Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

sábado, 24 de maio de 2008

PEDRO PASSOS COELHO - O OBAMA PORTUGUÊS


As eleições directas para apurar o vencedor dos candidatos à liderança do PSD (31 de Maio) vão ser desusadamente emotivas e o vencedor já está mentalmente escolhido e, admirem-se ou não, é…Pedro Passos Coelho (discurso moderado e uma cara nova na política)! Não que eu concorde com a sua vitória (é demasiado cedo), mas vai ser ele e o culpado não é o futuro líder mas, sim, a série de lideranças frágeis e desastrosas ultimamente exercidas.


Passos Coelho sofre (a seu favor) de uma súbita e imperiosa sensação (asfixiante) de mudança que ataca a massa eleitoral, fartérrima de não ver futuros. Saturada de tanta dificuldade. Esgotada de lutar contra a maré ou fica ou parte. Neste momento Portugal é o oitavo país de maior emigração e, na sangria de evasão, vão os cérebros de que precisamos como pão para a boca, vão os especializados, vão os que querem mesmo agarrar a vida de frente, com ambas as mãos, dispostos e lutar até vencer. Por cá, ficam os desfavorecidos da sorte, os injustiçados, os apáticos, os idosos. E Portugal vai mirrando. Empalidecendo. Tuberculizando, porque a fome está aí. Fome, enganada a sopa com pão.


O ano de 2009 vai ser pródigo em eleições, mas para já temos as do PSD que darão o líder e o candidato a futuro primeiro-ministro -Passos Coelho assumiu o papel mostrando que não quer apenas marcar território no partido. O candidato à liderança do PSD defendeu um Estado com menos despesas e mais aberto a parcerias com a sociedade e com o privado-, no (provável) futuro confronto com Sócrates.


Mas, perguntarão e bem, o que tem Passos Coelho a ver com Barack Obama, pré-candidato democrata às eleições Presidenciais Americanas, a realizar a 4 de Novembro? O que tem? Usufruiu da mesma onda de inesperada euforia por parte dos saturados do mesmo e ávidos de inovações. Num abrir e fechar de olhos conquistou os jovens e os deserdados dos amanhãs.Uns discursos excelentes, empolgantes (feitos por um elemento do seu staff), fizeram o resto: atiraram Hillary Clinton (que tudo indicava seria a futura presidente dos EUA) para o espaço e se Barack Obama ganhar vamos torcer a orelha, mas vai ser tarde (ver crónica de 15 de Fevereiro). Ele é bom mas não tem experiência. Vai apanhar uma América endividada, estilhaçada, fustigada por intempéries cada vez mais frequentes, a braços com o petróleo a subir e a esvaziar-lhe as reservas, além da herança do presidente cessante.


Com Passos Coelho é um pouco assim: Manuela Ferreira Leite deveria ganhar, ela tem a tarimba da experiência; Patinha Antão, diz-se que é um peso pesado; António Neto da Silva, desistiu, por não ter conseguido arranjar as assinaturas necessárias e queixando-se da marginalização feita na Comunicação Social; Santana Lopes tem sido desastrado (socialista de meia-tigela, foi o que chamou a Sócrates, num não inspirado discurso, em Monte Gordo, no mínimo, deselegante) em demasia para convencer a ter-se mais do mesmo (ver crónica de 24 de Abril).


Então, como consegue Passos Coelho uma dinâmica ganhadora?Frequentemente é apontado como inexperiente! Sobre isso, diz:


-Prefiro não ter experiência Governativa do que ter a má experiência que Santana Lopes teve. E adianta:


-Para quê estar a escolher uma liderança de transição se podemos escolher uma liderança forte para os próximos anos? Passos Coelho fez a pergunta a centenas de militantes que o escutavam numa reunião de campanha, creio que em Cascais.


É inegável a inteligência (não tem, penso, a ajuda de uma poderosa e profissional máquina na retaguarda) na condução da sua presença na corrida da liderança, apesar disso está ombro-a-ombro na disputa pela vitória com a veterana Ferreira Leite. Nota-se que há pormenores que evidenciam, por vezes, insegurança, o que é natural. Tem sabido ser sóbrio e comedido na argumentação e transpira uma ambição que não lhe fica mal. Respeitador e seguro. Além disso, estão a aparecer ajudas preciosas, como foi a de Paulo Teixeira Pinto:


-Temos de escolher entre os candidatos que existem. Não por razões de amizade ou outras de qualquer outra índole, mas apenas pela questão programática e pragmática. O candidato que reúne os melhores requisitos objectivos e subjectivos é o dr. Pedro Passos Coelho. Sobre a tão falada falta de experiência de Passos Coelho, afirmou:


-A experiência é a única coisa que se adquire fazendo! Assustar-me-ia se lhe faltassem outras qualidades, como as que ele tem: sensibilidade política, visão e sentido de responsabilidade. Essas não se adquirem com o decurso do tempo.


E não tem faltado palavras elogiosas, até por parte de rivais, que vão continuar na candidatura até ao fim, como foi o caso de Patinha Antão, numa reunião no Porto:


-Passos Coelho reúne as condições para ser um líder do século XXI, o que deve ser considerado muito seriamente pelos militantes.


Se por um lado tudo nos parece dizer que só Manuela Ferreira Leite tem os trunfos necessários para ser a líder do PSD e futura primeira-ministra de Portugal, nesta altura do campeonato, sentimos que já não é assim. O mapa político começa a mexer-se e antivisiona-se, a médio prazo, a importância de novos, estimulantes, produtivos e gratificantes objectivos. Há uma necessidade gritante de agarrar o tempo.




No futuro, não muito distante, haverá poucos empregos para pessoas altamente educadas e bem preparadas. Não haverá chances para todo mundo. A qualidade do ensino é precária no mundo inteiro e isso terá graves consequências. Em especial, a educação científica é deplorável. Em quase todo o mundo os professores ainda são mal remunerados e a qualidade do ensino de ciências é muito deficiente. Para mim, este é um dos piores problemas que enfrentamos actualmente, causador de muitas desgraças. No início deste século, o escritor H.G. Wells dizia que "o futuro será uma corrida entre a educação e a catástrofe". No momento, acho que estamos a perder a corrida.


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