Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A PAIXÃO DE HAWKING


No tempo em que dos céus de Londres (1942) caíam bombas destruidoras e as sirenes alertavam estridentemente a cidade, os abrigos enchiam-se pessoas em pânico. Nesses tempos difíceis nasceu em Oxford, a 8 de Janeiro, Stephen William Hawking, curiosamente 300 anos depois da morte do cientista italiano Galileu Galilei que, na sua época, desafiou os poderes instalados ao tentar demonstrar que a Terra não era o centro do Universo e que girava em torno do Sol.


Não se pode dizer que na infância fosse fácil admitir que o jovem seria, anos mais tarde, um astrofísico mundialmente conhecido e respeitado até por que Hawking não foi um aluno brilhante nos primeiros anos de escola (Einstein também não), chegando a ser o penúltimo da aula. Todavia, essa pontuação na escala de apreciação não impediu que aos 17 anos, na Universidade de Oxford, tivesse no final do curso de física (a ideia inicial era a matemática) uma excelente nota. É na Universidade de Cambridge que conclui o curso de física teórica, onde se viria a doutorar e a exercer. Aí passa a dar aulas e a ser o responsável pela cadeira de matemática (pertenceu a Isaac Newton) e é eleito membro honorário.


Quando em 1963 patinava no gelo, Hawking dá uma queda que o deixa imobilizado. Mais tarde, aos 21 anos, é-lhe diagnosticada uma grave e rara doença degenerativa Esclerose Lateral Amiotrófica que paralisa os músculos do corpo embora poupe as funções cerebrais. Ano após ano vai perdendo o movimento dos membros e fica sem força para manter a cabeça erguida, podendo dizer-se que a sua mobilidade é quase nula


Casa-se (em 1965) com Jane Wilde (tem três filhos e, creio, um neto) mas a união acabaria por se desfazer. Quando estava em Genebra, em 1985, teve uma severa pneumonia. Os médicos aconselharam a desligar a máquina que o mantinha vivo, mas Jane não o permitiu. Levou-o para Inglaterra e, aí, Wawking foi submetido a uma traqueotomia. Milagrosamente o cientista recuperou, mas perdeu a voz.


Em 1995, volta a contrair matrimónio com Elaine Mason, que era a sua enfermeira. Wawking apesar do seu estado, consegue conciliar a vida familiar com viagens de estudo constantes que o levam num ritmo quase alucinante pelo mundo, dando aulas, fazendo conferências, participando em debates.


A situação física torna-se difícil, capaz de deixar qualquer humano, preso a uma cadeira de rodas para sempre, sem ânimo para se interligar com a vida mas, um dos mais consagrado físicos teóricos do mundo parece redescobrir fontes de novo entusiasmo e é dito por aqueles que o rodeiam que nunca o viram expressar qualquer espécie de revolta.


Hawking tem um senso de humor invulgar e saboreia todos os segundos da sua existência. Além disso, desafia a vida destemidamente. O seu desejo, ainda não concretizável, é ir a bordo do Enterprise, talvez em 2009, mas até agora tem feito de tudo: sobrevoar um vulcão, experimentar a ausência de gravidade. E já entrou num episódio da série Star Trek, participou num disco dos Pink Floyd e participou nos Simpsons, Futurama e Padrinhos Mágicos. Absolutamente imparável. Sempre projectos, sempre viagens. Tanto está no Chile, como no Alasca, Brasil, Argentina...



Aquele que é considerado por muitos como a inteligência mais notável, depois de Einstein (Deus não joga dados com o mundo, disse um dia e Hawking argumentou: Deus não só joga dados, como os esconde). O mais famoso cosmólogo do mundo, com investigação dedicada aos mistérios dos buracos negros, gravidade quântica e teoria da relatividade tem mostrado de forma prodigiosa como sempre enfrentou a sua deficiência Não há muito tempo teve problemas de coração. mas, uma vez mais, venceu a batalha.


Apesar de se ver confinado a uma cadeira de rodas, ao movimento de dedos (durante anos), que lhe permitiu escrever estudos, livros, cujas vendas ultrapassam os 16 milhões e foram traduzidos em 40 línguas, artigos e conferências, num sofisticado computador adaptada às suas necessidades –um teclado acoplado a um computador para controlar um sintetizador de voz, através do qual podia falar-. Wawking deixa todos rendidos à sua inteligência e entusiasmo.


Com o passar dos tempos e o avançar da doença o físico acabou por perder capacidades e deixar de poder usar o computador que, anteriormente, conseguia activar manualmente. Assim, passou a usar uns óculos com um dispositivo acoplado na armação. Através da movimentação dos músculos da face, Hawking pode desviar a direcção dos raios e, assim, controlar as letras que aparecem na tela de um computador.


A novidade revelou-se eficaz pois o físico consegue com este novo sistema escrever mais rapidamente. Aos 66 anos, apesar da doença degenerativa que enfrenta há 30 anos, continua a aprofundar os seus estudos e a estar atento ao que o rodeia. Não há muito tempo, como cientista, alertou os líderes mundiais para o grave risco que seria se o mundo entrasse numa era de armas nucleares e chamou a atenção para as drásticas alterações climáticas que o futuro nos reserva e as mudanças de comportamento e atitude que devem ser tomadas urgentemente.


Os seus cálculos para 2600, alertam para o excesso de população e como é uma pessoa positiva não quer pensar na possibilidade de exterminação da humanidade por uma guerra nuclear, por exemplo. Prefere dizer que continuaremos sozinhos, evoluindo rapidamente na complexidade biológica e electrónica. Pouco acontecerá nos próximos 100 anos mas, no final do milénio (se os povos o conseguirem), a diferença entre nós e a ficção será significativa.


A vida de Stephen Hawking é tão invulgar e tão fascinante que demonstra até que ponto ele é íntimo com a sua própria vontade. Passou dificuldades financeiras em adolescente. Aceitou a sentença da doença, teve problemas em impor-se, na sua cadeira de rodas, mesmo depois de formado. Tinha tudo para desistir, mas, curiosamente, foi a partir da sentença de ficar preso a uma incapacidade física que encontrou no Universo a força para nunca desistir da poderosa intenção de viver.


O Universo inquietou-o e fascinou-o. Continua a fasciná-lo. Um Universo indecifrável sobre o qual parece não existir total compreensão sobre a sua origem, num Universo infinito ou, apenas, enorme? Eterno ou só com uma vida longa? Dúvidas que lhe povoaram a mente e as certezas O Universo está a expandir-se, diz o físico.


Criou a radiação Hawking, demonstrou evidências, lutou para as provar, fez cálculos, oscilou entre o espaço-tempo e, em cada pesquisa, o Universo continuava a provocá-lo, desafiá-lo, por entre teoremas, buracos negros, mini buracos, modelo padrão do big bang. Hawking continua a fascinar-se intensamente pelo Universo. O tempo é o movimento do pensamento, por isso o físico britânico sempre agarrou, saboreou e aproveitou a vida. Não sabe até quando mas, apesar da paixão, não tem pressa nenhuma de ir tocar no Universo.

O mundo da ciência ofereceu-lhe o asteróide 7672 Hawking

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