Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

QUE ANGOLA CONTINUE A MARAVILHAR AS ESTRELAS

Foto: Ricardo Oliveira


Ao encontrar esta foto no Portal do Governo onde o Primeiro-Ministro José Sócrates e o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, se cumprimentam durante a 62.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (NY), em 24 Setembro de 2007, inspirei-me para falar de Angola. A saudade é uma profunda influência que valoriza esta espécie de contemplação privilegiada à distância onde as memórias percorrem os caminhos da emoção. Apetece-me partilhar com algum viajante da blogosfera que -por um feliz acaso (para mim) me descubra-, um tema sempre emocionante, inspirador e intenso: Angola!


À partida, tenho assegurado um vendaval de sensações. È! Recordar, é viver! A Angola que povoa as minhas lembranças já não é, por certo, a Angola de hoje mas, a essência está lá: a beleza trepidante, a imensidão (1.246.700Km2) destemida das lonjuras africanas, o fascínio do exótico que envolve e enfeitiça. Ilumina-se-me já o rosto só por começar a recordar: quando as luzes da cidade e o cintilar das estrelas se debruçavam sobre a baía de Luanda, acontecia magia e a prata ondulante, num ritual de movimentos, encantava. Cada noite era uma descoberta. Cada dia, um esplendor.


Já não há, creio, a Cuca, fresquinha, saboreada (lentamente) na brisa das noites tropicais, na esplanada do Baleizão. Os saborosos sorvetes do Pólo Norte, parece-me que, também, já não moram lá. Não sei se o Avenida ainda abre as suas portas (vi Antígona, imensas vezes) aos apreciadores de Teatro. A Igreja da Nossa Senhora da Muxima, está. Continua e permanecerá, é um ponto de culto como se fosse um dos corações da cidade. Recordo a Mutamba, os machimbombos que dali partiam em todas as direcções; os jardins (fabulosos) e a piscina de Alvalade; a Igreja moderna da Sagrada Família. O restaurante Pezinhos na Água, uma delícia, já deve ter sido substituído e os passeios doces ao Farol da Restinga, era convite irrecusável. Ainda recordo como era saboroso o mata-bicho que se tomava na Tentativa ou o marisco no Cacuaco, Novo Redondo, Malange. E as quitandeiras, de vestes longas, geralmente negras, e as suas frutas frescas e saborosas: abacate, mamão, fruta-pinha, múcua, goiaba, caju, maboque, carambola, sape-sape, pitanga. Um mundo (imenso) de iguarias.


O meu vigor e agilidade mental transbordam saudade inspirada (?) que, reconheço, não devo alongar. É que Luanda é linda! Benguela, um sufoco (no bom sentido do termo), por entre as acácias rubras e a Praia Morena, tudo é entusiasmante. Lobito, uma maravilha que se abre para o visitante quando passa pelos flamingos rosa. Luso, vibrante na sua grandeza era o músculo tonificado e ágil do Moxico. Sá da Bandeira, corria-se o risco de não respirar tal era a beleza. E Tundavala? Capricho dos céus. Só pode! Depois, todas as outras cidades e lugares que já mudaram de nome que encantaram gerações e continuam a revigorar-se no seu encanto natural.


A minha Luanda não era a do trânsito desesperante, segundo dizem notícias recentes. Também não era das cidades mais caras do mundo e ir ao Trópico era uma rotina acessível, tal como jantar nos restaurantes da Restinga. Também não era a Luanda que crescia para cima, altos prédios (Torres Atlântico, por exemplo) que, creio, se estão a construir mas, Angola, também não era o sétimo país no mundo com maior desenvolvimento. Angola fervilha, que o digam os 70 mil portugueses (as viagens são caras e as autorizações de entrada no país são difíceis, o que dificulta entradas e o próprio turismo, embora muitos e excelentes hotéis e resorts estejam a ser construídos. Angola é deslumbrante!) que testemunham diariamente o seu frenético ritmo. Luanda alindou-se, higienizou-se. Está uma cidade colorida, limpa e disciplinada. Prepara-se para as eleições (as últimas foram em 1992) legislativas que se realizarão a 5 e 6 de Setembro e, segundo o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, decorrerão num clima de paz, harmonia e fraternidade e serão um exemplo para o mundo democrático:


-Se os partidos políticos respeitarem as normas legais em vigor na sua actividade eleitoral, vamos todos vencer e contribuir para a construção do país democrático dos nossos sonhos. Eu estou certo de que assim será e que Angola vai vencer.


No sector da Banca e da Construção os investidores portugueses têm, em Angola, uma participação muito positiva e notícias recentes confirmam que investidores angolanos virão também negociar em Portugal. As relações entre os dois países são boas. As empresas portuguesas sentem-se bem em Angola porque se sentem em casa, mas também as empresas angolanas se sentem em casa em Portugal, disse José Sócrates numa das suas visitas a Angola. Os Governos de Portugal e Angola assinaram em Luanda um acordo que vai permitir, em Janeiro de 2009, a ida de 200 professores portugueses para dar formação a professores angolanos O principal objectivo da ida dos docentes é a preparação de professores que vão intervir no ensino básico e, particularmente, no primário. Cunene (Sul), Benguela (litoral), Moxico (Leste) e Cuanza Sul, foram as primeiras províncias escolhidas pelas dificuldades que apresentam na colocação de professores formados.


Por momentos voltei a Angola e recordei-a em vários quadrantes. A importância emocional dessas memórias imbuídas de tanta beleza, chega a doer: Quedas do Duque (Malange), Morro da Cruz (Luanda), os imbondeiros do Cuando Cubango, Kissamba, por onde o Bengo passa, as pedras negras do Pungo Andongo, Gabela, a imensidão do Namibe, o miradouro da Lua, os rápidos da Epupa, as cachoeiras do Queve, cascata da Huíla, Cuanza Sul…Que Angola continue a maravilhar as estrelas; não pare de crescer, de se modernizar, de cuidar da herança dos seus antepassados e a cuidar do seu povo.




A arte de vencer é a arte de ser ora audacioso, ora prudente
(Napoleão Bonaparte)

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