OS DESAFIOS DE PORTUGAL
Politicamente, sente-se uma efervescência que ultrapassa a crise financeira que, como bola de neve, não pára de aumentar. As fraudes gigantescas sucedem-se e, Madoff, parece ter dado a inesperada machadada final. Não se pode dizer que o modelo do capitalismo fracassou porque o que realmente fracassou -redondamente- foi o modelo humano de valores morais, onde a ausência deles serviu de camuflagem durante anos a indivíduos que atiraram para as ruas da amargura, milhares de pessoas que não mereciam ser enganadas.
Em Portugal, claro, o tema está também na ordem do dia (apesar de se sucederem greves neste período do Natal, como o caso da TAP que, diariamente, perde 5 milhões de euros, numa altura de profundas dificuldades financeiras da empresa. O que se passa com os nossos Sindicatos?) porque muitos foram os atingidos e alguns tiveram comportamentos enganosos, melhor: vergonhosos. Só o futuro irá revelar a verdadeira dimensão da fraude (financeira e moral).
O panorama político, em ano de eleições, mexe-se. Mexe-se muito. Fala-se muito. Em reuniões, jantares, eventos sociais ou vincadamente políticos. Analisa-se a forte descida do PSD e de Manuela Ferreira Leite; a subida de Louça; o reaparecimento borbulhante de Manuel Alegre, preso aos resultados obtidos nas urnas quando se candidatou a Belém; a nomeação de Santana Lopes para a Câmara de Lisboa e a reacção do actual presidente, António Costa. A inesperada saída de militantes do CDS e a vitória (um pouco solitária, não? Mas, expressiva!) de Paulo Portas. Escreve-se, entrevista-se, discute-se. Murmura-se. Face à situação do País, quem perde tempo a envolver-se em situações que não sejam estruturantes não merece credibilidade política.
Questão estruturante seria o PSD perceber que a luta interna de barões e a crise de liderança nesta fase em que Ferreira Leite (não é minimamente uma magnetizadora de massas, independentemente de ser séria e competente na sua profissão) só adia a credibilidade mínima que o maior partido, actualmente na Oposição, já deveria ter para lutar (saudavelmente) contra a maioria absoluta do PS que, por acaso, até precisamos dela e, se tudo correr mal no PSD, será mesmo revalidada. É que José Sócrates tem sido um bom Primeiro-ministro. Os portugueses são para o fechado, para o formal, até um pouco para o cinzento porque essa será a cor com que ficam os acomodados ao fim de muito tempo. Talvez pensem que o muito Sol com que o País é abençoado lhes empreste –definitivamente- uma cor sadia, sem terem que fazer esforço para a ganhar no que fazem, como pensam, como se afirmam perante os outros e o mundo que os cerca. É difícil conquistar os portugueses que geralmente só apreciam o que está para lá das nossas fronteiras. Nem sabemos valorizar a boa imagem que (ainda) mantemos nos recantos do Globo.
Quem não está a contribuir para as pontes internas a estabelecer entre os poderes dentro do PSD e vem a público extravasar tensões políticas mais pessoais do que outra coisa, não merece que se perca tempo analisar a atitude. Falou-se de Pacheco Pereira que não faz a barba mas tem necessidade de se ver ao espelho; então, aparece na Televisão o mais que pode e, em casa, liga- a para se rever. Para nossa felicidade Pacheco Pereira, através da TV, oferece-nos os benefícios resultantes do seu pensamento bem estruturado e informado. Gosta de argumentar e até é um pouco como Churchill, salvo as devidas reservas: não tem ideal e fidelidade política mas sim ego, capacidade e sentido de oportunidade política.
É bom lembrar, por exemplo: Espanha está muito pior que Portugal, económica e, entretanto, politicamente (com o Zapatero a ter um décimo do élan de Sócrates e, mesmo assim, a ser um dos melhores da Europa), apesar de tudo demonstrou qualidade na liderança e maturidade na cidadania ao estabelecer Pactos de Estado para sectores chave do país, envolvendo a Oposição mais representativa enquanto nós estamos a dar cobertura a episódios de opereta, sem nunca sequer termos pensado que devemos fazer ainda mais Pactos de Estado do que a Espanha que, dentro de cinco anos, estará a recuperar (novamente) ao dobro da nossa velocidade.
O PSD deveria apoiar construtivamente Ferreira Leite até às eleições porque será pior mudá-la agora. Perder as eleições com dignidade e, em convergência democrática com os interesses de Estado, utilizar este tempo para preparar a liderança de um Rui Rio, por exemplo. Entretanto, Pacheco Pereira sabe que só a falar indefinidamente na Televisão não consolida a sua imagem política, por isso está a tentar ficar no Parlamento Europeu por uns tempos e, por acaso, está bem preparado (justiça lhe seja feita) melhor do que a maioria dos nossos que lá estão. O PSD deveria apoiá-lo para, pelo menos na Europa, começar a recuperar massa crítica que não conseguirá recuperar, em Portugal, nos próximos dois anos.
Posto isto, sou pelo aumento para o triplo das remunerações de todos os cargos políticos e a redução para um terço desses mesmos cargos. Sou pela criação de Órgãos de Cidadania Activa, que obriguem a classe política a prestar contas directas do seu trabalho e, só com isto limpamos 90% dos actuais políticos e preenchemos os vazios que ficarão com elementos de qualidade. Só com esta medida, quase toda a política de chinelo desaparece do País. E, nós, precisamos disso!
Toda a história do mundo se resume no facto de que quando as nações são fortes nem sempre são justas, e quando elas querem ser justas não são suficientemente fortes
(Winston Churchill)
(Winston Churchill)
2 Comentários:
can u leave ur phone number to me???
In the blogs are important themes and ideas that might give rise to the issues. The phone does not belong, it does not matter, for exchange of views
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