Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

sábado, 11 de outubro de 2008

A COLISÃO DO METEORITO E A ACTUAL CRISE FINANCEIRA


Há poucas semanas, na RTP-2, assisti a um excelente documentário da BBC onde, pela magia dos efeitos especiais, se viu a colisão, verificada há milhões de anos, de um enorme meteorito com o Planeta Azul (o nosso), a Terra. O estrago foi imenso e dessa colisão os cientistas pensam que se verificou, entre muitas outras coisas, o desaparecimento dos dinaussauros. As consequências foram terríveis e as alterações um turbilhão e, no momento do impacto, a Terra podia ter-se fragmentado no Espaço se não fosse a inesperada energia regenerativa do planeta que teve a capacidade de, no momento exacto, reagir, modificar-se, adaptar-se às novas realidades e vencer a ameaça de extinção vindo do alto.


Há milhões de anos que a Natureza, ou qualquer outra denominação que seja mais correcta, tem tomado conta desta bola azul que se move, impressionantemente, numa sincronia de milésimos de segundos perfeitos, eficazes e seguros nesta galvanizante valsa dos astros. Surgiram, surgem (cada vez com mais frequência –a Terra está doente), e surgirão para bem da população terrena, cíclicamente, verdadeiros acertos, reajustamentos, em forma de terramotos, maremotos, tornados, furações, tsunamis, catástrofes que vencem (matam) e ajudam!


Viver, é estar no percurso da existência terrena e nestes acertos há, fatalmente, aqueles que são sacrificados para que a vida na Terra continue. Pode não ser justo (não é mesmo), mas é assim! É que depois das catástrofes nada fica igual. Mudam-se cidades, constroem-se outras novas, reúnem-se forças, unem-se ideias e capacidades e dá-se início a modificações radicais e necessárias. Depois de uma crise floresce a renovação. Não estou a fazer a apologia do caos, cuidado. Estou, apenas, a constatar algo que os séculos que encarregaram de confirmar.


Qual a atitude correcta que devemos ter perante a actual crise financeira que estamos a viver (como vírus informático a multiplicar-se pelo mundo) a maior, pensam os analistas, desde a Depressão de 1929? Sejam quais forem as mentes brilhantes que trabalhem em conjunto ou isoladamente nada pode ser vencido se não se contiver o pânico. Em todos os países Esta difícil situação não surgiu de um dia para o outro (felizmente) como em 1929, há mais de um ano que a ganância financeira e a má gestão bancária e a dinâmica de Wall Street) vem ameaçando o mundo globalizado e conseguiu até (!) atingir a Islândia (um dos países mais ricos do mundo). Não adianta lamentar, não adianta! Nem perder o controlo e ir aos bancos levantar o pouco ou muito dinheiro que se possa lá ter. Isso sim provocaria a catástrofe. Asfixiaria as possibilidades de vencer os tempos que estamos a viver e que temos, necessariamente, de ultrapassar.


Esta crise financeira, tal como o meteorito que há milhões de anos atingiu a Terra e a obrigou a adaptar-se às novas realidades, vai virar tudo do avesso, fará estragos: mais desemprego, grandes dificuldades, pobres ficarão ricos, ricos ficarão pobres, nada ficará como dantes! As mentalidades têm de ser modificadas e Portugal, que há anos anda a viver acima das suas possibilidades, tem de alterar hábitos e torná-los harmoniosos com a realidade vigente: não pode ir para Cuba se só tem dinheiro para ir até à Ericeira. Há que cultivar o espírito da poupança e da solidariedade. Ajude o seu vizinho que pode estar só a comer sopa ao almoço e ao jantar. Vença a indiferença. Em vez de três televisões ou mais, em casa, uma chega. Mais do que um carro, roupa de marca, três idas diárias ao café, jantares sistemáticos nos restaurantes, não pode, só em ocasiões especiais. Tem, forçosamente, de alterar comportamentos. Construir metas e trabalhar muito para as alcançar.


É que Portugal além desta crise que ataca todos tem em cima dos ombros outras igualmente alarmantes: a desertificação das grandes cidades (Lisboa é uma delas) e das pequenas vilas e lugarejos, de Norte a Sul do País, que deviam ter vida palpitante. Erguer os edifícios que caem e transformá-los em hotéis (somos um país de turismo), retiros, centros de arte, florais, artesanato. Somos um país envelhecido, faltam crianças para o amanhã português! É alarmante! Peguem em Portugal, enfrentem os tempos novos, regressem (os que puderem) às aldeias esquecidas: pintem-nas, estimem-nas, tornem-nas lindas! Façam-nas renascer do abandono. Você, pode! Pode transmitir entusiasmo, dinamismo e união para que os lugares que só têm vitalidade nas férias dos nossos emigrantes, permaneçam todo o ano, exuberantes, produtivas e saibam cativar visitantes.


Ergam escolas de música. Bons ginásios. São precisos coretos para unir as pessoas e readquira-se o hábito dos concertos aos domingos e bailaricos aos sábados. Partam para novos projectos com determinação, apoiados em ideias novas e desafiadoras. Temos bons cientistas, bons estilistas, bons peritos em informática, bons empresários, bons desportistas. Os sapatos portugueses conquistam o mundo! Os tecidos, também! O nosso azeite é dos melhores do mundo.Temos excelentes vinhos (Porto, Madeira, Mateus Rosé...) bons queijos, uma gastronomia de luxo. Até os pastéis de nata são disputados, no estrangeiro, a peso de ouro. Temos a cortiça, somos o maior produtor mundial de cortiça!Temos tanta coisa boa! Temos bom clima. Temos um litoral privilegiado que nos permite captar energias do mar (somos já o primeiro país no mundo a ter um parque para captação da energia das ondas), do Sol, do vento. Façamos a nossa parte e o Governo que faça a dele. Que os emigrantes espalhados pelo mundo nos ajudem dando-nos as mãos para sermos a família portuguesa unida nos cinco cantos do Globo. É nas crises que surgem as transformações. Comece por si. Ajude-se a si próprio e o Universo fará o resto.


Pensando friamente os analistas sabem que o mundo do dinheiro tem crises cíclicas, uns dizem de 20 em 20 anos, outros de 30 em 30, outros de nove em nove. É um dado adquirido. Esta não é a primeira desde 29, não. Já existiram muitas outras antes desta que nasceu nos EUA (agora percebo melhor a afirmação da actriz norte-americana Susan Sarandon que esteve recentemente em Lisboa -adorou Sintra- onde participou no Festival de Cinema Digital Lisbon Village) quando disse:
todo o mundo devia votar nas eleições presidenciais americanas. Afinal, nós interferimos tanto nos vossos países...


A vitalidade é demonstrada não apenas na habilidade de persistir, mas na habilidade de começar tudo de novo
(F.Scott Fitzgerald)

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