Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

HOJE, VIM VER O MAR


Hoje, vim ver o mar. Sentei-me no meteorito que há longas décadas, nesta praia perto da Ericeira, está encravado nas rochas que as ondas banham ou agridem consoante as marés mansas ou bravias. É pesado e escuro, parece que respira ou que emana energia. Gosto de falar com ele porque veio de outras lonjuras, tem outras vivências, riscou o céu em velocidade tresloucada, suportou temperaturas impensáveis e frios glaciares. Adquiriu saberes que nós, humanos, desconhecemos. Por isso gosto de olhá-lo, gosto de tocar-lhe mansamente como cada dedo fosse uma declaração de admiração numa mistura de mistério que fica bem com a minha ânsia de desvendar o desconhecido. Quando me sento nele a minha coluna fica perfeita, a minha silhueta aperfeiçoa-se. Fico esguia e fico leve, os meus ombros -longe das orelhas-, ficam soltos, sem tensões, e o meu queixo direcciona o meu olhar em frente, abrangendo aquela imensidão de água sussurrante e ondulante que se espraia aos meus pés. Hoje, vim aqui libertar emoções guardadas nas conchas das minhas mãos que viro ao Sol e liberto-as num quase ritual de engrandecimento mental. O mar conta-me, ensina-me tanta coisa! Olha para mim como se eu fosse especial e segreda-me ao coração, amansa-me a Alma, fala-me de amor, decifra silêncios. Abana-me quase até à exaustão quando a apatia tenta desfazer esperanças. O mar abre-me horizontes, lavo-me nele e ultrapasso sete ondas. Fico sagrada. O mar é cúmplice dos meus devaneios e orientador dos meus sonhos... Olha como dançamos bem. Repara como estamos elegantes. Sente como eu respiro.




O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis
(Fernando Pessoa)

2 Comentários:

Blogger Francisco Duarte Azevedo disse...

O seu texto é muito bonito. Como todo os outros. Transmitem paz e sabedoria. Tomei a liberdade de inserir uma ligação no meu blogue (www.omundonossaespera.bogspot.com) para o seu blogue.
Francisco Azevedo

16 de outubro de 2010 às 22:09  
Blogger MEB disse...

Francisco, muito obrigada por ter tido a gentileza de adicionar o meu blogue no seu (vou já ver o seu, claro). Fiquei contente por ter gostado do meu texto, é bom sabermos o que os leitores pensam do que escrevemos. Escrever é sempre um acto solitário e, frequentemente, debatemo-nos com a dúvida: estará bom?
Passe sempre por aqui. Grata

20 de outubro de 2010 às 18:58  

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