A VARANDA QUE SUSSURRA MAGIA...
Esta foto não é igual às outras, às muitas que povoam as minhas lembranças, os meus álbuns ou os meus arquivos informáticos. Esta foto (banalíssima) tem voz! Olho-a diariamente, pausadamente e escuto-a em fascínio puro, autêntico e, aí, puxada pela máquina do tempo, elevo-me do agora e do aqui e estou lá, retirada do cenário envolvente e, suspensa num dos prováveis quatro mundos paralelos, sou ave, sou brisa, sou luz, sou eu, igual a mim própria. Não há limite nem abismos para o meu espaço. Para o meu voo. Não há nem bloqueios nem sequer angústias, apenas a minha essência resplandece com a intensidade do Sol ou a leveza dos anjos. Como sou imensa na minha fragilidade! Os humanos são assim: vertiginosamente poderosos envoltos em medos e dúvidas, desafiando a imaginação, desafiando limites quando ascendem a dimensões alucinantes e libertadoras.
Esta minha preciosidade fotográfica fixa (não sei o autor) o Hotel de Bolama (Guiné), o hotel do sr. Patricío -simpático, profissional, bonacheirão e amigo- onde eu jantava diariamente e foi num dos seus quartos que dormi pela última vez quando pisei a terra da divina e encantatória Bolama de brisas como cestos abertos de frutas tropicais. Vou imaginar o último jantar, a última noite, o olhar para a bagagem de partida que me deixaria na manhã seguinte no aeroporto de Bolama, daí para Bissau e, finalmente, Lisboa.
Hoje não é noite para Mozart, não chega. Opto por Chopin, a sua magia entende melhor a minha saudade amarrado a um tempo que não quero perder. Hoje, é noite para me sentar numa das mesas verdes (de ferro) da esplanada do Hotel do sr. Patrício e fixar aquela varanda majestosa que tem o poder de acalmar a tempestade de uma saudade que, frequentemente, me agita, me provoca, me deixa em perigo ou me sussurra magia...
http://www.youtube.com/watch?v=tvm2ZsRv3C8
Etiquetas: Bolama - Guiné
7 Comentários:
Passei por lá há poucos anos e infelizmente não foi esta a imagem que vi... Deu-me uma certa nostalgia, até por imaginar o que foi...
Um abraço.
Olá, boa noite. Conheço o seu sorriso do blogue da Ana. Estarei enganada? Obrigada pelo comentário. Está degradado? Que pena. Sabe, aquele hotel era uma história viva de muitas histórias. Fui testemunha de tantas! Vou imaginá-lo sempre mejestoso.
MEB,
O hotel já é só uma ruína. Lamento.
Eu e a Mónica dormimos uma noite em Bolama numa casa que também devereia ter sido linda e majestosa, mas que agora estava tão degradada ... acho q só dormimos bem, com paredes partidas, portas rachadas, porque o cansaço da aventura que conto no meu blog era imenso.
E que tal escrever umas histórias desse hotel, das pessoas que por lá passaram?
Beijinhos
É tão dura a frase, o hotel é já só uma ruína, que dentro de mim há uma tendência para recusar a verdade. Tem razão. Ele está mais vibrante do que nunca. Vou contar uma história. No blog. Obrigada, Ana. Vou vestir a minha tristeza de magia...
MEB,
De facto, é só uma ruína... Cheguei a fotografá-lo, mas acho que a foto não lhe deve interessar... As memórias devem manter-se intocáveis.
Beijinhos.
Obrigada Mónica. Tem razão. Custar-me-ia imenso fixar uma ruína das minhas memórias. Vou ficar assim a fingir que agarrei o passado... Beijinhos
Pois, regressei da minha viagem a Bolama. Vi esse, hotel, está todo em ruínas agora.
Quando disseram que lá actuou Amália admito que é dificil de acreditar!
Estava a ver a foto que tirei desse Edificio e a imagem que tem no seu blog, digo-lhe que quase não se veem as semelhanças. É como se fossem duas coisas completamente diferentes!
Um Abraço **
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