site de la présidence française du Conseil de l'Union européenne.Les défis climatique, écologique, migratoire, alimentaire, sanitaire, économique ou financier constituent aujourd'hui des enjeux de toute première importance. Ils sont au cœur des préoccupations des citoyens européens qui attendent de l'Union européenne des réponses fortes et concrètes.Pour répondre à cette attente, l'Union européenne dispose de l'ambition et des atouts nécessaires. Elle est forte des valeurs qui depuis l'origine inspirent le projet européen et façonnent son identité dans le monde.
Le programme de la présidence française a l'ambition de répondre aux principales préoccupations des Européens, notamment concernant l'énergie et le climat, les questions migratoires, l'agriculture et la sécurité alimentaire, la défense et la sécurité. Au-delà, la Présidence française souhaite naturellement faire progresser l'action de l'Union dans tous les secteurs importants, à l'image des domaines social, économique, financier et culturel ainsi qu'au plan international.Afin de relever ces défis, la présidence française, au service de l'intérêt général européen, aura besoin du soutien et de l'engagement de chacun. Vous pouvez comptez sur ma détermination pour faire de cette présidence une présidence utile pour l'Europe et pour les Européens.
Nicolas Sarkozy, Président du Conseil européen
4 Comentários:
Vim aqui ter através do seu mail, para o Cruz Alta, mail esse que agradecemos como agradecemos a sua prestimosa colaboração. Sobre o seu blogue, é muito interessante mas carece de uma leitura atenta, o que vou fazer logo que tenha um tempinho livre, talvez logo à noite. Desejo-lhe um bom fim-de-semana.
Olá minha cara "amiga" posso chamar-lhe assim? Desculpe a ousadia mas fiquei tão contente e impressionada com as palavras k me deixou k não poderia deixar de lhe expressar o meu obrigasdo de uma forma carinhosa. Sarkozy...pois, pois...uma "individualidade"! Um beijinho para si. Obrigado pela visita se precisar de alguma ajuda com o blogue k possa prestar...disponha! bfsemana e mais uma vez agradeço.
É a Gui que estou a pensar? A amiga dos caezinhos? Se é, que bom. Adorei saber que está no activo. Caso não seja, tudo bem. Espero que goste da leitura e, apesar de pensar que amanhã vai chover, desejo um excelente fim-de-semana.
Sindarin,amiga,isto da Net é mesmo entusiasmante! Sem sairmos do lugar estamos em todos os sítios. Como foi agradável descobrir o seu blogue. O meu é só de escrita (e, olhe lá...) sou 100% naba, não sei fazer nada e essas suas maravilhas gráficas, encantam-me. Mas, o texto, a sensibilidade, a visão de A Papoila, são fascinantes. Gostaria de por o seu blogue (e outros que gosto) no meu dizendo A VER:
Nem isso sei fazer! Obrigada pelo contacto. Espero que o fim-de-semana seja apetitoso.
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