Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

segunda-feira, 10 de março de 2008

EM BUSCA DA MÍSTICA PERDIDA


Não percebo nada de futebol, mas percebo de mística. Quando vivi no estrangeiro, em várias localidades consegui, sem esforço, aperceber-me dessa coisa empolgante que cresce dentro de nós e nos deixa super. Capazes de vencermos os Golias do Universo.


Exactamente assim: quando o Benfica era escutado, quase em prece, através dos relatos de futebol (onde o saudoso Perestrelo nos levava ao céu com o seu entusiasmo e dinamismo). E, se o glorioso ia à localidade onde estávamos ou próximo dali, mil quilómetros ou mais, não importava, então o mundo parava para nos deixar passar.


Lá íamos nós como bando de andorinhas, felizes até ao papo, ver in loco a força motriz que nos movia. O esplendor místico do nosso Benfica, a espalhar magia nos corações e se chegasse ao resultado vencedor, tanto melhor. Caso não, que importava! O Benfica era sempre o maior! E o dia era de festa.


Ainda sou do tempo em que para lá de Badajoz só Amália e Eusébio eram conhecidos. E o Benfica, claro! Era um clube diferente dos outros. Ganhava e perdia como eles mas, a tal de mística, isso sim, só os benfiquistas eram detentores dessa preciosidade. E o bem que ela, a mística, fazia aos emigrantes! No dia seguinte ao encontro, passeavam pelas ruas longínquas como se fossem realezas a olhar o povo.


Os outros nem entendiam a pose, mas isso não importava. Que poderiam eles entender de mística benfiquista? Tinha de correr no sangue! Tinha de fazer vibrar! Tinha de gritar dentro de nós! Tinha de fazer as colónias de emigrantes uníssonas, agregadas, coesas, como se fossem só uma a torcer pelo glorioso no mundo.


Ontem, estava eu a debruçar-me sobre a verdadeira epopeia do pinguim imperador (fascina-me o tema) quando a Televisão anuncia a inesperada saída de Camacho. Mas, passado uns segundos de admiração, pensei para comigo:


-Sim senhor, aqui está a atitude de um homem digno. Não sei se lutador, mas digno.


Sair nesta altura do campeonato não era desejável mas Camacho confessou que já não conseguia motivar os seus jogadores, passar a mensagem. Ir embora, pode parecer fácil (não deve ser tanto assim) mas se não conseguia inspirar as pedras do xadrez em campo, prolongar a situação, não era desejável. Deixou o segundo lugar e foi-se embora, talvez com tristeza. Há muito que Camacho demonstrava já ter perdido as ilusões com que chegou, pela segunda vez, a Lisboa. As declarações pecavam por um tom de certo desencanto, desinteresse, quase monossilábicas, sem garra. Foi melhor assim e, concretizou no seu palmarés a quarta demissão (Madrid, Sevilha e Benfica, duas vezes).


E agora? Agora é aproveitarem uma vez por todas o mágico Chalana que já merecia ser mais do que o 112 da Segunda Circular, em fases de desespero (esta época o Benfica teve quatro treinadores). Se ele ousar (força homem) enfrentar a maldição (quatro treinadores demitiram-se já por causa desse Getafe. Só pode ter uma massa associativa e um treinador poderosos, positivos, aguerridos) e levar os nossos jogadores a uma vitória (é tão difícil como a passagem no Bojador), Senhor, a mística foi reencontrada.



Mas é preciso dizer que a massa associativa não está isenta de culpa na actual situação do Benfica. Então e o Estádio vazio? Desafios sem apoio? Os assobios quando deviam ser aplausos? Lembro o João Pinto que foi o menino de ouro durante oito anos e, agora quando mete um pé no Estádio este fica verde de vergonha com os apupos.


E os jogadores? Isso é música para outra banda que vai ser regida pelo Chalana. O primeiro obstáculo é ganhar ao Getafe (que nome) e a mística até toca na asa da águia que sobrevoa o Estádio da Luz. Há que garantir o segundo lugar e a Taça de Portugal. Custe o que custar. A frase não é minha mas sou eu que a vou dizer agora:


-Comam a relva e façam felizes os sócios que vos amam e, muitas vezes, vos odeiam. É a mística!...

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