Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

domingo, 22 de novembro de 2009

NO DESERTO, É TEMPO DE DAR TEMPO AO TEMPO!


Existem momentos duros nas nossas vidas em que sentimos estar a enfrentar uma penosa travessia no deserto. São tempos difíceis, geralmente solitários e depressivos e faríamos tudo para que eles não acontecessem. Na ânsia de querermos quebrar solidões ligamos para uns, escrevemos para outros, mendigamos por migalhas de amor e carinho, pelo calor humano, por afecto. Enganamo-nos, fingimos que as pessoas estão interessadas em nós quando na verdade centralizam tudo nelas. Viramos objecto de cobiça, de endeusamento, de bajulação e, por vezes, de maus tratos. Tudo isso com a nossa permissão porque deixamos o outro invadir a nossa vida, a nossa mente, o nosso corpo, a nossa alma, o nosso espírito. Violentamo-nos por não querermos aceitar o deserto, por não querermos ficar só. Deserto, é o tempo de ficar só. É a interiorização em pleno. É o lugar de meditação, contemplação. É um lugar de escassez, onde os elementos vitais, como a água e o alimento, características básicas, quase não existem. O deserto é uma maldição? Depende do ponto de vista, do ângulo em que se olha. Deus ama-nos e quer falar connosco, por isso leva-nos à imensidão e ao silêncio do deserto? Parece antagónico! Mas, não é. Precisamos de saber encontrar-nos connosco próprias e no deserto não temos tempo para nos dispersarmos, e o que nos parecia fundamental sob a óptica do deserto, vira futilidade. Basta o essencial, a palavra só por si diz tudo: essência.


Só há um deserto que não é bom na nossa vida: o deserto da quebra de valores, de princípios, do pecado, da rebelião. Deserto, é tempo de ser alimentado por Deus e não por homens; tempo para ouvir, para meditar, tempo para estar calada. Tempo de dar tempo ao tempo. Tempo de ser fortalecida e curada. Sarada das mazelas que o mundo e os outros nos causam. Como é difícil ser amada! (poderá pensar frequentemente). Amar? Amar é fácil! Você entrega-se, dá-se, torna as suas 24 horas em 48 h. ao esperar aquele telefonema, aquela mensagem, aquele olá. Não consegue pensar em mais nada. Não se importa com a saúde física nem mental, o corpo está abatido, sem tonicidade, sem garra. É tempo para parar, pensar e decidir. Devemos lembrar-nos que alimentar o corpo e a alma não pode ficar a mercê de ninguém. Mesmo que o outro não nos queira, não nos ame, nos engane, nos provoque desilusão e tristeza, iremos sobreviver. Amor, é algo que só é possível dar quando se tem. Se o outro não tem para si mesmo, como vai ter para si? Não tenha medo da solidão, lembre-se que no meio do ameaçador deserto também há os verdejantes oásis: água fresca, palmeiras, flores, sombras para esconder a intensa luz e o imenso calor do Sol abrasador. Que possamos passar pelos desertos das nossas vidas, fazermos as necessárias e solitárias travessias, sem perecermos mas sairmos de lá fortalecidas. Em paz connosco e com o Universo. (Maria Dirce Barcelos)

*


Uma vida é uma obra de arte. Não há poema mais belo que viver em plenitude
(Georges Clemenceau)

4 Comentários:

Blogger Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida M.Elvira,

A solidão é um tema muito abrangente e simulneamente polémico.

Concordo com o autor do texto, no seu essencial.
Não devemos estar totalmente dependentes de outrem, contudo a solidão que às vezes nos é essencial, pode ser dolorosa noutras circunstâncias.
Eu pelo menos assim o sinto.

Beijinhos

24 de novembro de 2009 às 18:31  
Blogger MEB disse...

É mesmo assim, amiga. A solidão muitas vezes é tudo, outras vezes é nada. Ás vezes desejada, outras, nem tanto. A solidão que ensina e nos abre os caminhos da mente, é boa. Enriquecedora. Acho que a autora também tocou nesse aspecto.
Gosto muito de si, Ná
Beijs

25 de novembro de 2009 às 19:28  
Blogger Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querida amiga,

Vim visitá-la e encontro um elogio de todo o tamamho que só posso retrubuir, com a máxima sinceridade.
Gosto muito de si, M.Elvira.

25 de novembro de 2009 às 22:20  
Blogger MEB disse...



Este contacto entre blogers, esta ligação que se vai cimentando, este lado bom entre pessoas que se comunicam, é um das realidades fascinantes da Internet
Bijs

25 de novembro de 2009 às 23:12  

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