Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

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Nome:
Localização: Portugal

O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

sábado, 28 de junho de 2008

AS FÉRIAS DE SIR BILL


Não é uma certeza é, apenas, uma probabilidade: Bill e Melinda, talvez estejam neste momento a prepararem-se para o jantar (diferença horária de seis horas. Em Portugal 23.50) numa zona deslumbrante das Caraíbas, gozando o primeiro dia de férias do reformado mais rico do planeta. Bill, foi, durante anos (1995 a 2007), o homem mais rico do mundo. Presentemente, ocupa o terceiro lugar. Começou por perder o título para o mexicano Carlos Slim, empresário e magnata das telecomunicações e este, por sua vez, seria vencido pelo investigador norte-americano Warren Buffet, com uma fortuna avaliada em 62 bilhões de dólares.


Deve ser saborosa esta libertação do homem cinquentão, nasceu em Outubro de 1955, que na vida sempre trabalhou e até se deu ao luxo de trazer o mundo a milhões de pessoas, através de janelas recheadas de informação. O seu maior sonho sempre foi que em cada casa e em cada posto de trabalho existisse um computador pessoal equipado com o seu sistema operativo e os seus recursos multimédia. As inovações tecnológicas que a sua equipa tem vindo a apresentar, têm contribuído significativamente para a transmissão global da informação, democratizando o acesso à cultura e ao conhecimento.


Para trás ficou um percurso impressionante (estudou no Colégio de Lakeside e na Universidade de Harvard), de um jovem que um dia (1968), pela primeira vez, tomou contacto com computadores. Conhece Paul Allen, com quem começou a escrever programas informáticos para venda a empresas e administrações públicas Desde 1993 que Bill Gates, através da Microsoft, apostou em conteúdos multimédia, com grande relevância para os de cariz educativo, estabelecendo inúmeros protocolos com escolas e universidades. A partir daí foram anos gloriosos de descobertas e concretizações. Trabalho feito, consciência tranquila (descobriu a sua missão na vida), Sir William Henry Gates (nomeado cavaleiro por Isabel II, de Inglaterra) e a sua mulher, Melinda French Gates -conheceram-se num encontro com a imprensa de Manhattan (Nova Iorque), casaram-se no Hawai, a 1 de Janeiro de 1994. Têm dois filhos: Jennifer Catherine e Rory John Gates.


Apesar do casal ter tido sempre muito dinheiro, nunca deixou de ajudar. Gastou já uma parte substancial da sua fortuna, um terço, em causas humanitárias, acompanhando pessoalmente muitas das acções que subsidiam, financiando a melhoria dos cuidados de saúde em África e a educação nos Estados Unidos. O projecto futuro é dedicar-se, por inteiro, à Fundação Bill & Melinda.


Na hora do adeus de B.Gates, lembro um caso passado com o reitor de uma Universidade do Sul da Califórnia que enviou um email para a Microsoft, convidando Bill Gates a fazer um discurso no dia de formatura, incentivando os formandos no início de suas carreiras e, para sua (enorme) surpresa, Bill Gates aceitou! Esperava-se que ele fizesse um discurso longo, de mais de uma hora, afinal ele era o dono da Microsoft e possuía, na altura, a maior fortuna pessoal do mundo! Mas, Bill, para admiração geral, foi extremamente lacónico, falou (apenas) durante cinco minutos, subiu para o seu helicóptero e foi-se embora…


Conheça as 11 regras que ele compartilhou com os formandos naquela ocasião:


-Vocês formaram-se e, portanto, vão deixar os bancos escolares para enfrentarem a vida lá fora. Não a vida que vocês querem, não a vida que vocês sonharam ter mas, sim, a vida como ela é. Estão a deixar um mundo educacional que está a perverter o conceito da educação, adoptando um esquema que visa proporcionar uma vida fácil para a nova geração. Essa política educacional leva as pessoas a falharem nas suas vidas pessoais e profissionais mais tarde. Vou compartilhar com vocês onze regras que não se aprendem nas escolas:




*A vida não é fácil. Habitua-te a isto.

*O mundo não está preocupado com a tua auto-estima. O mundo espera que faças alguma coisa de útil por ele antes de aceitá-lo.

*Não vais ganhar vinte mil dólares por mês assim que saíres da faculdade. Não serás vice-presidente de uma grande empresa, com carro e um telefone à tua disposição, antes de teres conseguido comprar o teu próprio carro e o teu próprio telefone.

*Se achares que o teu pai ou o teu professor são rudes, espera até teres um chefe. Ele não terá pena de ti.

*Vender jornais velhos ou trabalhar durante as férias não te diminui socialmente. Os teus avós tinham uma palavra diferente para isso: chamavam-lhe oportunidade

*Se fracassares não aches que a culpa é dos teus pais. Não lamentes os teus erros, aprende com eles.

*Antes de nasceres os teus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por terem de pagar as tuas contas, lavar as tuas roupas e ouvir-te dizer que eles são ridículos. Então, antes de salvares o planeta para a próxima geração, querendo corrigir os erros da geração dos teus pais, tenta arrumar o teu próprio quarto.

* A tua escola pode ter criado trabalhos em grupo, para melhorar as notas e eliminar a distinção entre vencedores e vencidos, mas a vida não é assim. Nas escolas podes repetir o ano e ter várias hipóteses para acertares. Isto não se parece absolutamente nada com a vida real. Se pisares o risco, serás despedido… Rua! Faz tudo certo logo à primeira vez.

*A vida não é dividida em semestres. Não terás sempre férias de Verão e é pouco provável que outros empregados te ajudem a cumprir as tuas tarefas, no fim de cada período.

* O que vês na televisão não é a vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o bar ou a discoteca e ir trabalhar.

*Sê simpático para com todos os teus colegas mesmo aqueles que te pareçam medíocres. Existe uma grande probabilidade de vires a trabalhar para um deles.


Todos os telemóveis como sistema operativo Windows Mobile vão passar a usar tecnologia portuguesa. No dia em que Bill Gates abandona a empresa que fundou em 1976, a Microsoft anunciou a sua primeira aquisição em Portugal, a multinacional
americana iniciou o processo de compra da portuguesa Mobicomp.

(Correio da Manhã)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

UM FILÓSOFO NA GUERRA


Catarina, de olhos molhados, leu e releu as palavras ditadas pela saudade e sentiu uma força poderosa e invulgar nascer na mescla do seu medo e da sua esperança. Mais do que nunca sentia-se disposta a descobrir a verdade, fosse ela qual fosse. Saudosa e determinada, tentou tudo (até os caminhos não oficiais), que a levaram ao outro lado da guerra.


Decidida, disposta a usar toda a sua capacidade de pensar e de agir, tentou tudo para conseguir encontrar o capitão desaparecido. Usou os seus múltiplos conhecimentos e foi assim que chegou a um conselheiro de um dos três Movimentos de Angola. Vivia em Luanda (quando não estava na base) num prédio bastante próximo do seu. Mera casualidade.


Por intermédio de uma amiga conseguiu que ele a recebesse e foi pessoalmente que a jornalista lhe pediu ajuda no caso dos militares desaparecidos. Chegou mesmo a contar-lhe a situação pessoal com o capitão Fernandes, facto que comoveu o Dr. Alberto, um excelente homem, doutorado na Suíça, que viria mais tarde a ter um fim trágico, apesar de ter dedicado a vida a lutar pelo ideal angolano. Alberto, garantiu-lhe que não havia militares capturados na base. Analisado o local do ataque e a localização da base, a distância era imensa.


- Tudo pode ter acontecido, mas não é fácil entender. Vamos continuar a indagar, apesar da dificuldade da situação.


- Porque me ajuda? -Perguntou Catarina. Alberto olhou-a serenamente e disse:


-Acredito que o amanhã da paz chegará. Respeito o inimigo, o que não quer dizer que pactue com ele. Os homens que hoje se matam ainda, um dia, se entenderão pelo diálogo, pela via diplomática, por acordos e eleições. Angola será livre e escolherá o seu caminho. Eu sou contra a violência, mas neste momento é necessária. É um paradoxo, mas para se conquistar a paz tem de se passar pela guerra.


-Lamento cada morto, seja de que lado for. Há que lhes dignificar a memória, e honrar o sangue derramado. Eles serão, no futuro, os guias para o caminho da concórdia que conduzirão os herdeiros à terra nova, prometida, e reclamarão o direito à Justiça. Morreram por uma causa, mas não vão deixar de pertencer às nossas fileiras só porque não estão visíveis a nosso lado. Eles são os guardiões do futuro, e ninguém está acima desta Lei, seja soldado ou general. Demore o tempo que demorar. A Angola dos homens livres reinará e, um por um, dos traidores, dos que asfixiarem a Paz, responderá no Tribunal da Vida. Os que sucumbiram no campo de batalha não morreram impunemente. Morreram para libertar um Povo. É uma das atitudes mais dignas do homem: libertar a Liberdade.


- Não é lógico este encontro, este diálogo, disse Catarina. Sou uma "inimiga", já que não estou do seu lado. Estou no campo contrário.


-Analisando os dados, é um encontro viciado. Tem razão. Pode até não ser aceitável e mesmo reprovável aos olhos dos meus superiores, mas eu vejo a guerra por um prisma diferente e, nem por isso, deixa de ser patriótico. Também sei que esta minha tolerância ditará, um dia o meu fim, mas não vou mudar por isso. O processo seguirá o seu curso normal. As atrocidades em nome da vitória não têm consistência e mesmo que demore décadas, chegará o “tal” dia do diálogo, do acordo, da vivência pacífica. O sangue já encharcou demais a terra angolana. Abra-se o caminho da Paz e deixem reflorescer este país, que carrega nos ombros a sua imensa riqueza e, simultaneamente, a sua chocante pobreza.


-Você está do lado contrário por circunstâncias da vida, mas não se pode matar todos os que não são dos nossos! A vitória alicerçada em carnificinas, não é vitória, é banditismo. Eu quero uma Angola civilizada onde as lutas tribais sejam ultrapassadas e, juntos, se escolha a Paz.


-Acha possível os partidos coabitarem?


-É futuro! Só esses tempos dirão dos rumos da História -estamos em 1975-, mas é necessária uma coabitação justa, livre e democrática para a felicidade de um povo. Que ela se faça com sabedoria e compaixão.


Catarina, saiu com a promessa de Alberto de que o que fosse possível fazer para saber do capitão, seria feito. Desceu a Mutamba e passou pela capela de Nossa Senhora da Muxima. Precisava do silêncio de uma igreja para coordenar ideias. Alberto pareceu-lhe mais filósofo do que guerreiro, e falava com a sabedoria dos esclarecidos. Abatida, mas simultaneamente movida por uma força interna, Catarina, recolhida na sua forma de falar com Deus, pediu-LHE ajuda e orientação. Sentia-se perdida e confusa. Flutuava nos dias, não vivia. Perdia-se em suposições sucessivas e, por isso, desesperava. ...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O PEQUENO PRÍNCIPE


Menino pequeno, perdido no mundo
sozinho e cercado de imagem e ilusão,
vagueando, vagueando sem número e data,
descobre a verdade no meio do chão.


Descobre na terra, de olhos para o céu,
pequeno menino perdido e sozinho,
reinados de estrelas, de sóis e de flores,
poemas deixados na cruz do caminho.


Menino pequeno, sozinho encontrou
prazer escondido de olhar e sonhar
viver e cantar, beijar e reinar,
deitar e chorar, num berço de ar.


Menino tão só, perdido e pequeno
que veio do céu, que acaba no mar,
com um sopro retira, do chão, essa gente
e ensina que é fácil ter asa e voar.


Menino sozinho, no mundo perdido
Menino perdido, pequeno e querido.

(Antoine de Saint-Exupéry)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

HÁ QUE SALVAR O MUNDO!


A recordação da tragédia que se abateu sobre a Indonésia, há quatro anos, ainda hoje invade as imagens dos nossos pesadelos. A beleza paradisíaca do local e a consequente destruição deixou o Mundo em estado de choque, sentindo-se impotente para entender, aceitar e ajudar. O tremendo terramoto (o mais longo da história, durou 600 segundos) de 9.3 graus de magnitude (o mais forte registado em 40 anos), na escala de Richter, ocorrido no Oceano Índico, no norte de Sumatra, em 26 Dezembro de 2004 (causou mais de 300 mil mortos – 3 mil eram turistas e a maior parte estava na praia de Khao Lak), foi um dos piores desastres naturais da história, principalmente devido ao desencadeamento da gigantesca onda (o terramoto ocorreu a 9 mil metros de profundidade) e atingiu onze países banhados pelo Índico. Os cientistas dizem que Globalmente, este terramoto foi suficiente forte para fazer vibrar todo o Planeta em um centímetro. Quer dizer: todos os países foram afectados, apesar das ocorrências se terem verificado nas profundidades marítimas. Abriram-se fendas, inclinaram-se plataformas, deslocaram-se placas, foram criadas falhas no leito submarino. A energia libertada foi destruidora.


A grande maioria das vítimas encontrava-se na província indonésia de Ache, a mais próxima do epicentro. O maremoto, com ondas de 12 metros de altura que em seis horas percorreram 6500 quilómetros de distância lançou o terror e a morte em 12 países do sul da Ásia, da Oceânia e da costa oriental de África (Somália, Quénia). Todavia, as nações mais afectadas foram, sem dúvida, Indonésia, Sri Lanka, Índia e Tailândia.


Recordar este acontecimento -aviva emoções dolorosas-, ocorrido numa zona que, frequentemente, sofre destes poderosos impactos da Natureza, mostra por um lado a fragilidade humana; e, por outro, aviva a ideia de que somos sementes neste globo azul e transparente que estamos diariamente a agredir. Passaram-se quase quatro anos mas todos retêm as imagens do dramatismo ocorrido. Para além delas lembro uma entrevista que foi feita, creio que no segundo ou terceiro dia, após a catástrofe, a um líder de uma pobre e pequeníssima aldeia onde, milagrosamente, todos se salvaram (adoraria ter a transcrição desse diálogo que achei fascinante). Lamento não ter hoje as palavras certas proferidas pelo homem muito idoso e muito sábio. Mais ou menos penso que foi assim:


-…Quando vimos o mar recuar, sabíamos que ele estava a ganhar balanço para vir, em força, entrar na guerra que sempre teve com a terra e com as árvores. Ele vinha, uma vez mais, reclamar os seus direitos e marcar o seu território. É uma guerra que não é nossa. É dele e das árvores. Tínhamos de deixar o espaço livre para eles se entenderem. Sabemos isto porque aprendemos com os nossos antepassados os comportamentos do mar e, de geração, em geração, passamos os legados da nossa herança. Assim, deixamos o campo onde se iriam passar coisas terríveis e subimos o mais alto que nos foi possível. E só saímos quando eles tinham resolvido o problema. O mar e as árvores. Não morreu ninguém. Os nossos antepassados ensinaram-nos a entender, respeitar e a sobreviver a estas forças poderosas. Não era nada connosco. Só nos restava esperar. Nada do que pudéssemos fazer iria impedir a invasão do mar.


Ainda hoje me fascinam estas palavras. Elas são de uma simplicidade e de uma sabedoria tocante. A verdade é que apesar de tudo ter ficado destruído à sua volta, aquela aldeia sobreviveu! Passaram-se anos e o Globo, quer fustigado por violentíssimas alterações climáticas ou por agressões do homem, começa a ser um sítio perigoso para se viver. Os peixes morrem nos mares, nos rios. Em cada quilómetro quadrado dos oceanos milhões de toneladas de plástico (levam entre 100 e 400 anos a decompor-se) poluem e matam. O aquecimento global é uma ameaça em constante progressão. Entre muitas e muitas coisas a necessitarem de ser feitas, para minimizar os riscos os EUA têm de diminuir, até 2050, as emissões de gases de efeito de estufa até 90% e a Europa reduzir para metade. Pela primeira vez os EUA adiantaram, diria timidamente dado o que poluem, para 2025, uma redução dos gases. É pouco mas, dado que não ratificaram o Protocolo de Quioto, já é um começo.


Mil milhões de pessoas estão ameaçadas com a subida do nível das águas; no Árctico o gelo marinho atingiu o mínimo histórico em 2007; até 2050 as populações dos ursos polares, devido ao degelo, deverá sofrer uma quebra entre 66%; o degelo da calote polar do Árctico (está a diminuir desde 1978), em poucas décadas, pode ameaçar zonas da Europa (Portugal incluído); o desaparecimento das florestas, os resíduos nucleares, a contaminação das linhas de água, é ameaça. O aumento das emissões de dióxido de carbono, também o é. Desertificações, migrações e fome, já são uma realidade. O clima, em constantes alterações, aumentará as catástrofes naturais: cheias, secas, tornados, furacões, terramotos.


Diz quem sabe que, actualmente, há 50 pessoas capazes de salvar o Planeta. È o tempo certo para agirem com o seu saber e, nós, os leigos, na procura de conhecimentos para, diariamente, os pormos em prática. Unamos esforços em todos os cantos do mundo, façamos o que nos compete nesta luta desigual mas necessária, para salvar a única casa que abriga a Humanidade.




Necessitei de avistar a Terra a partir do espaço, em toda a sua beleza e fragilidade, para compreender que a tarefa mais urgente é estimar e preservar o planeta para as gerações futuras
Sigmund Jahn
(astronauta alemão)

terça-feira, 24 de junho de 2008

UMA LISTA PARA OS PORTUGUESES ESPALHADOS PELO MUNDO

* Apaixonar-se
* Rir tanto até que as faces doam.
* Um chuveiro quente num Inverno frio.
* Um supermercado sem filas nas caixas.
* Um olhar especial.
* Receber correio (pode ser electrónico)
* Conduzir numa estrada linda.
* Ouvir a nossa música preferida no rádio.
* Ficar na cama a ouvir a chuva cair lá fora.
* Toalhas quentes acabadas de serem engomadas...
* Encontrar a blusa que se quer em saldo a metade do preço.
* Batido de chocolate (baunilha ou morango).
* Uma chamada de longa distância.
* Um banho de espuma.
*Rir baixinho.
* Uma boa conversa.
* A praia.
* Encontrar uma nota de 20 euros no casaco pendurado desde o último Inverno.
*Rir-se de si mesmo.
*Chamadas à meia-noite que duram horas.
* Correr entre os jactos de água de um aspersor.
* Rir por nenhuma razão especial.
* Alguém que te diz que és o máximo.
* Rir de uma anedota que vem à memória.
* Amigos.
* Ouvir, acidentalmente, dizer bem de nós.
* Acordar e verificar que ainda há algumas horas para continuar a dormir.
* O primeiro beijo.
* Fazer novos amigos ou passar o tempo com os velhos
* Brincar com um cachorrinho.
* Haver alguém a mexer-te no cabelo.
* Belos sonhos.
* Chocolate quente.
* Fazer-se à estrada com os amigos.
* Balancear-se num balouço.
*Embrulhar presentes sob a árvore de Natal comendo chocolates e
bebendo a bebida favorita.
* Letra de canções na capa do CD para podermos cantá-las sem nos sentirmos estúpidos.
* Ir a um bom concerto.
* Trocar um olhar com um belo(a) desconhecido(a)
* Ganhar um jogo renhido.
* Fazer bolachas de chocolate.
* Receber de amigos biscoitos feitos em casa.
* Passar tempo com amigos íntimos.
* Ver o sorriso e ouvir as gargalhadas dos amigos.
*Andar de mão dada com quem gostamos.
* Encontrar por acaso um velho amigo e ver que algumas coisas ( boas ou más) nunca mudam.
* Patinar sem cair.
* Observar o contentamento de alguém que está a abrir um presente que lhe ofereceste.
* Ver o nascer do Sol.
* Levantar-se da cama todas as manhãs e agradecer o novo dia.

E...

* Ver o arco-irís num céu cinzento.

*Escutar numa noite de Outono o cair manso da chuva em cima de uma folha da árvore da borracha.

* Sentir o frio da água quando entramos no mar.

*Olhar as gotas de chuva a deslizarem pela vidraça.

* Poder fechar olhos e viajar pelos caminhos das recordações ou dos desejos ainda por concretizar.

* Escutar a nossa canção no silêncio da saudade.

* O cheiro da café quente e das torradas douradas e fofinhas.

*Andar descalça sobre a relva fresca e húmida.

*Rir ao vento e abrir os braços às brisas.

* O cheiro do mar.

* Os encontros inesperados

* Uma sopa quente num dia de Inverno agreste.

* O saber, querer e poder ajudar quem precisa e fixar o sorriso esboçando a alegria do reconhecimento.

* Um duche no Verão, num dia (sufocante) de uma onda de calor.

* Olhar a imensidão do mar, sentada numa rocha alta.

* Comer um cachorro quente, com todos os acompanhamentos a que temos direito.

* Uma vez por ano comer Bombocas e beber uma Coca gelada, vendo o programa de Televisão favorito.

* Estar em Punta Cana e ouvir a voz do Josecito, cantando nos luares caribenhos.

* Comer manga, maracujá, papaia, fruta-pão, caju e ficar lambuzada e feliz.

* Rir, sentindo o coração palpitante.

* Ver os raios de luz passar pelas folhas das árvores e encontrarem-se com as águas cantantes de um rio pequeno, límpido e lindo.

* Escutar Jorge Afonso nas madrugadas da Antena Um e, aí, ouvir o grupo Nenes.

»»»

Recebi a primeira parte não sei de quem mas agradeço, e querendo retribuir escrevi algumas outras sugestões. Seria bom se a lista continuasse e cada um acrescentasse um pouco mais, até que um dia, sabe-se lá quando, pudesse ser tão vasta e tão magnífica que espalhasse um sentimento de felicidade por todos os portugueses espalhados pelo mundo. E, talvez, através dela, se pudessem fazer amigos.

Amigos, são anjos que nos levantam pelos pés quando as nossas asas não se conseguem lembrar como se voa.

sábado, 21 de junho de 2008

A PROVA DE ESFORÇO


...Depois do café tomado à pressa Catarina iniciou, antes das sete horas, o plano de trabalho a partir do mapa elaborado anteriormente com as chefias, em Luanda. Ficou definido que na zona em que a jornalista se encontrava não havia interdições, o que queria dizer que podia percorrer o terreno e fotografar livremente.


-Proposta aliciante, mas nada fácil de concretizar...


Pensava para si própria quando desceu a encosta que a deixou no primeiro circuito dos obstáculos. Estava uma manhã linda, tropical, com todo o esplendor que só África pode ou sabe envolver. Como tinha optado por fazer o trabalho sózinha, naquele momento não podia imaginar o que a aguardava: nada mais, nada menos, do que passar por todos os obstáculos dos instruendos! Claro que não levava arma e não estava sujeita a tempos, nem tinha classificação a defender, mas o que se lhe deparou pela frente foi mais esgotante do que estar em operações de combate. Menos perigoso e menos tenso, é verdade, mas de um desgaste físico tão intenso que depressa se apercebeu da amplitude da profecia do capitão Fernandes:

-Prepare-se.Vai ser um dia muito duro.


Catarina desceu ravinas, subiu encostas, passou por fogos cruzados, atravessou fossos, rastejou debaixo do arame farpado, ouviu o rebentar de granadas num espaço mínimo e, disfarçando, pensou que tinha ficado sem tímpanos, mas nem pestanejou. Subiu e desceu cordas, atravessou com elas riachos e margens. Gritou para que parassem de disparar as G-3, no chamado Vale da Morte, e quando o começou a percorrer perguntava a si própria se todos a teriam escutado. Caso não a tivessem ouvido, as balas roçariam os seus pés. Logo, o segredo era manter-se a passo de corrida. Certo. Catarina não corre, anda, mas eles, os atiradores, saberiam mesmo que ela era uma jornalista que apenas estava em serviço de reportagem?


Pelo sim pelo não, decide, em boa hora, tirar o boné e deixar cair livremente a cascata de caracóis louros. Descoberta a forma de capitalizar a diferença mesmo ao longe, já que o tiroteio parou até a jornalista atravessar a zona dos disparos, Catarina, lívida, respirou fundo e continuou no trilho dos obstáculos seguintes, conseguindo ainda ajudar alguns instruendos que ficavam pelo caminho. Chegou mesmo a levantar um jovem altíssimo e forte que chorando convulsivamente e agarrado à arma dizia que desistia. Foi necessária muita força física, vinda não sabe de onde, diálogo convincente, seguro e hábil para o convencer a acabar a prova que acabou por recuperar. No dia seguinte o instruendo fez questão de agradecer à jornalista pela ajuda preciosa prestada em pleno cenário das provas.


Catarina tomou apontamentos, fotografou os instruendos nas diferentes provas de perícia e de resistência. Fez sete percursos o que totalizou catorze deslocações. Aí, desistiu. Decidiu não atravessar o lago da lama e dos bichos; melhor, contornou-o (faltou-lhe a coragem e, olhá-lo, foi uma agonia), exausta, deixou-se cair no chão. Estava no limite. Tanto, que nem reparou que à sua frente, distanciados uns setenta metros, os instruendos, nus, tomavam banhos improvisados, depois da exaustiva conclusão das provas. Estava no chão e assim ficou. Olhou-os, fixou os olhos na máquina que tinha nas mãos e decidiu resolver a situação; continuar ou voltar para trás e fazer todo o trajecto novamente?


- Não consigo. -Reconheceu Catarina


-Tenho de passar por eles. Não há outra alternativa. -Pensou.


A jornalista levantou-se, agarrou na máquina (não fotografou os instruendos) e começou a andar na sua direcção já que era a única saída, a não ser que tivesse decidido voltar para trás e fazer todo o trajecto que levaria ao obstáculo inicial: passar pelas cordas suspensas, descer a ravina que conduzia à vasta área das sucessivas barreiras. Andando, no sentido do acampamento, sabia que tinha de passar primeiro pela zona dos banhos dos instruendos, não vacilou apesar das pernas lhe pesarem toneladas. Andava mas não sabia o que se iria passar. Nunca chegou a saber como tudo aconteceu, apenas viu que todos eles, à sua passagem, se viraram de costas, abrindo uma ala por onde Catarina passou. O silêncio foi total.


A jornalista andava o mais rápido que as forças lhe permitiam e pelo rosto sujo de terra, de lama e transpirado, deslizavam lágrimas de muitas emoções. Tinha compartilhado essa inibição com mais de sete centenas de homens num impressionante imprevisto ditado pelo profissionalismo e pelo respeito. Foi um dia inesquecível da sua carreira. Esmagadoramente emotivo. Sentiu-se frágil e reconhecida. Eram já cinco da tarde quando ultrapassou a zona de instrução e chegou ao acampamento.


Esgotada, suja, mas radiante, pois tinha a consciência de ter obtido matéria para um esplêndido trabalho (acabaria mais tarde por ser premiado internacionalmente). Junto da camioneta, que na noite anterior lhe tinha servido de quarto deixou cair as máquinas e as pastas. Tirando as sentinelas não viu mais ninguém. Nem se importou, só queria dormir. E fê-lo, debaixo da camioneta do reabastecimento, junto ao enorme pneu para se resguardar do calor. Foi provavelmente um sono de poucas horas, mas profundo. Só acordou quando sentiu que a puxavam pelos pés e a luz vermelha de uma lanterna a fez abrir os olhos. Não conseguiu ver a cara de quem já a segurava pelos ombros.


- Meu Deus, fui capturada.


Convenceu-se disso, o que a deixou em pânico. Não houve qualquer espécie de diálogo, e Catarina continuou sem saber quem é que a levava amparada, nem sequer para onde. Não conseguiu dizer nada. O esforço do dia e a ausência de alimentos tinha-a deixado sem forças. Lembrou-se que, em princípio, não deveria correr perigo de captura já que não se tratava de acção de combate, embora no mato tudo pudesse acontecer! Quem quer que fosse que a levava fazia-o com cuidado, portanto não era uma presença hostil. Não raciocinou, deixou-se levar no escuro por alguém. O ar da noite fê-la despertar e, então, reage.


- O que se passa, caímos numa emboscada? -Pergunta.


- Não, esteja tranquila. Só precisa de dormir, mas nunca mais, por favor, ao lado do pneu do veículo de abastecimentos. Podia ter acontecido uma desgraça. Alguém se lembra de dormir debaixo de uma camioneta daquele porte? Ninguém, creio. Mas, você, por quem eu sou responsável, tinha de o fazer! Bem lhe disse que teria sido óptimo se tivesse ficado em Luanda. Eu sou o responsável pela sua segurança, lembre-se disso. Facilite-me o trabalho.


Reconheceu a voz do capitão, não ouvia bem o que ele dizia mas sentiu-se protegida. Chegaram perto de qualquer coisa volumosa, e por isso, pararam. Escutou-se o barulho característico de um fecho de correr. Acendeu-se uma lanterna e Catarina viu uma tenda redonda, grande. Lá dentro, um saco de dormir parecia esperar por ela. O capitão ajuda-a a entrar. Olhou-a com ternura, limpou-lhe com as costas da mão a cara que estava suja de lama e disse-lhe:


-Você está um verdadeiro desastre, espero que tenha merecido a pena. Durma bem. Amanhã tem de acordar cedo porque vamos para outra zona. Estão aqui as máquinas e as pastas. Acho que se esqueceu de uma coisa imperdoável. Tal como um militar nunca larga a arma também a jornalista não deveria largar, nunca, o seu material de trabalho.


- Touché. -Respondeu Catarina, sonolenta.


Ainda se olharam e ambos sentiram que ficou algo por dizer. O capitão saiu, e Catarina caiu dentro do saco cama, que nem estava aberto e dormiu profundamente, depois de um trepidante e desafiante dia sufocante de calor, de infindáveis quilometros percorridos, de obstáculos incríveis, de provas de esforço impressionantes, depois de agarrar os melhores ângulos, os melhores momentos, imagens que cheias de vigor acabariam por lhe proporcionar a realização de um trabalho notável...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

ARISTÓTELES ONASSIS.

Talvez eu esteja a envelhecer rápido demais.
Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena.
Talvez eu sofra inúmeras desilusões
no decorrer da minha vida.
Mas farei que elas percam a importância
diante dos gestos de amor que encontrei.
Talvez eu não tenha forças
para realizar todos os meus ideais.
Mas jamais irei me considerar um derrotado.
Talvez em algum instante
eu sofra uma terrível queda.
Mas não ficarei por muito tempo
olhando para o chão.
Talvez um dia o sol deixe de brilhar.
Mas então irei banhar-me na chuva.
Talvez um dia eu sofra alguma injustiça.
Mas jamais irei assumir o papel de vítima.
Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos.
Mas terei humildade para aceitar as mãos
que se estenderão na minha direcção.
Talvez numa dessas noites frias,
eu derrame muitas lágrimas.
Mas não terei vergonha por esse gesto.
Talvez eu seja enganado inúmeras vezes.
Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar
alguém merece a minha confiança.
Talvez com o tempo eu perceba
que cometi grandes erros.
Mas não desistirei de continuar
trilhando meu caminho.
Talvez com o decorrer dos anos
eu perca grandes amizades.
Mas irei aprender que aqueles que realmente são
meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos.
Talvez algumas pessoas queiram o meu mal.
Mas irei continuar a plantar a semente da
fraternidade por onde passar.
Talvez eu fique triste ao concluir
que não consigo seguir o ritmo da música.
Mas então, farei que a música
siga o compasso dos meus passos.
Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-íris.
Mas aprenderei a desenhar um,
nem que seja dentro do meu coração.
Talvez hoje eu me sinta fraco.
Mas amanhã irei recomeçar,
nem que seja de uma maneira diferente.
Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias.
Mas terei a consciência que os verdadeiros
ensinamentos já estão gravados na minha alma.
Talvez eu me deprima por não ser capaz
de saber a letra daquela música.
Mas ficarei feliz com as outras
capacidades que possuo.
Talvez eu não tenha motivos
para grandes comemorações.
Mas não deixarei de me alegrar
com as pequenas conquistas.
Talvez a vontade de abandonar tudo
se torne minha companheira.
Mas ao invés de fugir,
irei correr atrás do que almejo.
Talvez eu não seja exatamente
quem gostaria de ser.
Mas passarei a admirar quem sou.
Porque no final saberei que,
mesmo com incontáveis dúvidas,
eu sou capaz de construir uma vida melhor.
E se ainda não me convenci disso,
é porque como diz aquele ditado:
ainda não chegou o fim.
Porque no final não haverá nenhum talvez
e sim a certeza de que a minha vida valeu a pena
e eu fiz o melhor que podia.
(A.Onassis)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

ATLÂNTIDA, ADORMECIDA NOS AÇORES?


Há madrugadas que se revestem de campos propícios a indagações mais profundas. Há lembranças, memórias, dúvidas, que nas horas serenas da noite ganham contornos fantasiosos e surgem pensamentos a exigir esclarecimento. A maior parte das vezes sem resultados positivos, mas não deixam de ser temas que fascinam, provocam e inquietam, na medida em que, à partida, já sabemos que, seguramente, não vamos ser bem sucedidas na obtenção de esclarecimentos.



Tenho uma janela que se abre para o Monte da Lua, a serra de Sintra, assim denominada por ser aquela em que a Lua todos os dias, portanto, em todas as fases, passa por ela. Bom, quando abro as vidraças para a serra automaticamente sou projectada para as dimensões que, no momento, o meu pensamento espelha. Facilmente se pode concluir que sou um ser duplamente feliz: tenho uma serra ao alcance da mão e tenho um pensamento aliado a uma imaginação que caminham (de mãos dadas) pelos férteis campos da divagação.


Numa dessas madrugadas, sempre silenciosas, surge o tema dos enigmas que continuam espalhados pelo mundo a acicatar a inteligência humana e ganha proporções entusiasmantes nesta espectadora das estrelas (eu), residindo num triângulo guardador de segredos (Sintra, Berlengas, Ericeira…) que desenha o cenário envolvente para tentar entender os Moais da Ilha de Páscoa, Macchu Picchu, os Menires Celtas e, para não me tornar demasiado minuciosa, adianto que hoje gostaria de visualizar o Continente de Atlântida (uma cultura avançadíssima. Platão referiu-se a ele, dizendo que foi destruído 9000 antes da sua era), envolta em brumas, em mistério, em descrença e, paradoxalmente, certezas. Uns dizem que nunca existiu. É lenda, apenas. Fascinante, mas lenda! Outros, após profundos estudos, não receiam afirmar que este continente se situava no Atlântico Norte, indo desde a actual costa da Florida (USA) até às ilhas Canárias e Açores.



A tese da separação dos Continentes (ler crónica de 5 de Maio) encontra no perfil da costa brasileira com a costa ocidental de África o encaixe perfeito entre o côncavo e o convexo, unindo-se caprichosamente como talhadas pelo Universo. Todavia, no extremo norte, as peças já não conseguem a junção perfeita. Pode perceber-se ao olhar os litorais da Escandinávia, Islândia, Gronelândia e Norte do Canadá. Ente a costa Norte Americana de um lado, a Europa e Norte de África de outro, existe um grande vazio! Como se faltasse uma peça do quebra-cabeças. Teria esse vazio relação com o Continente de Atlântida, desaparecido no meio do Oceano?


Sabe-se que há 100 milhões de anos os Continentes estavam unidos e o processo de separação deu-se através de violentos movimentos tectónicos que se prolongaram por milhares de anos. Neste período de separação das placas formaram-se cordilheiras. O local onde os dois grandes blocos continentais se desmembraram encontra-se demarcado por uma espécie de cordilheira submarina conhecida por Dorsal Meso-Atlântica. Assim, Atlântida, pode ter surgido numa destas formações marcadas por intenso vulcanismo.


Os historiadores não acreditam que um Continente se possa ter afundado numa noite. Mas, na década de 60, foram encontradas ruínas de uma civilização no fundo do mar perto dos Açores: vestígios de colunas gregas e um barco Fenício. E há os mais ousados que sugerem que, no caso de Atlântica não ser hoje parte dos Açores, Madeira, Canárias ou Cabo Verde, teria sido mesmo destruída pelos movimentos bruscos da crosta terrestre no local.


Continuo a olhar o perfil do Monte da Lua e sob o brilho das estrelas, recordo as palavras do Dr. Richard Chavering:


- Um grande movimento ocorreu no fundo do Atlântico e ainda está a ocorrer, ninguém pode duvidar. Em Agosto de 1923, foi enviada uma embarcação para procurar um cabo perdido que tinha sido colocado há 25 anos atrás. Sondagens efectuadas no lugar exacto revelaram que o fundo do Oceano se erguera 4 mil metros, durante aquele curto prazo de tempo.


A região do Atlântico, entre a América e a Europa, não está calma nem segura (fonte: Caminhos de Luz). Assim, como em 25 anos ou num só dia deste período, o fundo subiu 4 mil metros, podia ter descido (é mais fácil) 3 mil e poucos metros, na época da velha Atlântida. Hoje, o local assinalado daquele riquíssimo Continente, situa-se nas ilhas dos Açores e Canárias.



O futuro pertence aqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos.
(Eleanor Roosevelt)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

SCOLARI NO CHELSEA


O Chelsea anunciou a contratação de Luis Felipe Scolari, a partir de 1 de Julho de 2008 e terminou o inesperado (!) comunicado nestes termos:


-Por respeito à sua actual condição como seleccionador da equipa de Portugal, e para assegurar o mínimo de distúrbio no seu trabalho, não haverá mais comentários do Chelsea ou do próprio Felipe Scolari, acerca do seu novo emprego até que ele comece a trabalhar connosco.


Claro, diria eu. Deus os livre de pensarem ou quererem destabilizar a equipa portuguesa que necessita de concentração total e perfeita na disputa do Euro 2008. Ficarem calados até 1 de Julho? Não! Lançando a novidade cumprem o civilizado propósito de recato e sigilo, não é? Ninguém fica afectado! Isto deve ser uma forma estranha e fria de Roman Abramovich se vingar de Mourinho, seja lá pelo que for. Aliás, o comportamento do Chelsea com o seu último treinador também não prima pela lisura. E quem faz duas, faz três… Scolari que se cuide. Uma casa nunca fica bem sólida quando é erguida sobre fundações frágeis…


Também não sei o motivo que me leva a pensar em Madaíl? Ele saberia? Não saberia? Da decisão e do silêncio de Scolari! Acho que há, neste caso, uma peça mal jogada. Enquanto escrevo vejo, na televisão, as imagens dos emigrantes suíços a receberem os nossos jogadores depois do jogo ganho à República Checa e, curioso, sinto confusão.


Fico com as imagens bonitas de uma partida de futebol de multidão, de festa, de luta, de vibração. Gostei de ver Peter Cech, no túnel, antes de entrar em campo, abraçar Deco (correria na partida, 11 quilómetros) e Ricardo de Carvalho (9). Gostei de ver Bosingwa. Petit. Ricardo. Gostei de ver na segunda parte Simão e João Moutinho. E gostei muito de ver Pepe e Ricardo de Carvalho numa sintonia vibrante e brilhante. Gostei de ver Deco numa exibição nota 10 e foi emotivo e grandioso ver como a vaidade de Ronaldo (é natural, tem 22 anos. E o melhor do mundo! Isso pesa) se está a diluir e passou o esférico a Quaresma (estreante) para marcação do terceiro golo da partida. Lindo! E, claro, gostei do golaço de Cristiano Ronaldo (num passe de Deco) que venceu o imbatível Cech.


Esta partida entre Portugal e a República Checa veio provar que o êxito de Portugal frente à Turquia não foi um mero acaso. Foi, sim, uma consequência da maturação e espírito de equipa da Selecção Nacional. Nesse espírito de família deixo essas imagens a Mister Scolari. Nem lhe passa pela cabeça as saudades que vai ter de Portugal. Obrigada.



Praticamente qualquer um pode suportar a adversidade, mas se quer testar o carácter de alguém, dê-lhe poder !
(Abraham Lincoln)

terça-feira, 10 de junho de 2008

O VOO DO DESESPERO


O calor era insuportável naquela tarde em Luanda mas, Catarina, nem se apercebia das altas temperaturas que vinham tornar mais pesados os últimos acontecimentos num país em guerra. A palavra de ordem era partir a todo o custo, o que não era fácil porque os esquemas instalados na capital angolana fervilhavam em pouca ortodoxia. Catarina era uma autómata entre os outros milhares que a rodeavam na infindável fila no aeroporto de Luanda, todo ele repleto de pessoas vindas das mais diversas regiões, aguardando (muitas há mais de uma semana) a ordem mágica que lhes seria dada ao balcão de controlo -dominado por militares-, do ambicionado acesso ao avião da TAP que, na pista, fazia a ponte entre o caos e a esperança, isto é, entre Luanda e Lisboa.


Exausta e confusa, a jornalista que há sete anos tinha trocado Lisboa pelo Luso, mais tarde por Benguela e, finalmente, por Luanda, nada sentia. Era uma mera espectadora de um quadro da sua própria vida naquele cenário impregnado de dúvidas e de receios. Envolvia-a um estranho desconforto: a blusa creme, de seda natural, colava-se-lhe ao peito; os pés inchados de tantas horas parada e uma irritante dor de cabeça não a deixava raciocinar. Desesperada, perguntava a si própria até quando iria aguentar. Um dia já era passado e muitas horas pareciam estar ainda à sua frente, porque a distância que a separava do tal balcão, onde três militares decidiam com um está, ou não está (na lista), quem tinha direito ao sonhado passaporte de embarque, continuava a ser assustadoramente longa.


A fila parada cortava a esperança mesmo aos que, sabe-se lá como, ainda conseguiam guardar uma réstia de optimismo. A lista era consultada vagarosamente, e a expressão dos que ficavam a saber que não tinham os seus nomes nela afixados, era terrífica. Oscilava entre o patético e o trágico porque, uma vez decretada a sentença de ficar, na maioria dos casos significava prisão, morte ou tortura. O espírito analítico de Catarina observava e acumulava emoções. Eram tantas e tão profundas que lhe provocavam uma certa anestesia. Parecia que não sentia, flutuava. Havia demasiado sofrimento à sua volta.


Tinha passado meses e meses de massacres, de fugas, de medos escondidos e abafados naquela capital linda, debruçada para uma baía tranquila e cúmplice de muitas esperanças. Depois, passou a ser o espelho reflector das balas tracejantes que romperam os céus de Luanda. Tiroteio horas a fio, correrias debaixo de fogo cruzado, recolheres obrigatórios que não podiam ser violados porque as armas em riste disparavam sem piedade. Comida arranjada no mercado negro, o eco do martelar de caixotes, na tentativa de trazer pelo menos, um pouco do que se tinha juntado ao longo dos anos de permanência em África. Na maioria dos casos muitos anos, porque eram pessoas aí nascidas.


Apesar de endurecida pelo sofrimento, Catarina conseguia ainda sentir a dor que os rostos dos desalojados deixavam transparecer. Comovia-se. Se fosse capaz chorava, mas as lágrimas parece que tinham secado nos seus olhos. Foi um final diferente daquele que tinha imaginado para a sua permanência em Angola, para a sua vida, toda ela a repleta de dinamismo e aventura. Ser jornalista sempre lhe dera um protagonismo em cenários onde o perigo era constante, mas a guerrilha vivida naquele precioso país africano era desoladora e imprevisível. As horas continuavam a passar num ritmo lento e o ar quase irrespirável misturava odores que provocavam vómitos. Com dois sacos da Tap e uma mala de reduzidas dimensões Catarina permaneceu horas no mesmo lugar, na frustrante tentativa de embarque.


-O espólio de anos passados em Angola é reduzido, disse para si própria, quando olhou os parcos haveres e, aí, envolveu-a uma mescla de sensações indefinidas.


Havia desencanto misturado com saudade e medo mesclado de solidão, pavor até, dado que os relatos vindos de todos os cantos da Angola eram de arrepiar. Só queria embarcar, fugir, reconheceu para si própria. Era impotente para lutar contra uma causa tão poderosa. A sua fragilidade perdia-se no clamor de um profissionalismo há anos exercido com autenticidade, só que permanecer em Luanda, nas suas condições, era desafiar os deuses. A casa ficara mobilada. A geleira razoavelmente composta para os atribulados tempos. Na garrafeira, até duas garrafas de Drambuie! Quem iria usufruir dessa riqueza? Quem se iria deitar na sua cama? Ficara feita e aberta, não por um acesso de ironia, mas porque partir inesperadamente, tornou-se imperioso.


Que importa isso agora, pensou. Sem se aperceber abanou os ombros e tentou uma posição mais cómoda. Impossível! Já não havia postura para pés quase em ferida. De braços caídos, no aeroporto Craveiro Lopes, recordou como tinha sido dolorosa a despedida da sua empregada Ina, fiel e amiga, que tinha desafiado todas as normas de segurança, atravessando bairros, ruas e vielas de grande perigo, ignorando o recolher obrigatório, para estar presente na hora do adeus. Catarina, ao sair de casa não conseguiu olhar para trás. Ali ficaram enterrados sonhos, lutas e ambições. Não fechou a porta à chave deixou-a apenas no trinco. Percorreu o corredor que dava acesso ao elevador e olhou para o largo pátio do prédio.


-Nunca mais o verei. -Disse para si.


Desceu com a pouca bagagem e ficou estática na Rua Luís de Camões. Teve a sensação de estar a viver um pesadelo e desejou que a qualquer momento algo pudesse modificar a situação.Para os lados da Mutamba, via-se apenas uma mancha escura onde somente alguns fracos candeeiros se mantinham acesos. Olhou na direcção do Trópico, hotel de tantas recordações e tentou memorizá-lo, fixando o olhar no vazio. Perdida nas lembranças, chorou. À porta de casa, no momento do adeus, Ina olhou Catarina sem dizer palavra. Depois, abraçou-a e, subitamente, rompeu aos gritos, parecendo querer acordar a cidade. Não foi fácil separarem-se porque, no fundo, ambas sabiam que nunca mais se iriam ver.


Catarina tomou a iniciativa, acabou por desfazer o longo abraço de Ina. Beijou-lhe o rosto e com os dedos tentou secar-lhe as lágrimas que rolavam. As mãos uniram-se mas acabaram por se afastar tremulamente. De cabeça baixa e coração apertado entrou no carro. Fechou a porta, ligou a ignição e partiu precipitadamente. Ainda olhou para trás pelo retrovisor e a silhueta de Ina foi-se perdendo (para sempre) na distância. Sentiu-se deprimida. Triste. O carro continuou a percorrer velozmente as ruas de Luanda, chegando mesmo a enganar-se no percurso. Antes de o rectificar Catarina ainda olhou a Fortaleza, a baía. Tomou depois o caminho do aeroporto e, aí, já tudo se tinha toldado no seu espírito.


Ina tinha ficado para trás mas o seu desespero (Catarina sabia-o) iria ficar-lhe gravado na memória. Vivos estavam ainda o seu choro sofrido e o seu abraço infindável. As lágrimas à porta na rua Luís de Camões, a dor da separação, foram momentos pungentes. Nada pôde fazer por ela, e deixá-la entregue à sua sorte na perigosa Luanda, foi algo que não conseguiu perdoar a si própria. Na saturação da espera, Catarina sentiu Luanda como um local já distante, um capítulo encerrado na sua vida, uma terra de onde parecia ter já saído quando ainda estava pregada ao chão sujo de um aeroporto que conhecia tão bem e de onde tantas vezes tinha chegado, e de onde tantas vezes tinha partido, em condições completamente diferentes.


O dia da partida chegou quando Catarina conseguiu ter o bilhete da TAP na mão. Três dias depois deixou Luanda, após ultrapassadas as muitas barreiras. Foram horas difíceis, mesmo angustiantes. Partiu, deixando por resolver graves problemas. Deixou uma cidade que adorava. Afastou-se de amigos maravilhosos e sentiu um futuro incerto e muito conflituoso para o novo país, a sua Angola que lhe batia no coração. Ainda no aeroporto avaliou o dramatismo da situação quando olhando atentamente em torno de si se apercebeu, in loco, como era de angústia e de terror o sentimento que unia milhares de pessoas na ânsia de partir. Eram crianças que de olhares esbugalhados olhavam não sabiam bem o quê; eram os idosos, encostados ao canto da vida, já sem forças e sem esperanças; eram os homens, nervosos, disfarçando raivas e desencantos tentando proteger o que não já não existia. Foram-se-lhes as casas, as fazendas, amigos, anos de vida e de luta. Homens e mulheres, juntos, viviam ali, naquele espaço, raivas e medos, desencantos e incertezas, Que futuro? Que amanhãs?


Mulheres descalças, mulheres suadas, mulheres em combinação saíam estonteadas de ambulâncias e ao enfrentaram aquele mar de gente quedavam-se atónitas entre a dor, a agonia e a vergonha. Retiradas milagrosamente de Malange -uma das zonas de intensas lutas, tão intensas que a cidade acabou por ficar conhecida como a cidade branca, por ter sido necessário cobrir as ruas, os cadáveres com cal para que as epidemias de todas as espécies não proliferassem-, partiam sem nada e, se não fosse a Cruz Vermelha dar-lhes roupa, nem vestidas regressavam a Portugal. Dentro do avião foram dadas blusas, saias e vestidos e, assim, todas chegaram minimamente composta. Curiosamente, quando os passageiros desse avião chegaram ao aeroporto da Portela, viram um pequeno grupo abrir uma faixa de pano branca, onde se lia em letras garrafais escritas a vermelho e negro:


-Voltem para onde estavam, não temos pão para vocês.


Felizmente que o sofrimento já tinha anestesiado a quase totalidade dos passageiros daquele voo da agonia. Assim, a maioria, nem se apercebeu da insensibilidade desses portugueses ao exibirem palavras de hostilidade a centenas de pessoas que tinham deixado para trás toda uma vida, em tempos tão amargos marcados por atroz sofrimento. Estar em Portugal para uns era uma fatalidade, era estar por estar. Não havia nem vontade nem querer, só existia a necessidade de fugir à carnificina. Por outro, para a maioria, era um regresso indesejado porque a vida estava lá, tal como o coração e a alma.


Depois, ainda havia a franja dos autómatos, daqueles que já nem sentiam, nem viam, nem queriam querer nem crer. Limitavam-se a respirar. Dentro do cérebro ainda ecoavam os gritos dos horrores, o desespero dos aflitos, o rebentar das granadas, os uivos roucos dos moribundos, dos estripados da vida que sem forças para se arrastarem ficaram a servir de carne para os cães, para os ratos, apodrecendo nas ruas vermelhas de sangues cruzados e coagulados. Quase todos os passageiros daquele voo não queriam regressar. Foram apanhados em fogos cruzados, contradições estratégicas, péssima gestão política em Lisboa, realidades dolorosas que falaram mais alto. Por isso vieram, mas a Alma, essa, deixaram-na lá. Para sempre…


A maior perda de vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos

(G.García Márquez)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

MULHERAÇA É...


Peça a um homem para descrever uma Mulheraça. Ele, imediatamente, irá falar do tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, na forma das pernas e na cor dos olhos. Ou vai dizer que Mulheraça tem de ser loira. Longilínea. Ter 1,70m. Com silicone, estrategicamente bem colocado em pontos-chave, e ter um bonito sorriso.


Mulheraças, dentro desse conceito não existem muitas. Mas existem, claro. Lembremos Vera Fisher, Malu Mader, Lumas e Brunas (lindíssimas). Agora, pergunte a uma mulher o que é que ela considera uma Mulheraça e, aí, vai descobrir que há uma em cada esquina.


Mulheraça é aquela que apanha dois autocarros para ir para o trabalho e mais dois para voltar e, quando chegar a casa, encontra um tanque cheio de roupa para lavar e uma família cheia de fome. Mulheraça é aquela que vai de madrugada para as filas para garantir a matrícula do filho na escola e aquela aposentada que passa horas de pé, na fila do banco, para levantar uma pensão de 200 Euros. Mulheraça é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta-feira e uma família todos os dias da semana.


Mulheraça é quem volta do supermercado segurando vários sacos, depois de ter procurado os preços mais baixos e feito malabarismo com o orçamento. Mulheraça é aquela que se depila, usa cremes, que se maquilha, que faz dietas, que faz malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e perfuma-se, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista. Mulheraça é aquela que leva os filhos à natação, vai buscar os filhos à natação, leva os filhos para a cama, deita-os, conta-lhes histórias, dá-lhes um beijo e apaga (serenamente) a luz.


Mulheraça é aquela mãe de adolescente que não dorme, enquanto ele não chega. É que, de manhã bem cedo, já está a aquecer o pequeno-almoço para a família. Mulheraça é quem lecciona a troco de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem apanha uvas, é quem opera pacientes, salva vidas, é quem lava roupa para fora, é quem põe a mesa, prepara as refeições e trabalha atrás de um balcão.


Mulheraça é quem cria os filhos sozinha, é quem trabalha oito horas por dia e enfrenta a menopausa. Mulheraça é quem arruma os armários, coloca flores nas jarras, fecha as cortinas para o Sol não manchar roupas e móveis, mantém o frigorífico limpo e cheio e os cinzeiros vazios. Mulheraça é quem sabe onde está cada coisa, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para a azia. Lumas, Brumas, Carlas: mulheres nota 10, no conceito linda de morrer mas, Mulheraça, é mesmo quem mata um leão em cada dia...


Este texto, cujo autor não é conhecido, foi-me enviado por uma grande amiga. Achei que no seu todo encerra um significado rico em sensibilidade e, subtilmente, aponta contrastes e alerta para situações que, muitas vezes, podem passar despercebidas ou mesmo desvalorizadas, pelo mecanismo rotineiro com que acontecem. Em todos os cantos do Globo, desde que o mundo é mundo....


Tércio Pontes, penso que um companheiro da Net, no Brasil, soube aliar muito bem este texto a uma balada lindíssima e desejou espalhar a mensagem pelo maior número possível de visitantes. Por isso, terminou assim: passa a todas as tuas amigas que consideres uma Mulheraça. E aos amigos para que fique claro quanto é importante que seja dado o devido valor às mães, esposas, irmãs, filhos, amigos... Tércio, espero ter ajudado, pelo menos, a conquistar um leitor (a).




A vida é como um balão: quando nos deparamos com ventos fortes a solução não é lutar contra eles, mas procurar novas atitudes, novos ventos que levem na direção certa.

(Bertrand Piccard - balonista suíço que deu a volta ao mundo, sem escalas, num balão.)

domingo, 8 de junho de 2008

PORTUGAL 5 - TURQUIA O


O estádio de Genebra, cheio, vestido de rubro e de emoção (o vermelho de Portugal e o vermelho da Turquia), acabou por testemunhar um jogo que pela qualidade da Selecção Portuguesa, legitimou a esperança e o sonho que unifica pelo mundo os calorosos adeptos da Selecção das Quinas: um bom resultado final, sermos Campeões do Mundo! Tudo começou quando o Hino Nacional foi entoado por milhares de corações e, por entre arrepios e entusiasmo, o relvado helvético preparou-se para 90 minutos com 11 jogadores portugueses que funcionaram como uma equipa coesa, uma verdadeira família, com espírito de grupo, e concretizaram uma exibição que muitos consideram já como a melhor da era Scolari, apesar da estrelinha da sorte não estar do nosso lado e do árbitro que, parece, toca muito bem piano, se ter revelado míope em relação, pelo menos, às violentas agressões a Simão Sabrosa e Nani, que deixou sangue no relvado.


Tudo foi saboroso. A estreia de João Moutinho, fabuloso, sempre, mas o passe de bandeja (vindo de Ronaldo), aos 90 minutos, quando passa o esférico ao estreante Raul Meireles e este o lança directo à baliza resulta num fecho de jogo arrebatador, inesquecível (sofre coração...) que terminou no placard com 2 golos para Portugal (deviam ser 5 já que um -de Pepe- foi invalidado e mais dois acertaram no poste). Foi um resultado diminuto para tanta qualidade. A Turquia não marcou.


O resultado brilhante, dedicado por toda a equipa a Quim, o guarda-redes que teve a infelicidade de, no último chuto, no treino final antes da estreia no Euro, ficar lesionado e impossibilitado de jogar durante quatro a seis semanas. Curiosamente parece que este infortúnio solidificou a união da nossa Selecção que funcionou (como devia funcionar o País) intrinsecamente. Jogámos em equipa. Quim vai ser substituído por Nuno Espírito Santo e com esta inesperada força divina, sabe-se lá se não é desta que, no final, vamos, sorridentes, abrir o peito ao Mundo.


Não foi uma partida de estrelas (e temos muitas), elas souberam ser sabedoras e humildes. Ronaldo, a nossa Jóia da Coroa, teve muitas dificuldades porque, como se pensava, foi marcado, bloqueado, do princípio ao fim e, quando o libertaram, proporcionou o golo de Meireles que estreando-se minutos antes na Selecção foi premiado pelos deuses (e por Ronaldo e Moutinho, claro) com um golo que não o deve deixar dormir esta noite, tal não deverá ser o entusiasmo da recordação.


Particularmente acho que aquela baliza de Genebra estava viciada. A facilidade como as bolas acertaram no poste (duas de Nuno Gomes) foi impressionante e desesperante. Apesar de termos dominado o jogo (tivemos 53% de posse de bola) com uma exibição de grande qualidade, só aos 61 minutos, Pepe (num passe de Nuno Gomes), marcou um golo a sério, dado que já tinha marcado um outro que foi invalidado por Pepe estar fora de jogo. Sem se aperceber disso comemorou primeiro golo com grande entusiasmo. Só que não havia bola dentro da baliza! Teria de esperar pela segunda parte para marcar a sério. Ele seria considerado, após a partida, como o melhor jogador em campo.


A brilhante exibição que legitimou o sonho colectivo de triunfo (com calma, sem entusiasmos desmedidos, sem vaidades. Jogo a jogo, a disputar por uma equipa de luxo que muitos já dizem ser a melhor Selecção dos últimos tempos) foi, como já referi, preciosa: pela coesão. Pela defesa (avaliada em 100 milhões de euros) que, frente a Ricardo formaram uma barreira impressionante. Pelos centrais, pelo meio campo. Lembro Petit, Simão Bosingwa, Deco, Ricardo Carvalho, Pepe, Nani, Nuno Gomes, e até Paulo Ferreira como defesa esquerda, que não é o lugar dele.

Descoberta a força colectivista da Selecção Nacional que se revelou inspiradora, fazendo dela, pelo menos naquela noite (inolvidável) uma Selecção de Ouro, há que repetir, repetir e repetir a dose. Serem cada vez mais unidos, jogando de mãos dadas para a conquista de grandes triunfos e excelentes e exuberantes espectáculos de show de bola, distribuindo alegria aos adeptos, enchendo estádios e conquistando, com savoir faire, as manchetes do mundo pela positiva e pela classe.


E, se Ronaldo descobrir um repelente que use antes de entrar em campo, para ver se não é constantemente bloqueado pelos adversários (ou escreva na camisola: tenho sarampo), o caminho certo pode estar à frente dos portugueses. Os três pontos conquistados foram suados e merecidos. Bastou um jogo para conquistarmos 50% da classificação.Temos uma Selecção e tanto...
(Ler crónica de 7 de Fevereiro de 2008).



Sucesso e genialidade, são 10 por cento de inspiração e 90 por cento de transpiração.
(Albert Einstein)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O SONHO DE HILLARY


Apesar dos cinco meses frenéticos em que a senadora de Nova Iorque, Hillary Clinton, conquistou a preferência de mais de 17 milhões de apoiantes, o sonho de conquistar a Casa Branca esfumou-se quando o seu rival de partido, o senador de Illinois, Barack Obama conseguiu os delegados suficientes para ser eleito pelo Partido Democrata como o candidato escolhido para, em Novembro (4), defrontar o Republicano McCain.


Estas primárias democratas americanas onde os nomes dos pré-candidatos Hillary e Obama, protagonizaram acesas intervenções, galvanizando comícios por todo o país, mobilizando, como nunca se viu o povo americano, conquistando 36 milhões de eleitores que participaram calorosamente. No próximo sábado, a aceitação pública e oficial de Hillary da sua derrota do sonho branco -Casa que é a sede oficial do poder executivo dos Estados Unidos da América, e a residência oficial do presidente da República, localizada em Washington, na avenida Pensilvânia, número 1600-, a ex-primeira-dama muda, por certo, de estratégia e focaliza-se, provavelmente, noutro objectivo: a vice-presidência. Mas, também aqui a situação não vai ser fácil (a mulher de Obama não gosta da senadora de NY).Os apoiantes de Hillary estão desiludidos e muitos dizem ir votar em McCain, mas segundo o representante por Nova York, Charles Rangel, um mais dos fiéis apoiantes de Hillary, afirmou:


-Todos os democratas vão defender Obama, apesar de muitos seguidores da senadora por Nova York estarem com o coração partido. Se tivermos Obama/Hillary acredito que isso reuniria os Democratas como nada mais o poderia fazer.


A dinâmica de Hillary, frente aos que a escutavam em comícios electrizantes, semearam o entusiasmo e a esperança. O próprio Obama não lhe negou elogios e disse:


-A América deve agradecer o que ela fez. Realizou uma campanha fantástica.


A senadora Clinton participará num evento em Washington para agradecer aos seus partidários e manifestar o apoio a Obama e à unidade do partido. Este foi o breve comunicado emitido, cessando assim as hostilidades eleitorais entre Hillary e Obama que têm pela frente a tarefa (difícil) de unificar o Partido Democrata, desgastado pela luta entre os dois pré-candidatos.



-Disse durante a campanha que apoiaria fortemente o senador Obama se ele fosse o eleito do Partido Democrata, e pretendo cumprir esta promessa, afirmou Hillary, na mensagem publicada por vários jornais.


Nos bastidores crê-se que o lugar de vice na equipa de Obama seria bem aceite por Hillary (há quem defenda que, sozinho, Obama não vencerá McCain), mas nem todos partilham dessa opinião, argumentando que isso seria contraditório à mensagem de Obama que focava a necessidade de se olhar para o futuro e terminar de vez com o passado (referindo-se às dinastias Bush, Clinton) e o super-delegado Jimmy Carter, antigo Presidente norte-americano disse, ao pronunciar-se sobre o tema:



-Penso que seria o pior erro que poderia ser cometido. Esta dupla só iria cumular de aspectos negativos os dois candidatos. O antigo Presidente, que só há dias anunciou o seu apoio a Obama, citou uma sondagem recente segundo a qual 50 por cento dos eleitores americanos tinham uma opinião negativa da senadora de Nova Iorque.


-Se pensarmos que 50 por cento não querem simplesmente votar em Clinton e se a isto juntarmos aqueles que pensam que Obama não é branco, é demasiado novo ou pouco experiente, ou que tem um segundo sobrenome que soa a árabe, então teremos a pior das combinações, afirmou.



A partir de sábado, a senadora de Nova Iorque (terminou o sonho de ser a primeira mulher presidente dos EUA) e o senador de Illinois, unir-se-ão na defesa da mesma linha de conduta que deixará Obama frente-a-frente ao republicano Jonh McCain que, tranquilo (tem tido tempo para preparar-se mental e fisicamente para o confronto que, diz-se, será titânico), tem testemunhado o esforço, o desgaste, as derrotas e as vitórias dos dois rivais. E, sem esforço, talvez tenha derrotado aquele (a) que o venceria. As sondagens sobre Obama não são muito favoráveis, no confronto com o veterano McCain (se entrar na Casa Branca será o presidente mais idoso de sempre).


Enquanto se aguardam os futuros acontecimentos no ritmo que gradualmente irão conquistar, haverá uma disputa entre dois candidatos às eleições presidenciais americanas onde só um dos dois será o vencedor e o futuro Presidente da América.Obama ou McCain? Estejamos atentos e, até lá, vamos levantar um pouco do véu sobre a tão disputada, desejada e sonhada Casa que é mesmo Branca (White House) e que acolhe os Presidentes da América.


Foi construída depois da criação do Distrito de Columbia por um Acto do Congresso em Dezembro de 1790. O presidente George Washington ajudou a escolher o local, junto com Pierre L'Enfant. O arquitecto foi escolhido numa competição que recebeu nove propostas. A honra foi concedida a James Hoban, um irlandês, e a construção começou com a colocação da pedra angular em Outubro de 1792.O edifício desenhado por Hoban foi influenciado pelos primeiro e segundo andares de Leinster House, um palácio ducal de Dublin, República da Irlanda, o qual é, actualmente, o lugar das duas câmaras do Oireachtas, o Parlamento irlandês. Vários outros palácios rurais irlandeses da era Georgiana foram sugeridos como fontes de inspiração.


Um diário conservado pelo comissário de construções do Distrito de Columbia regista que os apoios da residência principal foram executados por escravos. As fundações foram, igualmente, construídas por trabalho escravo e muito do restante trabalho no edifício foi realizado por imigrantes, muitos deles ainda sem a cidadania. As paredes de arenito foram erguidas por imigrantes escoceses, assim como as decorações com grinaldas em alto relevo por cima da entrada Norte e o padrão em "escama de peixe" sob os frontões das remates das janelas. Muitos dos trabalhos em tijolo e reboco foi produzido por imigrantes irlandeses e italianos. A construção inicial estendeu-se por um período superior a oito anos, com um custo de 232.371,83 dólares (2,4 milhões de dólares em 2005). Apesar de ainda não estar completa, a Casa Branca estava pronta para ser ocupada no dia 1 de Novembro de 1800. Quando o palácio presidencial ficou concluído, as porosas paredes de arenito foram revestidas com uma mistura de cal grude, caseína e chumbo, dando ao edifício a sua cor familiar e o seu nome


O edifício foi originalmente referenciado como Palácio do Presidente, Mansão Presidencial ou Casa do Presidente. É comum o falso conceito de que o termo The White House (A Casa Branca) só passou a a ser usado depois da Guerra de 1812, quando o palácio foi queimado e pintado de novo. De qualquer forma, as primeiras evidências de ter sido chamado pela população de White House foram registadas em 1811, três anos antes de o edifício ter sido incendiado. O nome Mansão Executiva foi usado em contextos oficiais até que o Presidente Theodore Roosevelt estabeleceu o nome formal, tendo de facto o nome White House–Washington gravado nos artigos de papelaria em 1901. No actual timbre, o estilo de escrita das palavras "The White House", com a palavra "Washington" centrada abaixo, remonta à administração do Presidente Franklin Roosevelt. Apesar de apenas ter sido construído alguns anos depois da presidência de George Washington, também foi especulado que o nome o nome da residência tradicional do Presidente dos Estados Unidos da América pode ter derivado da propriedade de Martha Curtis Washington, a Plantação Casa Branca (White House Plantation), no Condado de New Kent, Virginia, onde o primeiro Presidente da nação e a sua primeira-dama partilharam muitas recordações agradáveis durante o seu namoro, em meados do século XVIII.


John Adams tornou-se no primeiro Presidente a residir no edifício a 1 de Novembro de 1800. Durante o segundo dia que passou na Casa Branca, Adams escreveu uma carta à sua esposa, Abigail, contendo uma oração pela casa. Adams escreveu:


-Rezo ao Céu para conceder a melhor das bênçãos a esta Casa, e a todos os que a habitarão. Ninguém pode, senão homens honestos e sábios, governar debaixo deste telhado.


Franklin Delano Roosevelt mandou esculpir a benção de Adams na cornija da lareira da Sala de Jantar de Estado. Adams viveu na casa durante pouco tempo, sendo o edifício rapidamente ocupado por Thomas Jefferson que considerou como a Casa Branca poderia ser acrescentada. Com Benjamin Henry Latrobe, ajudou a delinear o desenho para as Colunatas Este e Oeste, pequenas alas que ajudam a conciliar as operações domésticas de lavandaria, um estábulo e um depósito. Actualmente, as colonatas de Jefferson ligam a residência com as Alas Este e Oeste.


Durante a Guerra de 1812 grande parte da cidade de Washington foi queimada pelas tropas britânicas em retaliação pelo incêndio dos Edifícios do Parlamento do Canadá Superior na Batalha de York (actual Toronto), deixando a Casa Branca totalmente destruída. Apenas restaram as paredes exteriores, e mesmo estas tiveram que ser deitadas abaixo e reconstruídas na sua maior parte devido ao enfraquecimento causado pelo fogo e consequente exposição aos elementos, excepto em alguns trechos da parede Sul. Surgiu então a lenda durante a reconstrução do edifício, segundo a qual as pinturas brancas foram aplicadas para mascarar os danos causados pelo fogo, dando ao edifício a sua tonalidade homónima. Isto não tem fundamento, uma vez que o edifício sempre teve a cor branca desde a sua construção, em 1798.


Dos numerosos espólios levados da Casa Branca quando esta foi saqueada pelas tropas britânicas, apenas dois foram recuperados — uma pintura de George Washington, resgatada pela então primeira-dama Dolley Madison, e uma caixa de jóias devolvida ao Presidente Franklin Delano Roosevelt, em 1939, por um canadiano que afirmou que o seu avô a levara de Washington. A maior parte das peças perderam-se quando um comboio de navios britânicos, conduzida pelo navio HMS Fantome, se afundou no caminho para Halifax, durante uma tempestade ocorrida na noite de 24 de Novembro de 1814.


Em 1948 o palácio presidencial tornou-se tão instável que o Presidente Harry Truman o abandonou, mudando-se para a Blair House, do outro lado da rua, entre 1949 e 1951. A reconstrução requereu o desmantelamento total dos espaços interiores, a construção de uma nova estrutura interna em aço e a reconstrução das salas originais dentro da nova estrutura. Foram feitas algumas alterações à planta do andar térreo, sendo a mais importante a reposição da grande escadaria a abrir para o Hall de Entrada, em vez de abrir para a Galeria Cruzada. Foi instalado ar condicionado central e adicionadas duas sub-caves para providenciar mais espaço para salas de trabalho, depósitos e um abrigo contra bombas.


Os Trumans mudaram-se de volta para a Casa Branca no dia 27 de Março de 1952. Enquanto que o edificio foi salvo pela reconstrução de Truman, a maior parte dos acabamentos interiores foram genéricos e de pouco valor histórico. Grande parte das obras de estuque originais, algumas datadas da reconstrução de 1814 a 1816, ficaram demasiado danificadas para reinstalar, tal como o robusto apainelamento de Beaux Arts original, na Sala Este.


Jacqueline Kennedy, esposa do Presidente John F. Kennedy (19611963) dirigiu a mais extensa e histórica redecoração efectuada no edifício. Henry Francis du Pont do Winterthur Museum presidiu um Comité de Belas Artes da Casa Branca. Foram feitas pesquisas sobre o uso e decoração das primitivas salas da casa. Foram seleccionadas vários períodos do início da república como tema para cada sala: o estilo Federal para a Sala Verde; o estilo Império Francês para a Sala Azul; o estilo Império Americano para a Sala Vermelha; o estilo Luís XVI para a Sala Oval Amarela; e o estilo Vitoriano para o estúdio presidencial, renomeado para Sala do Tratado.Foi adquirido mobiliário antigo e fabricados e instalados ornamentos e decorações baseados em documentos da época. Muitas das antiguidades, pinturas refinadas e outros melhoramentos do período Kennedy foram oferecidos à Casa Branca por ricos doadores.


Os restauros Kennedy resultaram numa Casa Branca com um gosto quase real, o qual foi chamado de gosto francês de Madison e Monroe. Muito do gosto francês, originada com o decorador de interiores Stéphane Boudin da Casa Jansen (Maison Jansen), uma firma de design de interiores de Paris que havia desenhado os interiores para Elsie de Wolfe, Lady Olive Baillie, para as Famílias Reais da Bélgica e Irão para o Reichsbank durante o período do Nacional Socialismo e para o Leeds Castle, no Kent. O primeiro guia da Casa Branca foi produzido sob a direcção do curador Lorraine Waxman Pearce com supervisão directa de Jacqueline Kennedy. A sua venda ajudou no financiamento do restauro.


O Comité de Belas Artes dos Kennedy tornou-se, mais tarde e com autorização do Congresso, no Comité para a Preservação da Casa Branca, cuja missão é manter a integridade histórica da Casa Branca. O comité trabalha com a Primeira Família, habitualmente representada pela primeira-dama, o curador da Casa Branca e o chefe do Pessoal. Desde o estabelecimento do comité, cada família presidencial tem feito algumas alterações aos locais de habitação familiares da Casa Branca, mas as alterações nas Salas de Aparato têm que ser todas aprovadas pelo Comité para a Preservação.


*Durante a administração de Richard Nixon, a primeira-dama Pat Nixon remobilou a Sala Verde, a Sala Azul e a Sala Vermelha.

*Na década de 1990 o presidente Bill Clinton e a primeira-dama Hillary Clinton remobilaram algumas salas.

*Durante a administração Clinton a Sala Este, a Sala Azul, a Sala de Jantar de Estado, e a Sala de Estar Lincoln foram remobiladas. Um recente remobilamento do Quarto de Lincoln teve início durante a administração Clinton e foi concluído durante a administração do Presidente George W. Bush, tendo início, então, o remobilamento da Sala Verde e da Sala Este.


A Casa Branca foi um dos primeiros edifícios governamentais de Washington acessível a cadeiras de rodas, com modificações efectuadas durante a presidência de Franklin D. Roosevelt, que necessitou de usar cadeira de rodas como resultado da sua doença. Na década de 1990, Hillary Rodham Clinton, por sugestão da Directora do Gabinete de Visitantes, Melinda N. Bates, aprovou a adição de uma rampa no corredor da Ala Este. Esta permite um fácil acesso de cadeiras de rodas nas visitas públicas e em eventos especiais com ingresso pela entrada de segurança do edifício no lado Este.


A residencia original fica situada no centro do conjunto. Duas colunatas desenhadas por Jefferson – uma a Este e outra a Oeste – servem, actualmente, para ligar a Alas Este e Oeste, adicionadas mais tarde. A Residência Executiva acolhe a habitação do Presidente, além de salas de cerimónia e de entretenimento oficial. O Andar de Aparato do edifício residencial inclui a Sala Este, a Sala Verde, a Sala Azul, a Sala Vermelha e a Sala de Jantar de Estado, além da Sala de Jantar da Família. O terceiro piso da residência da família inclui a Sala Oval Amarela, as Galerias de Estar Este e Oeste, a Sala de Jantar do Presidente, a Sala do Tratado, o Quarto de Lincoln e o Quarto de Queens.


A Ala Oeste acolhe o gabinete do Presidente (o famoso Gabinete Oval) e gabinetes da equipe de funcionários sénior, com salas para cerca de 50 empregados. Também contém a Sala do Gabinete, onde o Gabinete dos Estados Unidos se reúne, e a Sala da Situação da Casa Branca. Alguns membros da equipa do Presidente estão alojados no adjacente Velhos Edifício do Gabinete Executivo, antigamente o edifício do Estado de Guerra e Marinha, e por vezes conhecido como o Edifício do Gabinete Executivo Eisenhower.


A Ala Este, a qual contém espaço adicional para gabinetes, foi acrescentada à Casa Branca em 1942. Entre os seus usos, tem acolhido, de forma intermitente, os gabinetes do pessoal da primeira-dama dos Estados Unidos da América, e o Gabinete Social da Casa Branca. Rosalynn Carter, em 1977, foi a primeira a dispor do seu gabinete pessoal na Ala Este, e a primeira a chamá-lo formalmente de Gabinete da Primeira-Dama. A Ala Este foi construída durante a Segunda Guerra Mundial, com o objectivo de ocultar a construção de um bunker subterrâneo a ser usado em situações de emergência. O bunker ficaria conhecido como Centro de Operações da Emergência Presidencial.


Antes da construção do Pórtico Norte maior parte dos eventos públicos tinham entrada pelo relvado Sul, o qual foi aplanado e plantado por Thomas Jefferson que também desenhou um plano de plantações para o relvado Norte que incluía três grandes árvores que deveriam obscurecer a maior parte do edifício a partir da Avenida Pensilvânia. Em meados do século XIX, foram construídas estufas, cada vez maiores, no lado Oeste do edifício, onde está localizada a actual Ala Oeste.


Durante este período o relvado Norte foi plantado com leitos ornamentais de flores estilo tapete. Apesar de os jardins da Casa Branca terem tido muitos jardineiros ao longo da sua história, o desenho geral, ainda amplamente usado como plano mestre na actualidade, foi criado em 1935 por Frederick Law Olmsted, Jr., da firma Olmsted Brothers, sob encomenda do Presidente Franklin D. Roosevelt. Durante a administração Kennedy, o Roseiral da Casa Branca foi redesenhado por Rachel Lambert Mellon. O Roseiral orna a Colonata Oeste. Delimitando a Colonata Este fica o Jardim Jacqueline Kennedy, o qual foi iniciado por Jacqueline Kennedy mas terminado depois do assassinato do seu marido.


No fim-de-semana de 23 de Junho de 2006, um Ulmeiro Americano centenário, do lado Norte do edifício, foi derrubado durante uma das muitas tempestades ocorridas naquele mês. Este ulmeiro está representado no reverso da nota de 20 dólares. Acredita-se que esta árvore terá sido plantada entre 1902 e 1906, durante a administração de Theodore Roosevelt. Entre as árvores mais velhas do parque, encontram-se várias magnólias-brancas, plantadas por Andrew Jackson


Tal como aconteceu com os palácios rurais da Inglaterra e da Irlanda que lhe serviram de modelo, a Casa Branca foi, desde o início, notavelmente aberta ao público até ao início do século XX. O Presidente Thomas Jefferson manteve uma casa aberta para a sua segunda inauguração, em 1805, e muitas das pessoas presentes na sua cerimónia de juramento no Capitólio seguiram-no a casa, onde foram recebidas na Sala Azul. Estas casas abertas, por vezes, tornavam-se rudes: em 1829, o Presidente Andrew Jackson teve que ir para um hotel quando cerca de 20.000 cidadãos celebraram a sua inauguração na presidência, no interior da Casa Branca.Os seus ajudantes acabaram por ser obrigados a atrair a multidão para o exterior com tinas cheias com um potente cocktail de sumo de laranja e whiskey. Mesmo assim, a prática continuou até 1885, quando o recém-eleito Grover Cleveland organizou uma revista presidencial às tropas a partir de uma tribuna em vez da tradicional casa aberta. Jefferson também permitiu visitas públicas à sua residência, as quais tiveram continuação, excepto durante os tempos de guerra, e iniciaram a tradição das recepções anuais no Dia de Ano Novo e no Catorze de Julho.Estas recepções terminaram no início da década de 1930, embora o Presidente Bill Clinton tenha recuperado a tradição da casa aberta do Dia de Ano Novo durante o seu primeiro mandato.


A Casa Branca permanece acessível de outras formas; o Presidente Abraham Lincoln queixou-se que era constantemente cercado por perseguidores de empregos que esperavam para lhe pedir nomeações políticas ou outros favores, ou por excêntricos distribuidores de conselhos, como o "General" Daniel Pratt, quando começava o dia de trabalhos. Lincoln aguentou com a contrariedade em vez de correr o risco de alienar alguns associados ou amigos de poderosos fabricantes de opinião. Em anos recentes, a Casa Branca tem estado fechada a visitantes devidos às preocupações com o terrorismo.O Complexo Casa Branca está protegido pelo United States Secret Service e pela United States Park Police.


No seu interior existem 132 salas, 35 casas de banho, 6 depósitos, 412 portas, 147 janelas, 28 lareiras, 8 escadarias 3 elevadores, 5 chefes de cozinha a tempo integral, 5.000 visitantes diários, um campo de ténis, uma pista de bowling, um cinema, uma pista de corrida e uma piscina.


A Casa Branca recebeu o serviço de telégrafo na década de 1850 e o serviço telefónico na década de 1890. O principal número da central telefónica da Casa Branca é o 202-456-1414. Robert Redford no papel de Bob Woodward é visto a procurar e a marcar o número no filme Os Homens do Presidente. Isso foi discutido durante a crise do Médio Oriente, em 1990, quando o Secretário de Estado James Baker disse:


-Todos devem saber que o número de telefone (da Casa Branca) é o 1-202-456-1414. Quando quiseram falar a sério sobre paz, telefonem-nos.


A Casa Branca mantém uma linha de comentários para registar opiniões de voz no número telefónico 202-456-1111.O website oficial da Casa Branca é http://www.whitehouse.gov/. Esta foi estabelecida no dia 17 de Outubro de 1994, durante a administração do Presidente Clinton. As duas versões do website usadas pela administração Clinton foram guardadas pelos Arquivos Nacionais e pela Administração de Registos. Ambas são mantidas a funcionar, com ligações activas. O primeiro site da Casa Branca pode ser encontrado em http://clinton1.nara.gov/, e o segundo em http://clinton2.nara.gov/. Estão entre os primeiros exemplos de preservação histórica de meios de comunicação digitais.


Falar da Casa Branca é um interessante tema que demoraria longas horas. Vali-me da Wikipédia, para aflorar alguns temas talvez desconhecidos por muitos mas de relevância. Esta é a tal Casa que Hillary conhece muito bem e à qual gostaria de voltar. Isso não vai acontecer mas, ou Obama ou McCain, será o futuro locatário.