Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

AS DIFERENÇAS DE NAIDE E DE NÉLSON

Foto:Sapo

Portugal testemunhou o duplo bloqueio mental de Naide Gomes. O segundo, após o inesperado afastamento da final do salto em comprimento nos Jogos Olímpicos de Pequim, quando tudo parecia indicar que a valorosa atleta iria ganhar uma das três medalhas e, provavelmente, subiria ao pódio, escutando o Hino Nacional, já que era uma das favoritas ao ouro.


-Estou sem palavras. Nem consigo chorar... E olhando-lhe o rosto testemunhava-se o sofrimento e a desolação. Sofria a atleta e sofriam todos os que estavam com ela, quer em Pequim, quer espalhados pelo mundo. Portugal sentiu um banho de gelo percorrer-lhe a esperança.


Naide fez dois saltos nulos e no terceiro registou 6,29 metros, menos 83 centímetros do que o seu recorde nacional e melhor marca mundial do ano. A campeã do Mundo em pista coberta e detentora da melhor marca mundial do ano, com os 7,12 metros alcançados em 29 de Julho, no Mónaco, em Pequim ficou, apenas, no grupo das 12 primeiras classificadas.


Mas o primeiro bloqueio mental de Naide, para mim, que gosto de analisar o comportamento das pessoas antes dos grandes acontecimentos, fiquei de pé atrás quando a ouvi dizer:


-
Não prometo ganhar medalhas. Vou dar o meu melhor…


Na altura (via TV), senti que Naide, sem se aperceber estava a distanciar-se (no subconsciente) das medalhas e a programar-se, perigosamente, para dar, apenas, o máximo. Fez-me lembrar Cristiano Ronaldo quando, em Inglaterra, festejava a vitória dos muitos prémios que recebeu e dos êxitos do seu clube, dizia:


-No Euro 2008 não vou estar tão fresco assim. As minhas pernas já vão estar cansadas… E, como se viu, estavam! Não foi brilhante a sua participação, se pensarmos no valor que tem. Há meses que, involuntariamente, já tinha decidido mentalmente que ia estar cansado!


Hoje, Portugal sorriu, feliz, com a vitória de Nélson Évora, que deu a este povo -um pouco desanimado-, a primeira medalha de ouro (12 anos, após Atlanta) e prepara-se para, em peso, amanhã, testemunhar a Bandeira Nacional subir, lentamente, ao som do Hino Nacional. E vai fixar os olhos do atleta, tentando ler-lhe a Alma e ouvir o descompasso do bater de um coração emocionado. E a emoção já é muita.


Foi lindo o salto triplo de Nélson, que alcançou a marca de 17m67, no quarto ensaio, e não vacilou quando, ainda no segundo lugar, testemunhou a prova do britânico Philips Idowu, campeão mundial de pista coberta e de Leevan Sands, das Bahamas. Creio que um ou dois dias antes do grande dia, quando um jornalista focava o valor dos atletas concorrentes, Nélson, descontraído e seguro, disse que não se importava nada que os grandes nomes estivessem na disputa da prova:


-Ainda bem, só valoriza. Que venham todos, estou cá. Eu estou na melhor forma de sempre


Este era o programa mental do atleta: preparado para a vitória, desde que chegou a Pequim. Não se fragilizou perante a grandiosidade dos Jogos, dos adversários, aliás, pela sua expressão ( nas fotos que chegavam) via-se tranquilidade e confiança. E, assim, com valor e determinação o novo campeão olímpico português segue, feliz, as pisadas de Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro. Ele saltou para o Infinito! Parabéns.




Eu gosto muito mais dos sonhos de amanhã do que da história do passado.
(Thomas Jefferson)

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