UMA PAIXÃO SENSUAL
Foto: Amabilidade ARPANet
Ontem, em Sintra, foi tempo de neblina cerrada com brisas do mar e da serra, envolvendo os contornos da noite com luzes fluídas, mescladas, cruzadas com fragrâncias intemporais, fortes, inebriantes, vindas das acácias, das sequóias, magnólias, jacarandás, cameleiras. Foi uma noite de alimentar a alma. Uma noite de silêncios e de energias pairando sobre o Monte da Lua. Majestoso. Reluzente. Belo. Ontem, em Sintra, a noite foi especial.
Usei o tempo do manto cerrado de nuvens caídas para rever um filme que há anos vi no Tivoli. Sei que na altura quando as imagens finais, verdadeiramente apoteóticas, surgiram no ecrã e o final foi assinalado, não me consegui levantar. Estava sem fôlego, hipnotizada, em total deslumbramento, com tal intensidade que nunca mais tive coragem de admirar o filme de Claude Lelouch, Uns e os Outros, três horas de pura magia, rodado na Tailândia, Paris e Nova Iorque. Tenho muitos filmes especiais na minha vida que só vejo muito, mas muito, espaçadamente, para não correr o risco de os vulgarizar. O único que nunca mais vi foi esta pérola de Lelouch, que demorou 13 anos para ser concluída.
Ontem, já sem o impacto da surpresa, sem o som das grandes salas e a espectacularidade das telas imensas -era de madrugada e para não incomodar os vizinhos foi quase em surdina que voltei a escutar as belíssimas canções e a rever as coreografias fabulosas-. O filme foca a vida de quatro famílias (anos 30/80), russas, americanas, francesas e alemãs, que enfrentam os dramas da Segunda Guerra Mundial e do pós-guerra, unidas pela tragédia e pela arte. A música e a dança percorrem toda a história que sem ser verídica foi inspirada em pessoas que viveram situações idênticas. Famílias que se reúnem num final apoteótico, em Paris, num concerto de gala aos pés da Torre Eiffel, em benefício da Unicef e da Cruz Vermelha.
Quando o coreógrafo Maurício Bejart coloca em cena todo seu talento, numa longa sequência de verdadeiro delírio visual com Jorge Donn (nasceu em Buenos Aires, em 1947. Começou a dançar aos quatro anos e em 1989 foi considerado dos maiores bailarinos do mundo. Morreu com Sida, em 1992, na Suíça) a dançar o Bolero de Ravel, uma obra musical de um único movimento, repetido cento e sessenta e nove vezes em dois compassos que lhe dão o ritmo uniforme e invariável. Composto entre Julho e Outubro de 1928, a estreia ocorreu em Paris, na Ópera Garnier. A peça causou escândalo devido à sensualidade da coreografia.
As últimas imagens de Uns e os Outros, sensuais, claro, de Jorge Donn marcam o final de um filme lindíssimo, de um invulgar requinte visual. Francis Lai, Michel Legrand garantem a imensa qualidade da banda sonora que, ainda hoje é considerada uma verdadeira preciosidade. Vivi uma noite especial com um filme que, para mim, continua a ser de paixão.
Usei o tempo do manto cerrado de nuvens caídas para rever um filme que há anos vi no Tivoli. Sei que na altura quando as imagens finais, verdadeiramente apoteóticas, surgiram no ecrã e o final foi assinalado, não me consegui levantar. Estava sem fôlego, hipnotizada, em total deslumbramento, com tal intensidade que nunca mais tive coragem de admirar o filme de Claude Lelouch, Uns e os Outros, três horas de pura magia, rodado na Tailândia, Paris e Nova Iorque. Tenho muitos filmes especiais na minha vida que só vejo muito, mas muito, espaçadamente, para não correr o risco de os vulgarizar. O único que nunca mais vi foi esta pérola de Lelouch, que demorou 13 anos para ser concluída.
Ontem, já sem o impacto da surpresa, sem o som das grandes salas e a espectacularidade das telas imensas -era de madrugada e para não incomodar os vizinhos foi quase em surdina que voltei a escutar as belíssimas canções e a rever as coreografias fabulosas-. O filme foca a vida de quatro famílias (anos 30/80), russas, americanas, francesas e alemãs, que enfrentam os dramas da Segunda Guerra Mundial e do pós-guerra, unidas pela tragédia e pela arte. A música e a dança percorrem toda a história que sem ser verídica foi inspirada em pessoas que viveram situações idênticas. Famílias que se reúnem num final apoteótico, em Paris, num concerto de gala aos pés da Torre Eiffel, em benefício da Unicef e da Cruz Vermelha.
Quando o coreógrafo Maurício Bejart coloca em cena todo seu talento, numa longa sequência de verdadeiro delírio visual com Jorge Donn (nasceu em Buenos Aires, em 1947. Começou a dançar aos quatro anos e em 1989 foi considerado dos maiores bailarinos do mundo. Morreu com Sida, em 1992, na Suíça) a dançar o Bolero de Ravel, uma obra musical de um único movimento, repetido cento e sessenta e nove vezes em dois compassos que lhe dão o ritmo uniforme e invariável. Composto entre Julho e Outubro de 1928, a estreia ocorreu em Paris, na Ópera Garnier. A peça causou escândalo devido à sensualidade da coreografia.
As últimas imagens de Uns e os Outros, sensuais, claro, de Jorge Donn marcam o final de um filme lindíssimo, de um invulgar requinte visual. Francis Lai, Michel Legrand garantem a imensa qualidade da banda sonora que, ainda hoje é considerada uma verdadeira preciosidade. Vivi uma noite especial com um filme que, para mim, continua a ser de paixão.
Posso resistir a tudo, menos às tentações
(Oscar Wilde)
4 Comentários:
Olá! Sintra o eterno mistério envoto em neblinas de romance. Mto bonito. Um beijinho. Desculpe a minha ausência.
Os seus comentários são sempre tão saborosos.Obrigadíssimo. Sintra é mesmo inspiradora...Realmente a ausência tem sido prolongada.Demasiado. Já reparou que consigo imprimir fotos? Os meus avanços informáticos e uma corrida de caracóis são idênticos.
Um excelente filme. Boa escolha.
Obrigada pela partilha de opinião. É um filme bom em tudo: história, interpretação, música e dança.
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