Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

A minha foto
Nome:
Localização: Portugal

O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

FALTAM QUATRO DIAS PARA SER ELEITO O 44º PRESIDENTE DA AMÉRICA


Foto: Sapo (Pintura de John Trumbull )

É um facto curioso, para os portugueses, a escolha feita para assinalar um momento tão marcante na História dos EUA: os 56 homens que assinaram a Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, na cidade de Filadélfia, no dia 4 de Julho de 1776, beberam Vinho da Madeira para celebrar esse acontecimento. Apesar do calor abrasador que se fazia sentir os fundadores da América não escolheram nem cerveja, nem champanhe para celebrar o nascimento da América do Norte! Ergueram o cálice de Madeira e eternizaram a cerimónia. John Hancock (sentado), à sua frente John Adams (à esquerda. Viria a ser o segundo presidente da América. Pertencia ao Partido Federalista), Roger Sherman, Robert Livingston,Thomas Jefferson e Benjamin Franklin.


Sabe-se que George Washington (o primeiro presidente americano. Não tinha Partido), Thomas Jefferson (terceiro presidente. Foi o primeiro eleito do Partido Democrata) e muitos outros mantiveram o hábito de assinalar grandes momentos, quer políticos, quer sociais, com o saboroso Madeira. Creio que Bill Clinton também aderiu ao social hábito. Falar em Presidentes da América a 31 de Outubro, a 96 horas de ser eleito o vencedor das actuais e renhidas eleições presidenciais americanas, é tentar não falar desse acto cívico de 130 milhões de eleitores que podem mudar a América e o Mundo. É um tema interessantíssimo e, na recta final, tudo está como no início das primárias! Ao rubro. Tudo pode acontecer (tudo mesmo).


Se há oito anos, na Florida, não tivesse havido na contagem dos votos -não se sabe bem o quê- Al Gore estaria agora na Casa Branca à espera do seu sucessor e não como (brilhante) apoiante de Barack Obama. Bush, por 537 votos, foi o eleito. Não escondo que me apetecia escrever sobre o tema mas aguardo pela madrugada do dia 4. Tudo o que se possa dizer é futurologia dado que muitas interrogações pairam no ar e só na hora de entregar o voto é que a decisão será final. Irão os eleitores votar com o mesmo entusiasmo com que decorreu a campanha? Como reagirão os apoiantes de Hillary? Os Latinos? Como se portará a Florida e os restantes Estados-chave? Haverá racismo frente às urnas? Que coelhos na manga poderá guardar McCain ?


Tentando passar essas 96 horas que nos separam da grande decisão recordemos alguns factos que, na opinião de especialistas, marcaram pela negativa os mandatos de Lyndon Johnson (36º presidente. Democrata), responsável pela entrada da América no Vietname. Perto de 60 mil soldados morreram. Richard Nixon (37º presidente. Republicano). Descoberto por dois jornalistas o escândalo Watergate, teve de renunciar. John Kennedy (35º presidente. Democrata). Em 61, a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, foi considerado um fracasso. Ronald Reagan (40º presidente. Republicano). A venda de armas clandestinas ao Irão para financiar a guerrilha anti-sandinista na Nicarágua. Ele não sabia, mas não deixa de ser responsável. Bill Clinton (42º presidente. Democrata). O caso Monica Lewinsky (alguns dizem que foi uma armadilha) derrotou-o moralmente, mas não o venceu. Continua a ser brilhante e a sua prestação, tal como a de sua mulher Hillary, à campanha de Obama tem sido notável.
*
Muito melhor é ousar grande feitos, ganhar gloriosos triunfos, mesmo salpicados de falhas, do que se alinhar com aqueles pobres espíritos que nem se alegram muito nem sofrem muito, porque eles vivem no crepúsculo cinzento que não conhece vitória ou derrota
(Theodore Roosevelt)


quinta-feira, 30 de outubro de 2008

THE STORY (BRANDI CARLILE)

Foto: Sapo/Galeria Windows



All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you
I climbed across the mountain tops
Swam all across the ocean blue
I crossed all the lines and I broke all the rules
But baby I broke them all for you
Because even when I was flat broke
You made me feel like a million bucks
You do
I was made for you
You see the smile that's on my mouth
It's hiding the words that don't come out
And all of my friends who think that I'm blessed
They don't know my head is a mess
No, they don't know who I really am
And they don't know what
I've been through like you do
And I was made for you...
All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to
tell them toIt's true...I was made for you


A vida só se dá a quem se deu
(Vinicius de Moraes)



quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O NÚMERO 10 MAIS FAMOSO DO MUNDO FAZ ANOS. PARABÉNS, MÃO ESQUERDA DE DEUS...

Foto: Sapo/Galeria Windows


Amanhã, 30 de Outubro, El Pibe, faz anos. Nasceu em Buenos Aires num ano que pouco importa porque este homem, considerado o melhor jogador do mundo (há quem coloque Pelé em primeiro lugar), viveu a vida em turbilhão permanente. Tanto abraçou a estrelas como caiu no mais fundo poço do vício, da degradação moral e física. Foi elegante e foi gordo (121 quilos). Foi sóbrio, sorridente e drogado. Levou multidões ao rubro e provocou os maiores e inoportunos desacatos. Foi saudável e robusto e quase moribundo nos cuidados intensivos dos hospitais, por várias vezes. Procurou ajuda física na Suíça, na Argentina mas, curioso, Fidel de Castro, de quem é amigo, deu-lhe, em Cuba, tudo para o ver recuperado.


Consultar a biografia de Diego Maradona é ficar sem fôlego, mas esta data está escrita nos céus: 06/1986! Na partida mais lembrada da sua carreira, a Argentina derrotou a Inglaterra por 2-1 e classificou-se para as semifinais do Mundial do México-1986 com dois golos, o primeiro com a mão (a Mão de Deus), e o segundo numa fantástica jogada individual, depois de driblar seis adversários. Mas, a 08/04/1991 iniciava-se o seu doloroso calvário quando foi apanhado com cocaína num jogo com o Nápoles. Só em 2005 (14 anos de loucura e sofrimento) Maradona consegue ressurgir do seu caminho de dor e, durante três meses, apresenta semanalmente, na Televisão da Argentina, o programa A Noite do Dez, onde só teve convidados de gabarito: Pelé, Fidel, por exemplo. Ontem, 28 de Outubro, foi escolhido como Seleccionador da Selecção da Argentina.


Ele foi tudo: simpático, entusiasta, alegre, afável, generoso, excêntrico, intratável, indisciplinado grosseiro, inconveniente, mas no fundo daquele subconsciente atribulado estava um homem que queria vencer as correntes que o asfixiavam. O amor à camisola (sempre jogou com alma e marcou 311 golos) mesmo nas maiores crises estava lá a bater, latejando, puxando por ele, não o deixando vergar ao peso do fardo da cocaína. Muitos duvidam que ele seja capaz de concretizar bem a função para a qual foi escolhido. Não sei. Para ser franca, não me importa. Sensibilizou-me tanto o sofrimento de Maradona e o seu querer renascer para a vida que, em véspera de aniversário, levanto-me, bato palmas e até canto os parabéns a você. Ele merece esta grande oportunidade. Que a mão direita de Deus, esteja com ele. Suerte, Diego



La va a tocar para Diego: ahí la tiene Maradona; lo marcan dos, pisa la pelota Maradona. Arranca por la derecha el genio de fútbol mundial, y deja el tercero ¡y va a tocar para Burruchaga! Siempre Maradona... ¡Genio! ¡Genio! ¡Genio! Ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta... ¡Goooooolll!! ¡Goooooolll! ¡Quiero llorar! ¡Dios santo! ¡Viva el fútbol! ¡Golaazo! ¡Diegooooo! ¡Maradooona! ¡Es para llorar, perdóneme! Maradona, en una corrida memorable, en la jugada de todos los tiempos, barrilete cósmico, ¿de qué planeta viniste?

(Víctor Hugo Morales, México, 1986)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

PEIXE NO FORNO À CRISTIANO RONALDO

Foto: Sapo/Galeria Windows


Notícias vindas de Inglaterra, via BBC, divulgaram uma excelente iniciativa, creio que da UEFA, que reuniu alguns pezinhos de ouro dos esféricos europeus que, assim, aderiram à (brilhante) ideia de escrever um livro (Coma para Meter Golos) para as crianças, incutindo-lhes o gosto por uma alimentação correcta, incentivando-as a comerem alimentos saudáveis e saborosos. A finalidade é tentar combater a obesidade infantil que alastra, aflitivamente pelo mundo. A Europa, nos anos 80, tem mais 10% do que nos anos 70. Isto é: actualmente temos 20% de crianças obesas, ou seja: 22 milhões!

*

O livro faz o apelo sugestivo às saladas, legumes, peixe, esparguete, sobremesas, sopas, frutas. Corte maças, mangas, uvas e maracujá e coloque tudo dentro da casca de um ananás. Irresistível. A ideia é do capitão da equipa escocesa, Rangers, Barry Ferguson. Não descobri a receita de Thierry Henry, mas parece-me que dá sugestões com frango e peixe, é boa seguramente. Acho que fica lançada a ideia para espalhar pelo mundo dos relvados, dos sonantes nomes da bola que são ídolos dos mais pequenos e, dificilmente, resistirão às ideias dos seus heróis.

*

Que tal esparguete à Nuno Gomes? Peixe no forno à Cristiano Ronaldo? E que dizem a uma sopa à Miguel Veloso? Salada de grão à Ricardo Carvalho? E, para finalizar, em beleza, quem vai resistir, por exemplo, ao empadão de carne à Mourinho?

Não volte as costas a possíveis futuros antes de ter certeza de que não tem nada a aprender com eles
(Richard Bach)

domingo, 26 de outubro de 2008

O CIRURGIÃO CLANDESTINO

Foto: Sapo/Galeria Windows (óleo de Gaugin)

Recebi via e-mail, uma história de vida bem ilustrada quer a nível musical quer a nível fotográfico. Falava de Hamilton Naki, um cirurgião negro, sul-africano que, confesso, desconhecia em absoluto. Vi várias vezes o documento que, no primeiro impacto me deixou profundamente sensibilizada. Nos dois dias seguintes voltei a olhá-lo e a lê-lo. Continuei com lágrimas nos olhos e, acabei sempre por achar a história relatada verdadeiramente incrível. Tentei certificar-me da sua autenticidade e, num ápice, encontrei, na Net, dezenas de artigos sobre a vida e a obra do dr. Naki. Apenas num ponto não obtive a sintonia perfeita: não consegui confirmar se Naki esteve ou não presente na equipa do dr. Christian Banard (em 1993 admitiu numa entrevista que se dada oportunidade o Sr. Naki poderia ter sido melhor cirurgião do que eu) que realizou o primeiro transplante, na Cidade do Cabo. Uns defendem que foi Naki quem retirou do corpo da doadora, Denise Darvall, o coração que seria transplantado para Louis Washkanky; outros, não o confirmam.

*

Essa dúvida, porém, não retira o brilhantismo da história de vida deste homem absolutamente invulgar. Aos 14 anos Hamilton Naki empregou-se como jardineiro na Universidade da Cidade do Cabo. Mais tarde, começou a trabalhar com os animais do Laboratório na Faculdade de Medicina, auxiliando nas cirurgias com animais. Demonstrou de imediato um elevado grau de dedicação, habilidade técnica e, por isso, não lhe foi difícil conseguir permissão (especial) para permanecer nas pesquisas do Laboratório. Acabou por fazer parte da equipa de Christian Banard que, como se sabe, realizou o primeiro transplante de coração do mundo, no Groote Schuur Hospital, na África do Sul, em 1967 (há duas correntes de opiniões, como referi atrás). Devido às leis de apartheid da época, o nome de Naki, na altura, não foi divulgado.

*

Hamilton Naki ensinou cirurgia durante 40 anos e aposentou-se com uma pensão de jardineiro de 275 dólares mensais. Nunca se mostrou um revoltado pelas dificuldades que encontrou na sua vida, na sua luta e nos seus sonhos. Pelo contrário, transmitia alegria, grande generosidade e agradecido à vida por ter tido oportunidade de salvar tantas pessoas. Após a reforma, foi para um asilo. Embora formalmente jardineiro, recebia como auxiliar de laboratório, a maior remuneração que a legislação permitia a Universidade pagar. Este professor sem formação académica tradicional e exímio cirurgião, desconhecido, devido ao regime de discriminação racial institucionalizado, acabou por receber (em vida) o reconhecimento pelo seu trabalho, prestado por entidades estatais Sul-Africanas, através da Ordem Nacional de Mapungubwe, em 2002 e, finalmente, o título de Médico Honorário pela Universidade de Cape Town, em 2003. Faleceu em 2005, no final de Maio.

*

Quando se procura o cume da montanha, não se dá importância às pedras do caminho
(Autor desconhecido)

sábado, 25 de outubro de 2008

SETE LUAS

Foto: Sapo/Galeria Windows


Há noites que são feitas dos meus braços

e um silêncio comum às violetas

e há sete luas que são sete traços

de sete noites que nunca foram feitas

*

Há noites que levamos à cintura

como um cinto de grandes borboletas

E um risco a sangue na nossa carne escura

de uma espada à bainha de um cometa

*

Há noites que nos deixam para trás

enrolados no nosso desencanto

e cisnes brancos que só são iguais

à mais longínqua onda de seu canto

*

Há noites que nos levam para onde

o fantasma de nós fica mais perto:

e é sempre a nossa voz que nos responde

e só o nosso nome estava certo.

(Natália Correia)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

UMA LUA-DE-MEL DE CHARME


Foto: Sapo/Galeria Windows


Quando se trata de escolher um destino de férias, na actualidade, entra muito mais o desejo e a ilusão do que propriamente a realidade. O mundo anda a ficar cada vez mais distante, os aviões cada vez mais inacessíveis e, para completar as dificuldades, o dinheiro anda a ficar, descaradamente, cada vez mais caro! Todavia, isso não nos impede de estar a par dos top`s de preferências, isto é: saber quais os dez locais mais sonhados, em todo o mundo, para visitar. Principalmente para os que em breve irão dar o sagrado nó do matrimónio, aqui ficam algumas ideias para uma inesquecível Lua-de-Mel. Comecemos por aqui, por Sintra.


Portugal é considerado, na Europa, dos locais mais fascinantes e económicos para conhecer. Só adiantam vantagens: pode ser visitado em qualquer altura do ano dado que o clima é, sempre, amistoso e agradável. Depois, referenciam a nossa excelente gastronomia, a excelência dos nossos vinhos, a beleza marcante das extensas praias. Não esquecem o deslumbramento das paisagens que atravessam todo o País, mas rendem-se incondicionalmente ao Douro; perdem-se, totalmente, com Sintra, perdem-se e não se querem encontrar, desejam, sim, revelar os palácios da vila que ostentam a sua jóia da coroa de valor incalculável: o Palácio da Pena. E falam generosamente da amabilidade portuguesa. Os elogios são muitos. Terminam lembrando que em estado de amor profundo é conveniente, em Portugal, encontrar tempo para conhecer além de Lisboa -a luz e a cor do céu, são puros encantos-, Évora, Lagos, Cascais e Sagres. Eu acrescentaria o Minho, o Alentejo...


Depois, surge a Indonésia, ilhas que são verdadeiras esmeraldas flutuantes. Deve ser visitada entre Maio e Outubro. Senegal , uma beleza natural excepcional, é outra opção para conhecer entre Novembro a Fevereiro. Um destino económico. Se o dinheiro não é problema e está quase a dizer o “sim” parta com a sua mulher, claro, para o Japão, um dos países mais caros do e surpreendentes do mundo. Faça-o no Outono e não esqueça o Monte Fuji. Costa Rica, deve ser visitada em Abril e Maio ou de Outubro a Dezembro. É um encantamento para quem conhece a sua beleza, a sua fauna e as praias do Pacífico. México é outro dos dez destinos, actualmente com mais charme. Faça-o entre Outubro e Maio e as propostas são tantas que só estando lá compreenderá : praias, cidades antigas, desertos, vulcões. Um país colorido e muito musical.


Ilhas Fiji, paradisíacas, podem ser visitadas ao longo de todo o ano. São lindérrimas e, se pode, não perca e curta o mel da lua. Itália, também é referenciada: pelos seus três milénios de história, pela diversidade de fascinantes opções. Não escolha Agosto, muitos estabelecimentos estão fechados, é o mês de férias dos italianos. Faltar em Florença, é crime. Croácia, outra sugestão. Se pratica nudismo tem praias onde o pode praticar. Um país medieval, lindíssimo que pode ser uma opção. Chile, como é que uma franja estreita de terra reúne tanta disparidade e encantamento? Impossível, digo eu, enumerar o que não deve perder. Mas, se quer ver algo que envolve um mundo de admiração e mistério não esqueça a ilha de Páscoa.



Tu poderás passar sem mim. E eu poderei passar sem ti. Mas, algo me diz que, só juntos, encontraremos o caminho da felicidade
(Leo Buscaglia)

domingo, 19 de outubro de 2008

OS PASMADOS DA VIDA

Foto: Sapo/Galeria Windows


Todos temos dias que, pelos mais variados motivos, nos atiram para o cinzento da vida: ficamos apáticos, sem chama, desinteressados e desinteressantes e não queremos sequer resistir a esse cântico de sereia escondendo frustração e desânimo. Porquê? Fracassou em qualquer coisa e, por isso, só lhe apetece fechar as portas à vida e, dormir, passa a ser o seu grande objectivo diário. Não convive, não se alimenta, não sonha. Está, apenas está. Invisível, se possível É capaz de estar, às escuras, a um canto do sofá olhando, sem entusiasmo, o movimento para lá da janela. Respira, automaticamente. Atitude errada e perigosa.



É tempo de travar esse desinteresse e pensar no que deve (tem) de fazer para enfrentar desafios e não continuar nessa pasmaceira de vida que o faz demasiado pasmado. Pense que só alcança sucesso quem insiste, e torna a insistir, apesar das muitas e tremendas dificuldades que possa encontrar. Raros são os casos (embora existam, parece) em que tudo parece cair do céu sem esforço aos bafejados que nasceram com a brilhante estrelinha da sorte. Mas, se existe, é tão rara! As biografias dos famosos, de pessoas com o maior sucesso, em vários sectores, demonstram que nos seus começos de vida, passaram pelas maiores dificuldades. E, mesmo assim, no momento exacto, souberam erguer-se e agarrar o destino com unhas e dentes e concretizar sonhos.



Fred Astaire, foi o famoso actor que encantou largos milhares de fãs no mundo inteiro, através de filmes que encheram de movimento e encanto as telas quando ele dançava magnificamente, sozinho ou acompanhado mas, sempre, feliz!. Fez mais de 40 películas, e no primeiro teste disseram-lhe:… não sabe actuar. É careca e dança pouco… Só isto dava para derrotar um exército, mas ele sabia do seu valor e da capacidade de luta. Não desmoralizou e decidiu vencer E como venceu! Em 1950 recebeu o Oscar Honorário (Hollywood), sob uma ovação vibrante dada de pé pelos presentes, manifestando a grande admiração, gratidão e orgulho que sentiam pelo artista. Em 1970, é-lhe entregue o prémio UNICRIT, no Festival de Berlim, em reconhecimento pela sua extraordinária contribuição ao género cinematográfico musical.Os êxitos não se lhe fizeram rogados, foram conquistados a pulso por quem soube exigir da vida.




Não precisa de muralhas! As muralhas não o protegem, isolam-no!



sábado, 18 de outubro de 2008

"AQUI, RÁDIO ANDORRA"


Esta frase -Aqui, Rádio Andorra- preencheu muitas noites da minha meninice e dos meus medos. Ainda criança lembro-me (como se fosse hoje) de estar deitada entre o meu tio Francisco e a minha tia Rita (foram eles que me criaram), nas noites invernosas em Abrantes (a Cidade Florida) e escutarmos, baixinho, a Rádio Andorra. Era um ritual que se vivia naqueles tempos conturbados. Claro que não entendia nada do que ouvia mas, apesar da minha pouca idade, não me passava despercebida a atenção que os meus tios dedicavam ao que, então, era emitido. Recordo-me do meu tio me dizer, várias vezes: Se algum dia, quando fores grande, existir uma guerra, foge para Andorra. Eu olhava-o, sem dizer nada, abanava a cabeça em sinal afirmativo, e ficava de coração apertado.


A guerra preencheu os primeiros anos da minha vida (nasci em Cachôpo-Tavira, em 1939. Aos três anos fui para Castro D´Aire e, mais tarde, para Abrantes). Nessa belíssima cidade vi as suas janelas ficarem com os vidros cruzados por papel, como protecção para possíveis bombardeamentos que, felizmente, nunca sucederam. E nos passeios que se faziam nas noites cálidas de Verão, no picadeiro junto ao RI 2 (Regimento de Infantaria nº 2), viam-se nos céus os enormes focos de luz que se cruzavam, tentando apanhar aviões suspeitos. Passei por racionamentos, temores, enfim, tempos difíceis.


A Rádio Andorra foi inaugurada a 7 de Agosto de 1939 (nasci em Setembro). Um mês depois suspende as emissões mas retoma-as em Abril de 1940. Depois de uma história de resistência que duraria 40 anos, acaba por encerrar definitivamente em Março de 1981. Eram 21 horas. Creio que as instalações, arquivos, foram destruídas totalmente por um violento incêndio. Confesso que nesta dinâmica do passar dos anos a frase que me martelava na cabeça Aqui, Rádio Andorra, foi-se diluindo e, reconheço, esqueci-a.


Todavia, há dias, ao navegar na Net vi uma notícia da BBC que me fez estremecer. Dizia assim: Por que é que em Andorra se vive mais tempo? Andorra! Foi como se um sino acordasse o meu arquivo cerebral e, de imediato, regressasse às noites vividas em surdina ao lado dos meus tios (já falecidos) e a voz feminina, doce e calma, voltasse a segredar Aqui, Rádio Andorra. Tocou-me a nostalgia, a saudade. Chorei. E quando serenei fui descobrir o mistério de Andorra, a terra para onde há décadas o meu tio me dizia, foge para Andorra se aparecer uma guerra.


Na beleza imponente dos Pirenéus, na fronteira com França, encontra-se o Principado de Andorra que, ficou-se a saber, é, presentemente, no mundo, o lugar com maior esperança de vida (pensava que era uma ilha chinesa povoada por centenários), graças a uma mistura muito saudável que acontece no alto daquelas montanhas brancas ou verdes, conforme a época do ano, ou no vale florido e soalheiro. Ali, trabalha-se muito, todos têm uma vida activa até muito tarde. E há uma estrutura social envolvente de extrema importância que começa no exercício físico. Andorra tem sete centros desportivos públicos (gratuitos e com transporte) além de outros privados, onde homens e mulheres de idades avançadas povoam animadamente as piscinas executando exercícios.


Uma alimentação à base de carne magra, fruta fresca, vegetais, azeite, vinho tinto, coisas boas para o coração (a típica dieta mediterrânea). Em Andorra come-se de uma forma equilibrada e saudável. Ali vigora o terceiro melhor sistema de saúde pública do mundo, segundo a OMS. Tudo isso aliado a uma excelente qualidade do ar. Se o rigor do Inverno não deixa ir às montanhas, trata-se dos jardins. No Principado, o nível de criminalidade é quase inexistente, há 50 presos na cadeia. Vive-se um clima de paz permanente, bem-estar, tranquilidade. Sete séculos de história sem guerras são um factor psicológico de extrema importância. Talvez o meu tio Francisco, nos tempos de guerra, conhecesse já esta serenidade de Andorra. Talvez!


A paz não é um estado primitivo paradisíaco, nem uma forma de convivência regulada por acordos. A paz é algo que não conhecemos, que apenas buscamos e imaginamos. A paz é um ideal
(
Hermann Hesse)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

AMANHÃS DE SUCESSO


Foto: Windows - óleo de Renoir (Na Varanda, I88I)

Há já algum tempo recebi via e-mail um texto que acho oportuno relembrar e partilhar. Não sei quem é o autor(a), só por isso não faço os devidos créditos mas, mesmo assim, agradeço a ideia de fazer voar pela Net pedaços de vida que enriquecem quem os descobre, os apanha por um mero acaso de procura. A Net é isso: procurar, receber, partilhar. Encanta-me, confesso. E quando ela, por artes mágicas, ou burrice do utilizador, desaparece do ecrã do nosso computador e se recusa a entrar, apesar de o nosso (o meu!) cérebro quase deitar fumo de tanto pensar e nada resultar, ficamos mais sós e menos sabedores. Sem actualidade, emoções e, até, sem afectos!


Recebemos, com alegria, um pequeno folheto, produzido por uma empresa de material escolar, intitulado Como Fazer Acontecer. Nele encontramos uma lista de orientações muito seguras para conseguirmos sucesso nas empreitadas da nossa vida. Sob o subtítulo de Caminhos Para Um Efectivo Fazer Acontecer, lemos o seguinte:



** Visualize, com detalhes, como se tudo já estivesse realizado – imagine com pormenores o resultado desejado. Essa imagem é algo que irá naturalmente orientá-lo quanto ao que deve ser feito, como começar.
** Dê rapidamente, o primeiro passo – confie na sua intuição. Se sente confiança interior, aja sem hesitação e dê o primeiro passo. A natureza fará acontecer.
** Faça tudo de corpo e alma – não seja morno, fazendo por fazer. Até o impossível se torna possível quando nos envolvemos integralmente.
** Há que fazer tudo com boa vontade e prazer – a probabilidade de dar certo aumenta muito quando fazemos tudo com a mente alegre.
** Seja optimista – não se deixe influenciar pelos pessimistas. Ajude a construir o ideal, a cada dia dando o passo do dia.
** Concentre-se nos seus pontos fortes – ao invés de se deixar bloquear por eventuais pontos fracos. Recorra ao que tem de melhor.
** Concentre energia – evite desperdiçá-la fazendo as coisas pela metade, ou começando muitos projectos sem concluir nenhum.
** Seja natural – não se deixe derrotar pelo excesso de esforço. Faça o que tem de ser feito e mantenha a tranquilidade interior. Dê espaço e tempo para que a natureza também faça a sua parte.
** Seja transparente – nem sequer pense desonestamente, pois isso envenena e trava a sua energia. Ser transparente faz multiplicar energias.
** Seja generoso – a generosidade move montanhas. As coisas fluem melhor à sua volta porque a generosidade tem dinâmica. Picuinhas, ao contrário, imobilizam as pessoas.
** Aja sempre com justiça, isto é, evite a postura de tirar vantagem de tudo. Aja pensando em benefícios para todos. As coisas passam a acontecer mais fluidas.
** Confie 100% na sua força interior – fazer acontecer, exige fé! Principalmente em si mesmo. É essa convicção que o deixa solto para fazer o que é necessário.
** Procure excelência, sempre – um fazer acontecer efectivo deve estar apoiado na procura do melhor, do perfeito, do ideal. O tempo que levaremos para chegar à perfeição é outra coisa. O alvo, porém, deve ser sempre esse: o da perfeição.


A acomodação pode tornar-se um vício perigoso na nossa vida. Utilizamos a palavra vício, pois se o permitirmos, ela (a acomodação) vai-nos dominando até fazer parte do nosso estado natural de ser. É péssimo. O que começa hoje com uma pequena preguiça, com um pequeno desânimo, pode ganhar proporções maiores e lançar-nos nos caminhos da depressão e da tristeza. Assim, permaneçamos atentos a qualquer indício destes sentimentos que não são nada bem-vindos, mantenha-os bem longe de si, se quer mesmo ser um vencedor e ter amanhãs de sucesso.



Lança o saber e não terás tristeza
(Lao-Tsé)


sábado, 11 de outubro de 2008

A COLISÃO DO METEORITO E A ACTUAL CRISE FINANCEIRA


Há poucas semanas, na RTP-2, assisti a um excelente documentário da BBC onde, pela magia dos efeitos especiais, se viu a colisão, verificada há milhões de anos, de um enorme meteorito com o Planeta Azul (o nosso), a Terra. O estrago foi imenso e dessa colisão os cientistas pensam que se verificou, entre muitas outras coisas, o desaparecimento dos dinaussauros. As consequências foram terríveis e as alterações um turbilhão e, no momento do impacto, a Terra podia ter-se fragmentado no Espaço se não fosse a inesperada energia regenerativa do planeta que teve a capacidade de, no momento exacto, reagir, modificar-se, adaptar-se às novas realidades e vencer a ameaça de extinção vindo do alto.


Há milhões de anos que a Natureza, ou qualquer outra denominação que seja mais correcta, tem tomado conta desta bola azul que se move, impressionantemente, numa sincronia de milésimos de segundos perfeitos, eficazes e seguros nesta galvanizante valsa dos astros. Surgiram, surgem (cada vez com mais frequência –a Terra está doente), e surgirão para bem da população terrena, cíclicamente, verdadeiros acertos, reajustamentos, em forma de terramotos, maremotos, tornados, furações, tsunamis, catástrofes que vencem (matam) e ajudam!


Viver, é estar no percurso da existência terrena e nestes acertos há, fatalmente, aqueles que são sacrificados para que a vida na Terra continue. Pode não ser justo (não é mesmo), mas é assim! É que depois das catástrofes nada fica igual. Mudam-se cidades, constroem-se outras novas, reúnem-se forças, unem-se ideias e capacidades e dá-se início a modificações radicais e necessárias. Depois de uma crise floresce a renovação. Não estou a fazer a apologia do caos, cuidado. Estou, apenas, a constatar algo que os séculos que encarregaram de confirmar.


Qual a atitude correcta que devemos ter perante a actual crise financeira que estamos a viver (como vírus informático a multiplicar-se pelo mundo) a maior, pensam os analistas, desde a Depressão de 1929? Sejam quais forem as mentes brilhantes que trabalhem em conjunto ou isoladamente nada pode ser vencido se não se contiver o pânico. Em todos os países Esta difícil situação não surgiu de um dia para o outro (felizmente) como em 1929, há mais de um ano que a ganância financeira e a má gestão bancária e a dinâmica de Wall Street) vem ameaçando o mundo globalizado e conseguiu até (!) atingir a Islândia (um dos países mais ricos do mundo). Não adianta lamentar, não adianta! Nem perder o controlo e ir aos bancos levantar o pouco ou muito dinheiro que se possa lá ter. Isso sim provocaria a catástrofe. Asfixiaria as possibilidades de vencer os tempos que estamos a viver e que temos, necessariamente, de ultrapassar.


Esta crise financeira, tal como o meteorito que há milhões de anos atingiu a Terra e a obrigou a adaptar-se às novas realidades, vai virar tudo do avesso, fará estragos: mais desemprego, grandes dificuldades, pobres ficarão ricos, ricos ficarão pobres, nada ficará como dantes! As mentalidades têm de ser modificadas e Portugal, que há anos anda a viver acima das suas possibilidades, tem de alterar hábitos e torná-los harmoniosos com a realidade vigente: não pode ir para Cuba se só tem dinheiro para ir até à Ericeira. Há que cultivar o espírito da poupança e da solidariedade. Ajude o seu vizinho que pode estar só a comer sopa ao almoço e ao jantar. Vença a indiferença. Em vez de três televisões ou mais, em casa, uma chega. Mais do que um carro, roupa de marca, três idas diárias ao café, jantares sistemáticos nos restaurantes, não pode, só em ocasiões especiais. Tem, forçosamente, de alterar comportamentos. Construir metas e trabalhar muito para as alcançar.


É que Portugal além desta crise que ataca todos tem em cima dos ombros outras igualmente alarmantes: a desertificação das grandes cidades (Lisboa é uma delas) e das pequenas vilas e lugarejos, de Norte a Sul do País, que deviam ter vida palpitante. Erguer os edifícios que caem e transformá-los em hotéis (somos um país de turismo), retiros, centros de arte, florais, artesanato. Somos um país envelhecido, faltam crianças para o amanhã português! É alarmante! Peguem em Portugal, enfrentem os tempos novos, regressem (os que puderem) às aldeias esquecidas: pintem-nas, estimem-nas, tornem-nas lindas! Façam-nas renascer do abandono. Você, pode! Pode transmitir entusiasmo, dinamismo e união para que os lugares que só têm vitalidade nas férias dos nossos emigrantes, permaneçam todo o ano, exuberantes, produtivas e saibam cativar visitantes.


Ergam escolas de música. Bons ginásios. São precisos coretos para unir as pessoas e readquira-se o hábito dos concertos aos domingos e bailaricos aos sábados. Partam para novos projectos com determinação, apoiados em ideias novas e desafiadoras. Temos bons cientistas, bons estilistas, bons peritos em informática, bons empresários, bons desportistas. Os sapatos portugueses conquistam o mundo! Os tecidos, também! O nosso azeite é dos melhores do mundo.Temos excelentes vinhos (Porto, Madeira, Mateus Rosé...) bons queijos, uma gastronomia de luxo. Até os pastéis de nata são disputados, no estrangeiro, a peso de ouro. Temos a cortiça, somos o maior produtor mundial de cortiça!Temos tanta coisa boa! Temos bom clima. Temos um litoral privilegiado que nos permite captar energias do mar (somos já o primeiro país no mundo a ter um parque para captação da energia das ondas), do Sol, do vento. Façamos a nossa parte e o Governo que faça a dele. Que os emigrantes espalhados pelo mundo nos ajudem dando-nos as mãos para sermos a família portuguesa unida nos cinco cantos do Globo. É nas crises que surgem as transformações. Comece por si. Ajude-se a si próprio e o Universo fará o resto.


Pensando friamente os analistas sabem que o mundo do dinheiro tem crises cíclicas, uns dizem de 20 em 20 anos, outros de 30 em 30, outros de nove em nove. É um dado adquirido. Esta não é a primeira desde 29, não. Já existiram muitas outras antes desta que nasceu nos EUA (agora percebo melhor a afirmação da actriz norte-americana Susan Sarandon que esteve recentemente em Lisboa -adorou Sintra- onde participou no Festival de Cinema Digital Lisbon Village) quando disse:
todo o mundo devia votar nas eleições presidenciais americanas. Afinal, nós interferimos tanto nos vossos países...


A vitalidade é demonstrada não apenas na habilidade de persistir, mas na habilidade de começar tudo de novo
(F.Scott Fitzgerald)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O GRITO DO CORAÇÃO



Ela sentiu que não estava bem, doíam-lhe as costas. Por isso, decidiu ir deitar-se um pouco até que a sensação passasse. Mais tarde, o marido foi ver como ela estava e, encontrou-a sem respirar. Pediu ajuda mas já não conseguiram reanimá-la...


Eu sabia que os ataques cardíacos nas mulheres são diferentes, mas nunca imaginei nada como isto. Esta é a melhor descrição que li sobre esta terrível experiência. Sabia que os ataques cardíacos nas mulheres raramente apresentam os mesmos sintomas dramáticos que anunciam o enfarte nos homens? Refiro-me à dor intensa no peito, suor frio e o desfalecimento (desmaio, perda de consciência) súbito que eles sofrem e que vemos representado em muitos filmes. Para que saibam como é a versão feminina do enfarte, uma mulher que teve um ataque vai contar a sua história:


Tive um inesperado ataque do coração por volta de 22:30, sem ter feito nenhum esforço físico exagerado nem ter sofrido algum trauma emocional que pudesse desencadeá-lo. Estava sentada, muito agasalhadinha, com meu gato nos joelhos. Lia uma novela muito interessante, com o meu pijama preferido e muito relaxada, enquanto pensava: que bom, isto é vida! Um pouco mais tarde, senti uma horrível sensação de indigestão, como quando – estando com pressa – comemos um sanduíche, engolindo-o com um pouco de água e parece que temos uma bola que desce pelo esófago, bem devagar, enfartando-nos. É, então, que nos damos conta que não deveríamos comer tão depressa e que deveríamos mastigar mais devagar e melhor. Além disso, beber um copo de água para ajudar ao processo digestivo.


Esta foi a sensação inicial. O único problema era que eu não tinha comido nada desde às 17h. Depois, senti como se alguém me apertasse a coluna vertebral (pensando bem, agora acredito que eram os espasmos na aorta). Logo, a pressão começou a avançar para o externo (osso de onde nascem as costelas no peito). O processo continuou até que a pressão subiu até à garganta e a sensação espalhou-se, então, a ambos os lados do queixo (maxilares). Ah! Nesse momento, soube realmente o que se estava a passar comigo. Acredito que todos temos lido ou escutado que a dor no queixo é sinal de um ataque do coração.


Santo Deus, acredito que estou a ter um ataque cardíaco, disse ao gato. Tirei os pés do banco e tentei ir ao telefone, mas caí no chão. Então, disse para mim própria: isto é um ataque cardíaco e não deveria caminhar até o telefone nem a nenhum outro lugar mas, se não digo a ninguém o que se está a passar, ninguém me poderá ajudar! E se demoro, talvez não possa mover-me mais. Levantei-me, apoiando-me numa cadeira e caminhei devagar até o telefone para chamar a emergência. Consegui. Disse-lhes que acreditava que estava a ter um ataque cardíaco e descrevi os meus sintomas. Tentando manter-me calma, informei o que se passava comigo. Escutaram-me e, acalmando-me, disseram que viriam imediatamente aconselharam-me deitar-me perto da porta, depois de destrancá-la, para que pudessem entrar e me localizarem rapidamente.


Segui as instruções; deitei-me no chão e, quase de imediato, perdi os sentidos. Não lembro quando nem como entraram os médicos, nem sequer senti quando me deitaram na maca e a colocaram na ambulância. Mas, vagamente, lembro de ter aberto os olhos ao chegar no hospital e ver que o cardiologista -estava à minha espera pronto para me levar para a sala de cirurgia. O médico aproximou-se e fez-me algumas perguntas (creio que perguntou se tinha tomado algum medicamento) mas não pude responder nem entender o que me dizia porque voltei a perder os sentidos.


Acordei com o cardiologista (descobri após algumas horas) ao lado. Ele tinha introduzido um pequeno balão na minha artéria femoral para instalar dois stents (tubos) que mantivessem aberta minha artéria coronária do lado direito. Agora sei que se tudo o que fiz antes de chamar a ambulância houvesse demorado uns 20 ou 30 minutos seria fatal mas, na realidade, apenas usei 4 ou 5 minutos. E, graças às minhas explicações precisas, os médicos já estavam à minha espera prontos para me atender adequadamente quando cheguei ao hospital.


É possível que perguntem porque lhes conto tudo isto com tanto detalhe demorado. É, simplesmente, porque quero que todos saibam o que aprendi depois desta terrível experiência. Passo, então, a resumir alguns pontos:


1. Tenham em conta que os seus sintomas, provavelmente, não serão parecidos em nada com os que atingem os homens. Eu, por exemplo, senti a dor no externo, no queixo, maxilares. Dizem que muitas mais mulheres que homens morrem no seu primeiro (e último) ataque cardíaco porque não identificam os sintomas e (ou) os confundem com os de uma indigestão. Então, tomam um digestivo e logo vão para a cama esperando que o mal-estar desapareça durante a noite. Também, porque – por razões culturais – nós, as mulheres, estamos acostumadas a tolerar a dor e o desconforto mais que os homens. Talvez os seus sintomas não sejam iguais ao meus mas, por favor, não percam tempo. Chamem a ambulância, se sentem que o seu corpo experimenta algo estranho. Cada um conhece o estado natural (normal) do seu corpo. Mais vale uma falsa emergência do que não atrever-se a pedir ajuda e a perder a vida.


2. Notem que disse chamem os Paramédicos/Ambulância (112) o tempo é vital. Além disto, não pensem dirigir nem deixem que seus maridos ou familiares as levem ao hospital. Além de que ninguém está em condições de dirigir sem que os nervos os atraiçoem, os sintomas podem agravar-se no caminho para o hospital e complicar as coisas. Também é pouco é recomendável chamar o médico a casa. Além de perder minutos preciosos, poucos médicos levam no carro equipamento salva-vidas necessário nestes casos; a ambulância, sim, está totalmente equipada. Principalmente, tem oxigénio que precisará de imediato. Em todo caso, o hospital notificará o seu médico.


3. Não acreditem que não possam sofrer um ataque cardíaco porque seu colesterol é normal ou nunca tiveram problemas cardíacos. Se descobriu que o colesterol por si só (a não ser que seja excessivo) raramente é a causa de um ataque cardíaco. O grito do coração é o resultado de um stress prolongado que faz que o nosso sistema segregue toda classe de hormonas que inflamam as artérias e tecido cardíaco. Por outro lado, as mulheres que estão a entrar na menopausa ou já a ultrapassaram, perdem a protecção que lhe brindava o estrogénio, pelo que correm igual risco de sofrer mais problemas cardíacos do que os homens. Um cardiologista disse que se todas as que recebemos este e-mail e o enviarmos a 10 mulheres, poderemos estar certas de que, ao menos, uma vida se salvará! Texto de Luísa Sarmento.

O importante não é o que nos faz o destino, mas o que nós fazemos dele

(Florence Nightingale)




sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A CRISE DO DINHEIRO

Foto: Sapo/Windows

O mundo está envolto na palavra mais focada nos últimos dias: crise! Crise nascida nos EUA onde, parece, emprestaram muito dinheiro a muitas pessoas que não puderam pagar os compromissos assumidos com as entidades bancárias e, a partir daí, o castelo de cartas começou a cair e o eco dessa derrocada teve o efeito de pedras lançados nas águas: círculos atrás de círculos cada vez maiores (dinâmica dos fluídos), ultrapassando rapidamente continentes, abanando (perigosamente) o sistema financeiro global podendo provocar recessão nas maiores economias mundiais. E, como se esperava, chegou à Europa sendo, para já, a França, Alemanha, Itália e Espanha, os países mais afectados. Para dar resposta europeia à crise dos mercados há reunião amanhã, em Paris, com os governos da Alemanha, França, Inglaterra e Itália. Sarkozy não tem tarefa facilitada: pelo tema, pela reacção dos países que não estarão presentes e pela atitude da Irlanda que garantiu (à sua maneira) depósitos nos seus bancos por dois anos.


Aflorado o tema tão resumidamente parece uma realidade simplista mas não é. Pelo contrário. A sua gravidade é tanta que, presentemente, não se pode aquilatar rigorosa nem aproximadamente quais vão ser os resultados finais. Há que acrescentar que além do incumprimento por parte dos devedores tem de se associar a péssima gestão de sonantes nomes do mundo financeiro e empresas consideradas inabaláveis em Wall Street, cujas chefias são pagas a peso de ouro. Aprovado o plano de salvação financeira que funcionará como bóia a náufragos (700 mil milhões de dólares) a crise continua mas está retocada e o verdadeiro custo do plano, no futuro, é impossível de calcular. O empréstimo foi mau, mas seria pior se não existisse uma solução. Os círculos não parariam de aumentar. Na opinião do investidor bilionário Warren Buffett (que perdeu milhões), o plano é absolutamente necessário para ajudar a tirar o sistema financeiro de um Pearl Harbour (base naval dos EUA que foi atacada pelo Japão, em 1941 e provocou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial) económico.


Os EUA não saem bem da foto. Para a maior economia do mundo (o déficit orçamental e a inflação devem subir perigosamente) há muita coisa por explicar mas na euforia eleitoral, que terminará a 4 de Novembro, a altura não é a melhor para analisar e tomar medidas e resoluções que comecem a suavizar os efeitos da recessão, a maior crise financeira desde 1929. Uns pensam que comprar os créditos mal parados penaliza os contribuintes e não os maus gestores. Outros, consideram que o pacote de 700 mil milhões de dólares servirá para ajudar os norte-americanos que correm o risco de perder as suas casas, de enfrentar desemprego e falências.


Uma crise é uma crise e ela nunca tem uma boa hora para chegar. Parece que só os chineses lhe sabem dar a volta já que defendem que uma crise é, sempre, uma nova oportunidade! Assim seja. O Mundo começou a viver um ciclo descendente e não sabe quando e como acabará. A herança que o novo Presidente dos EUA -a ser eleito (por 168 milhões de eleitores) dentro de 30 dias- receberá da actual Administração Bush, é dinamite! Puro.

Há homens que lutam por um dia e são bons; há outros que lutam por um ano e são melhores; há aqueles que lutam por muitos anos e são muito bons; porém, há homens que lutam por toda a vida: esses são imprescindíveis

(Bertold Brecht)


quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O MISTÉRIO DE FOSSET

Foto: Google


Na memória, nas emoções e nos corações da família e dos amigos, Steve Fosset voltou a reaparecer das neblinas do tempo e reavivou dores e memórias deste multimilionário norte-americano audaz que cruzou o mundo em balões, aviões e navios, atravessou a nado o Canal da Mancha, escalou o Kilimanjaro e mais 299 montanhas, mas falhou o Everest, sobreviveu a uma queda de 8.800 metros de um balão, no Pacífico, correu em Le Mans e desapareceu num simples passeio de avioneta sobre as montanhas do Nevada.


Detentor de um número invejável de recordes (116), fez da sua vida uma permanente aventura: na terra, na água e no céu. Desafiou sonhos, desafiou limites, saboreou a existência à sua maneira e desapareceu (tal como Amelia Earhart, no Pacífico, em 1937 e Saint-Exupéry, em 1944, no Mediterrâneo), inesperadamente, a 3 de Setembro de 2007 (tinha 63 anos) a bordo do seu Bellanca 8KCAB (N240R), que picou para se esmagar na floresta californiana. Esse facto provocou buscas intensas mas infrutíferas, até o Google (graças ao amigo Richard Branson, o bilionário inglês, também ele um aventureiro) foi mobilizado nessa procura. O Google Earth, o serviço de busca de imagens de satélite de todo o planeta, requisitou, na altura, as fotos recentes disponíveis, na esperança de encontrar alguma pista do avião do milionário. Nada resultou, o seu desaparecimento continuava um mistério.


Fosset foi declarado legalmente morto a 15 de Fevereiro de 2008 mas, um simples passeio pela montanha da Califórnia (Leste) a 1 de Outubro (ontem) de um montanhista, Preston Morrow, que encontrou 1000 dólares em notas de 100 e cartões de identificação de Fosset, além dos destroços do avião, revolveram toda a situação. Dentro da esmagada avioneta não foram encontrados quaisquer vestígios do corpo. Todavia, quem viu os destroços disse não acreditar que a violência do desastre permitisse que alguém saísse vivo dali.
Steve Fosset morreu, desapareceu, tal como viveu: hipnotizado pela magia do impossível conquistado. Ele foi alegre, dinâmico, feliz, desafiador, até ao dia em que o Universo tomou as rédeas do seu destino.



Vencer sem riscos é triunfar sem glória
(Pierre Corneille)