A CADA SEGUNDO NASCEM MIL SÓIS
...Não importa o nosso aspecto, aquilo de que somos feitos ou de onde viemos. Desde que vivamos neste Universo e tenhamos um talento modesto para a matemática, mais cedo ou mais tarde descobri-lo-emos. Já aqui se encontra. Está dentro de tudo. Não precisamos de deixar o nosso planeta para o encontrarmos. No tecido do espaço e na natureza da matéria, como numa grande obra de arte, encontra-se, em letras pequenas, a assinatura do artista. Erguendo-se acima de humanos, deuses e demónios, subsumindo zeladores e construtores de túneis, existe uma inteligência que antecede o Universo...
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...Observe, uma vez mais. É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Nela vivem ou viveram todas as pessoas que ama, todas as pessoas que conhece, todas as pessoas de que ouviu falar, todos os seres humanos que alguma vez existiram.A conjunção da nossa alegria e do nosso sofrimento, milhares de religiões confiantes, ideologias e doutrinas económicas, todos os caçadores e recolectores, todos os heróis e cobardes, todos os criadores e destruidores da civilização, todos os reis e camponeses, todos os jovens casais apaixonados, todas as mães e pais, crianças esperançadas, inventores e exploradores, todos os professores de moral, todos os políticos corruptos, todas as "super estrelas", todos os «líderes supremos», todos os santos e pecadores da História da nossa espécie viveram lá – numa partícula de poeira suspensa num raio solar...
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...Habitamos um Universo onde os átomos são formados no centro das estrelas, onde a cada segundo nascem mil sóis, onde a vida é lançada pela luz solar e acesa nos ares e águas dos planetas jovens, onde a matéria-prima para a evolução biológica é algumas vezes obtida de uma explosão de uma estrela na outra metade da Via-Láctea, onde algo belo como uma galáxia é formado cem biliões de vezes, um Cosmos de quasars e quarks, flocos de neve e pirilampos, onde pode haver buracos negros, outros universos e civilizações extraterrestres cujas radio mensagens estão até este momento a atingir a Terra...
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...Muito pálidas, pela comparação, são as pretensões das superstições e pseudociências; como é importante para nós nos dedicarmos a entendermos a ciência, este esforço caracteristicamente humano. Eu afirmo que existe muito mais maravilha na Ciência do que na pseudociência. E, além disso, em qualquer medida que este termo tenha algum sentido, a Ciência tem a virtude adicional, que não é desprezível, de ser verdadeira. Caso se explicasse a Ciência ao indivíduo médio de uma maneira que fosse acessível e emocionante, não haveria espaço para a pseudociência. Mas há um tipo da Lei de Gresham que estabelece que na cultura popular a Ciência ruim tira o espaço da boa.
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E penso que a culpa disso é, em primeiro lugar de nós, comunidade científica, por não fazermos um trabalho melhor de popularização da Ciência, e, em segundo, dos media, que é nesse sentido quase uniformemente terrível. Todos os jornais na América têm uma coluna diária de astrologia. Quantos têm uma coluna, ao menos semanal, de astronomia? E eu acredito que também é culpa do sistema educacional. Nós não ensinamos como pensar. Esta é uma falha muito séria que pode até, num mundo equipado com 60.000 armas nucleares, comprometer o futuro da Humanidade...
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...A época mais excitante, satisfatória e estimulante para se estar vivo é justamente aquela em que se passa da ignorância ao conhecimento desses assuntos fundamentais; a época em que se começa na imaginação e se termina no entendimento. Em todos os 4 biliões de anos da história da vida no nosso planeta, e nos 4 milhões de anos de história da família humana, só a uma geração cabe o privilégio de viver este momento único de transição: essa geração é a nossa... Livros: O Ponto Azul-Claro e Contacto - C. S.
A ausência da evidência não significa evidência da ausência
(Carl Sagan)
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