Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FIQUEI COM A LEVEZA DA FOLHA ...


Quando a luz matizada do Sol se preparava para abraçar o mar, subi a uma rocha solitária e majestosa e olhei pausadamente o horizonte. Uni o polegar ao indicador, arqueei o corpo e invoquei as forças do Universo. Sentia-me poderosa e livre, qual ave-do-paraíso prestes a levantar voo. O tempo sentia-se suspenso. Parado. Nem o vento respirava. A serenidade parecia envolver o mundo naquele começo de noite mágico, estonteante de encanto, soberbo de magia. Electrizante e iluminador. Do céu caíam partículas cintilantes, poeira de estrelas, que rapidamente cobriram a rocha, deixando-a como um trono cravado num invulgar rochedo. Depois, o céu abriu-se num tom púrpura, cintilando entre o laranja e cor violeta em soberbas nuances. Foi um estonteante festival cósmico envolto em sons harmoniosos. O desejo de absorver tudo o que via e o querer que algo me fosse revelado, agitava-me. Baixei os braços com as palmas das mãos viradas para cima, esperei por brisas renascidas e desejei que uma chuva macia me envolvesse em âmbares e cristais.


Fiquei, como diz a lenda védica, com a leveza da folha, a graça da corça, a alegria do Sol, as lágrimas do orvalho, a inconstância do vento, a timidez da lebre, a dureza do diamante, a crueldade do tigre, a doçura do mel, o calor do fogo, o frio do gelo, o perfume das rosas. Rodeada de luar, energias e exércitos de átomos, vindos do agora e dos confins do tempo, inspirei as vibrações do Universo e entrei em mundos poderosos e secretos. Luminosa e leve, tal como Fernão Capelo Gaivota (que vive em cada um de nós) olho agora as minhas asas alvas, adquiridas no Rochedo da Transformação e, então, tal como diz Gaivota, quebro as correntes do pensamento e deslizo sem pudor neste voo da noite. Desafiadora, senti-me especial e divina. Fernão Capelo lembrou-me (uma vez mais) que não há limites e a necessidade de superar as nossas fragilidades, medos e lançarmo-nos nos voos da descoberta e da realização. Ao despedir-me do Gaivota, que se preparava para voar dois mil e quatrocentos metros e aterrar em voo picado, ouço-o gritar: não te esqueças nunca de que a verdadeira lei é aquela que conduz à liberdade.





http://www.youtube.com/watch?v=Q-tJBsOsboM



Todas as maravilhas de que precisas estão dentro de ti
(Sir Thomas Browne)

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