Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

sexta-feira, 23 de maio de 2008

BORBULHAS DE AMOR


É curioso como certos momentos que, à partida, podiam parecer insignificantes, se transformam em realidades notáveis, capazes de mudar o mundo. A História da Vida está repleta desses casos, desses momentos-chave, que proporcionaram a génios, descobertas de valor permanente e incalculável –lembre-se da electricidade, do telefone, por exemplo-. Muitos foram os Arquimedes que, à sua maneira e, perante os diferentes problemas a solucionar, disseram, nas suas banheiras Eureka!Eureka (Encontrei! Encontrei!).


Como se sabe esta exclamação pertenceu a Arquimedes, um matemático, físico e inventor grego. Foi um dos mais importantes cientistas e matemáticos da Antiguidade e um dos maiores de todos os tempos. Também fez descobertas importantes em geometria e matemática. Inventou ainda vários tipos de máquinas, quer para uso militar, quer para uso civil. No campo da Física, contribuiu para a fundação da Hidrostática, tendo feito, entre outras descobertas, o famoso princípio que leva o seu nome. E, descobriu ainda o princípio da alavanca e a ele é atribuída a citação


-Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo.


Mas qual seria o problema que atormentava o famoso cientista que procurava desesperadamente uma solução? Ora, contam os relatos da época que, um dia Hierão, rei de Siracusa, no século III a.C. encomendou uma coroa de ouro, para homenagear uma divindade que supostamente o protegera nas suas conquistas, mas foi levantada a acusação de que o ourives o enganara, misturando o ouro maciço com prata na sua confecção. Para descobrir, sem danificar o objecto (precioso) Hierão pediu a ajuda de Arquimedes. Esta ouviu atentamente o rei e logo se concentrou na procura da solução para o problema, a qual (pasme-se) lhe ocorreu (inesperadamente) durante o banho!


A lenda afirma que Arquimedes teria notado que uma quantidade de água correspondente ao seu próprio volume transbordava da banheira quando ele entrava nela e que, utilizando um método semelhante, poderia comparar o volume da coroa com os volumes de iguais pesos de prata e ouro: bastava colocá-los num recipiente cheio de água, e medir a quantidade de líquido derramado. Feliz com essa fantástica descoberta, Arquimedes teria saído à rua nu, gritando Eureka!Eureka!


Eu penso que Juan Luís Guerra, o prestigiado e inspirado dominicano, um dia, à sua maneira, tornou-se um pouco em Arquimedes, não na banheira mas quando ao olhar o aquário, gritou o seu Eureka! Eureka! Vamos saber como. Muito simples. Imaginem-no jardim da sua acolhedora casa, num cair da tarde, naquela hora doce do dia, quando este se prepara para se debruçar no mar, sentindo no rosto a brisa característica da República Dominicana que, garanto, é preciosa. Estava a ler Pablo Neruda, um dos seus poetas eleitos, e a magia do poeta chileno deixara-o em estado de graça, de alma e coração lavados e inspirados.


Esteve tempos em surdina olhando o que o rodeava: o ondular das palmeiras, a profusão de mil cores das flores que embelezavam cantos e recantos do espaço onde a vedeta era a piscina cheia de um azul electrizante.Luis Guerra olhou, pouco depois, para um canto junto à entrada de casa, debaixo de um alpendre verdadeiramente romântico e sedutor quando os seus olhos (apesar de, na altura, ver mal), se fixam na mesa junto às longas e cómodas cadeiras de verga.


Um grande aquário, transparente, colorido e cheio de vida enfeitiçaram-no! Olhou e voltou a olhá-lo. Ficou a olhá-lo intensamente até ao momento em que, sem se aperceber, começa a entoar sons e palavras do que viria mais tarde a ser uma canção (verdadeiro êxito mundial) de amor: Borbulhas de Amor.E foi assim que na banheira não do Luis Guerra mas dos seus exóticos peixinhos nasceu uma canção entusiasmante e romântica, um verdadeiro choque -que faz bem-, estilo duche escocês, a corações solitários.


Ouvi-a dezenas de vezes em Punta Cana Resort and Club, cantada pela Sónia e pelo Josecito (que saudades), vozes prodigiosas que debaixo da lua caribenha, fizeram (e fazem) sonhar centenas de corações e acordaram sensibilidades mesmo que adormecidas. Dançar, Borbulhas de Amor, nos luares de prata de Punta Cana, tendo por vizinho Júlio Iglésias, é adrenalina elevada à escala de alto risco. É um perigo quase mortal que sabe bem. E tudo começou com Pablo Neruda e terminou no aquário, na voz e na sensibilidade de José Luis Guerra



Tengo un corazón Mutilado de esperanza y de razón, Tengo un corazón Que madruga adonde quiera ¡ayayayay! Y ese corazón Se desnuda de impaciencia ante tu voz, Pobre corazón Que no atrapa su cordura. Quisiera ser un pez Para tocar mi nariz En tu pecera Y hacer burbujas de amor...

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