Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

PERFEITA...PERFEITA


Tentar, pode, mas não adianta e, se pensar que será capaz um dia de agradar a todos, acabará desiludida. Mesmo que seja um modelo de virtudes; mesmo que entenda o sorrir do Universo e seja francamente tolerante, altruísta, generosa; mesmo que saiba de cor a vida e a obra de Madre Teresa de Calcutá e se emocione verdadeiramente com a descompostura dos acontecimentos que grassam no mundo e chegue ao ponto de chorar, frente aos noticiários que entram em sua casa e lhe agridem o coração e a sensibilidade.

Mesmo que domine a Teoria da Evolução de Darwin ( fascinante, actual e polémica) e seja uma curiosa permanente pela vida de Newton, Einstein, Lincoln. Mesmo que se emocione e se transcenda frente ao quadro de Dali -Cristo na Cruz- e sinta que a poesia de Florbela a eleva espiritualmente e a deixa a pairar noutras dimensões existenciais.

Mesmo que admire até à exaustão os voluntários, sempre presentes quando os infortúnios acontecem, em qualquer parte do Globo ou ao ao virar da esquina mais próxima, numa instituição que abre as mãos aos desprotegidos da sorte, em gesto de acolhimento, dizendo-lhes sem palavras: vocês, não estão sós.

Mesmo que se deslumbre quando se lembra que tudo começou com o pó das estrelas e dez mil biliões de biliões de átomos e seja uma acérrima defensora dos Direitos dos Homens, das Crianças e dos Animais. Mesmo que seja um sumatório positivo de inegáveis qualidades: trabalhadora, séria, fidelíssima, sempre pronta a ajudar, sem esquecer de sorrir, de cumprimentar, de agradecer.

Mesmo que faça bem e com gosto a reciclagem e troque as lâmpadas antigas pelas de baixo consumo. Mesmo que se esgantanhe toda para ajudar a marcha do mundo a tapar o buraco do ozono e contribua para a continuação viva da Amazónia e para instituições de solidariedade, além de ter os impostos em dia e uma árvore com o seu nome, na reflorestação do Gerês, seja madrinha de uma águia e esteja a pensar em defender as éguas da serra da Malcata.

Mesmo que humanamente não possa ser mais autêntica, mais perfeita (perfeita...perfeita), amiga, não vai conseguir agradar a todos!

Esopo, há 2500 anos, numa das suas fábulas escrevia essa impossibilidade, através de "O Velho, o Filho e o Burro". Ingenuamente tentaram, para não chocar a moral alheia, seguir as instruções que cada um, conforme iam passando, sugeria. Sem resultado, não conseguiram encontrar a solução que contentasse todos. Cada cabeça, sua sentença.

Mas que isso não seja impedimento para ser cada vez mais perfeita(perfeita...perfeita). O importante é que a sua conduta esteja dentro dos padrões e dos códigos de valores que a sua consciência aprova. Não se atire ao mundo para ganhar a guerra, conquiste (por vezes) uma batalha e já está a ser uma boa cidadã universal.

Acima de tudo e de todos, viver é um acto de amor. Assim, é uma exigência de tolerância.

Entender, aceitar, os que por defeito ou feitio estão sempre contra tudo e contra todos, demonstra da sua parte elevação de carácter. De amor pelo próximo. E já que que estamos no tema, lembre-se que está a chegar o Dia de São Valentim (gostava que fosse de Santo António). Apesar de termos um santo casamenteiro, nosso, disputado aguerridamente pelos italianos, cada vez mais o São Valentim, que não deve ter culpa nenhuma, surge em todo o mundo, é verdade, com uma força comercial tremenda.

Se os comerciantes, que já tiveram melhores dias, melhores vendas, aplaudem entusiasticamente a ideia e as montras são autênticos corações palpitantes, gorduchos e vermelhos, estas comemorações para a igreja católica não são tão relevantes.

Como começou a tradição? Não se sabe bem. Para os anglo-saxónicos a festa é antiga (nos Estados Unidos apareceu nos finais do século XVIII), embora os britânicos já no século XVII a festejassem. Na Itália, no ano 230, o bispo Valentim pode ter sido a origem desta onda, mas a França "culpa" os Vikings pelas primeiras trocas de prendas entre os namorados. Seria?

Importante é o amor. Se ele ocasionar sensações de alegria e afecto, materializado numa prenda, é ouro sobre azul. Mas, mais do que o valor do presente é a ideia de dar, de partilhar emoções -num dia que os homens decidiram marcar no calendário para falar de namorados- que enaltece a capacidade sentimental.

Siga a tradição. Sinta amor ao receber uma rosa vermelha ou quando der o tal anel há tanto tempo desejado. Sinta como a vida pode ser simples e empolgante.

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