Brumas de Sintra

Ponto de encontro entre a fantasia e a realidade. Alinhar de pensamentos e evocação de factos que povoam a imaginação ou a memória. Divagações nos momentos calmos e silenciosos que ajudam à concentração, no balanço dos dias que se partilham através da janela que, entretanto, se abriu para a lonjura das grandes distâncias. Sem fronteiras, nem limites

A minha foto
Nome:
Localização: Portugal

O meu nome é Maria Elvira Bento. Gosto de olhar para o meu computador e reconhecer nele um excelente ouvinte. Simultaneamente, fidelíssimo, capaz de guardar o meu espólio e transportá-lo, seja para onde for, sempre que solicitado. http://brumasdesintra.blogspot.com e brumasdesintra.wordpress.com

domingo, 31 de agosto de 2008

DIANA - A DAMA DO LAGO

Foto: Galeria Windows



De tantos títulos que teve: Sua Alteza Real a Princesa de Gales, Condessa de Chester, Duquesa da Cornualha, Duquesa de Rothesay, Condessa de Carrick, Baronesa de Renfrew, Senhora das Ilhas e Princesa da Escócia, certamente Diana foi, em vida, a sua melhor identificação. Depois do fatídico desastre, na noite de 31 de Agosto de 1997, no Túnel da Alma, em Paris, A Dama do Lago, foi a mais inspirada homenagem a uma mulher que na vida teve o mundo a seus pés, apesar da sua imensa solidão.


Não sei o que me leva a não acreditar que Diana, a Princesa do Povo, esteja sepultada num lago de Althorp (propriedade da família, em Inglaterra), ladeado por 36 árvores (os anos da sua breve existência) onde quatro cisnes negros deslizam pelas águas mansas, salpicadas de rosas brancas e lírios aquáticos. É muito isolamento para uma mulher que tanto lutou, em vida, para não estar só, no meio de multidões que a admiravam.


Sozinha, no seu oásis de paz, acima das nossas dúvidas em relação ao desastre que a vitimou, a verdade é que, apesar de se terem passados 11 anos, continua a sentir-se que a mataram: a vida, o destino, o motorista, o pilar, o carro, a velocidade, o dia, a hora. Fosse o que fosse, quem quer que fosse ou como fosse, Diana de Gales estava sentada no banco de trás do Mercedes. Não fez nada para morrer, algo se encarregou de o fazer, sem lhe dar tempo para se despedir da vida. Três milhões de pessoas, através da Televisão, disseram-lhe adeus.



Até onde conseguimos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão da mera existência
(Carl Jung)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

QUE ANGOLA CONTINUE A MARAVILHAR AS ESTRELAS

Foto: Ricardo Oliveira


Ao encontrar esta foto no Portal do Governo onde o Primeiro-Ministro José Sócrates e o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, se cumprimentam durante a 62.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (NY), em 24 Setembro de 2007, inspirei-me para falar de Angola. A saudade é uma profunda influência que valoriza esta espécie de contemplação privilegiada à distância onde as memórias percorrem os caminhos da emoção. Apetece-me partilhar com algum viajante da blogosfera que -por um feliz acaso (para mim) me descubra-, um tema sempre emocionante, inspirador e intenso: Angola!


À partida, tenho assegurado um vendaval de sensações. È! Recordar, é viver! A Angola que povoa as minhas lembranças já não é, por certo, a Angola de hoje mas, a essência está lá: a beleza trepidante, a imensidão (1.246.700Km2) destemida das lonjuras africanas, o fascínio do exótico que envolve e enfeitiça. Ilumina-se-me já o rosto só por começar a recordar: quando as luzes da cidade e o cintilar das estrelas se debruçavam sobre a baía de Luanda, acontecia magia e a prata ondulante, num ritual de movimentos, encantava. Cada noite era uma descoberta. Cada dia, um esplendor.


Já não há, creio, a Cuca, fresquinha, saboreada (lentamente) na brisa das noites tropicais, na esplanada do Baleizão. Os saborosos sorvetes do Pólo Norte, parece-me que, também, já não moram lá. Não sei se o Avenida ainda abre as suas portas (vi Antígona, imensas vezes) aos apreciadores de Teatro. A Igreja da Nossa Senhora da Muxima, está. Continua e permanecerá, é um ponto de culto como se fosse um dos corações da cidade. Recordo a Mutamba, os machimbombos que dali partiam em todas as direcções; os jardins (fabulosos) e a piscina de Alvalade; a Igreja moderna da Sagrada Família. O restaurante Pezinhos na Água, uma delícia, já deve ter sido substituído e os passeios doces ao Farol da Restinga, era convite irrecusável. Ainda recordo como era saboroso o mata-bicho que se tomava na Tentativa ou o marisco no Cacuaco, Novo Redondo, Malange. E as quitandeiras, de vestes longas, geralmente negras, e as suas frutas frescas e saborosas: abacate, mamão, fruta-pinha, múcua, goiaba, caju, maboque, carambola, sape-sape, pitanga. Um mundo (imenso) de iguarias.


O meu vigor e agilidade mental transbordam saudade inspirada (?) que, reconheço, não devo alongar. É que Luanda é linda! Benguela, um sufoco (no bom sentido do termo), por entre as acácias rubras e a Praia Morena, tudo é entusiasmante. Lobito, uma maravilha que se abre para o visitante quando passa pelos flamingos rosa. Luso, vibrante na sua grandeza era o músculo tonificado e ágil do Moxico. Sá da Bandeira, corria-se o risco de não respirar tal era a beleza. E Tundavala? Capricho dos céus. Só pode! Depois, todas as outras cidades e lugares que já mudaram de nome que encantaram gerações e continuam a revigorar-se no seu encanto natural.


A minha Luanda não era a do trânsito desesperante, segundo dizem notícias recentes. Também não era das cidades mais caras do mundo e ir ao Trópico era uma rotina acessível, tal como jantar nos restaurantes da Restinga. Também não era a Luanda que crescia para cima, altos prédios (Torres Atlântico, por exemplo) que, creio, se estão a construir mas, Angola, também não era o sétimo país no mundo com maior desenvolvimento. Angola fervilha, que o digam os 70 mil portugueses (as viagens são caras e as autorizações de entrada no país são difíceis, o que dificulta entradas e o próprio turismo, embora muitos e excelentes hotéis e resorts estejam a ser construídos. Angola é deslumbrante!) que testemunham diariamente o seu frenético ritmo. Luanda alindou-se, higienizou-se. Está uma cidade colorida, limpa e disciplinada. Prepara-se para as eleições (as últimas foram em 1992) legislativas que se realizarão a 5 e 6 de Setembro e, segundo o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, decorrerão num clima de paz, harmonia e fraternidade e serão um exemplo para o mundo democrático:


-Se os partidos políticos respeitarem as normas legais em vigor na sua actividade eleitoral, vamos todos vencer e contribuir para a construção do país democrático dos nossos sonhos. Eu estou certo de que assim será e que Angola vai vencer.


No sector da Banca e da Construção os investidores portugueses têm, em Angola, uma participação muito positiva e notícias recentes confirmam que investidores angolanos virão também negociar em Portugal. As relações entre os dois países são boas. As empresas portuguesas sentem-se bem em Angola porque se sentem em casa, mas também as empresas angolanas se sentem em casa em Portugal, disse José Sócrates numa das suas visitas a Angola. Os Governos de Portugal e Angola assinaram em Luanda um acordo que vai permitir, em Janeiro de 2009, a ida de 200 professores portugueses para dar formação a professores angolanos O principal objectivo da ida dos docentes é a preparação de professores que vão intervir no ensino básico e, particularmente, no primário. Cunene (Sul), Benguela (litoral), Moxico (Leste) e Cuanza Sul, foram as primeiras províncias escolhidas pelas dificuldades que apresentam na colocação de professores formados.


Por momentos voltei a Angola e recordei-a em vários quadrantes. A importância emocional dessas memórias imbuídas de tanta beleza, chega a doer: Quedas do Duque (Malange), Morro da Cruz (Luanda), os imbondeiros do Cuando Cubango, Kissamba, por onde o Bengo passa, as pedras negras do Pungo Andongo, Gabela, a imensidão do Namibe, o miradouro da Lua, os rápidos da Epupa, as cachoeiras do Queve, cascata da Huíla, Cuanza Sul…Que Angola continue a maravilhar as estrelas; não pare de crescer, de se modernizar, de cuidar da herança dos seus antepassados e a cuidar do seu povo.




A arte de vencer é a arte de ser ora audacioso, ora prudente
(Napoleão Bonaparte)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

HILLARY - O DISCURSO DA UNIÃO

Foto: Galeria Windows


É possível que dentro de uma hora Hillary Clinton, em Denver, esteja já a fazer na segunda noite da Convenção Nacional Democrata, o tão esperado discurso que muitos analistas e apoiantes (70%) consideram como o apelo ao futuro e ao equilíbrio da união partidária. A tarefa é muito difícil e Hillary sente nos ombros a responsabilidade de unir o Partido e convencer os seus apoiantes, no total representam 18 milhões de votos, a apoiar Barack Obama. Porém, estima-se que 30% deles, teimosamente, negam ou parecem negar-se a seguir a voz da candidata por eles escolhida que, em sua análise, continua a ser a melhor. E, não escondem: se não é ela, o voto irá para McCain!


Aqui está um cenário que tem de ser contrariado. Já sem os votos dos fieis seguidores de Hillary, o candidato republicano está empatado com o candidato democrata. A posição de Obama, neste momento, não é nada reconfortante. Hillary poderá ajudar. Talvez tenha de engolir alguns sapos mas como responsável patriota que há anos demonstra ser, ela não quer a vitória dos republicanos. Por isso, seguramente, pedirá aos milhares de assistentes que a 4 de Novembro votem em força em Obama.


A missão de Hillary é ingrata e tem várias vertentes: se por um lado se candidatou à Casa Branca era para ganhar mas, perdeu! Aceitou dignamente a derrota e quando muitos esperavam (e ela própria, talvez. Os Kennedy`s ainda estavam nos bastidores) que seria indicada para vice-presidente Barack Obama escolhe Joseph Biden. Assim, duplamente derrotada, a senadora de NY tem de ser, esta madrugada (em Portugal) a voz da noite, apaziguadora de exaltações e conduzir o seu discurso no apelo à união que ajudará a América nos novos rumos. E, se por um acaso estranho do destino -não é habitual diga-se, Hillary é uma política experiente, tem carisma e o dom de conquistar, galvanizar, plateias-, nada (hoje) lhe corresse bem e não conseguisse dominar os seus milhões de votantes o facto reverteria contra ela e a sua carreira política ficaria marcada por esse desaire. Hoje, é absolutamente necessário (para os democratas) que Obama saia em apoteose, apesar de Hillary, assim que subir ao palco da Convenção, enquanto lá estiver, ofuscar tudo e todos à sua volta. Mesmo Barack Obama!


Como diria em bom português estas eleições Presidenciais americanas são um verdadeiro bico-de-obra. É que apesar da Obamania a América continua dividida o que não é bom, por todos os motivos e até pelo braço de ferro que parece esboçar-se na actual rigidez das relações com a Rússia que, como se sabe, tem tendência para se fortalecer. Se ganha Obama, ele tem de ser o homem mais protegido do planeta e senhor de uma grande coragem fisica e mental, como reagirão os americanos? Se ganha McCain? Mais experiência, é certo mas, diz-se, a continuação da dinastia Bush.


Se Obama ganhar terá o senador Biden (65 anos) como vice. Dele diz-se que é uma pessoa que tudo lhe acontece. O bom e o mau, mas tem conseguido, sempre, renascer das dificuldades: duas candidaturas falhadas à presidência, um trágico acidente de viação (faleceu a mulher e a filha mais nova e dois filhos gravemente feridos. Voltou a casar e tem desse casamento uma filha). Tem sabido manter-se entre os fracassos e os êxitos. É profundamente católico e diz-se que traz sempre no bolso um terço. Se Obama for Presidente dos EUA, Biden será o primeiro vice-presidente católico na Casa Branca. Tem experiência política e sólidos conhecimentos de política internacional. É um excelente orador e uma (quase) vocação para gaffes. Em 2007 quando lançou a sua candidatura disse de Obama:


-É o primeiro candidato presidencial afro-americano articulado, brilhante, limpo e bem-parecido. Biden telefonou mais tarde a Obama garantindo-lhe que não o queria ofender.


Sobre a escolha de Biden, Hillary disse:


-É um líder experiente e servidor público devotado, e será um vice-presidente dinâmico e incisivo.


Obama, apresentou-o desta forma, num comício em Springfield, Illinois:


-Um líder pronto para ser presidente.




Se conheces o inimigo e te conheces a ti mesmo, não precisas de temer o resultado de cem batalhas. Se te conheces a ti mesmo, mas não conheces o inimigo, por cada vitória sofrerás também uma derrota. Se não te conheces a ti mesmo nem conheces o inimigo, perderás todas as batalhas.
(Sun Tzu)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

EI! VIVA, AME, SONHE, ACREDITE...


* Texto : Charles Chaplin
Foto: Imagem JPEG



Ei! Sorria. Mas não se esconda atrás desse sorriso, mostre aquilo que você é, sem medo. Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu. Viva! Tente. A vida não passa de uma tentativa. Ei! Ame, acima de tudo ame a tudo e a todos. Deles depende a sua felicidade completa. Não feche os olhos para a violência do mundo, não ignore a fome! Esqueça a bomba mas, antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz. Procure o que há de bom em tudo e em todos. Não faça dos defeitos uma distancia mas, sim, uma aproximação.


Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver. Entenda! Entenda as que pensam diferente de você, não as reprove. Ei! Olhe. Olhe a sua volta, olhe os amigos. Você, hoje, já tornou alguém feliz? Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo? Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você. Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme o seu sonho em fuga. Acredite! Espere! Haverá sempre uma solução, sempre brilhará uma estrela.


Chore! Lute! Faça aquilo que você gosta, sinta o que há dentro de você. Ei! Ouça. Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante. Suba, faça dos obstáculos degraus para alcançar aquilo que acha supremo, mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida. Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você. Procure, acima de tudo, ser gente; eu também vou tentar. Ei! Não se vá embora. Eu preciso dizer-lhe que a adoro, simplesmente por que você existe!




O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar
(Charles Chaplin)



sábado, 23 de agosto de 2008

IRMÃ DAS ESTRELAS E DAS ÁRVORES

Foto: Windows


Procure viver em harmonia com as pessoas que estão à sua volta, sem abdicar da sua dignidade. Fale a sua verdade, clara e mansamente. Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história. No meio do barulho e da agitação, caminhe tranquilo, pensando na paz que pode encontrar no silêncio. Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito. Não se compare com os outros, olhando as pessoas como superiores ou inferiores: isso a tornaria superficial e amarga.Viva intensamente os seus ideais e o que já conseguiu realizar.

Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja: ele é um verdadeiro tesouro na contínua mudança dos tempos. Seja prudente em tudo que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas. Mas não fique cego para o bem que sempre existe. Há muitas pessoas que lutam por nobres causas. Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Sobretudo, não finja afeição e não transforme o amor numa brincadeira, pois no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva. Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.

Cultive a força do espírito e estará preparada para enfrentar as surpresas da sorte adversa. Não se desespere com perigos imaginários: muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão. Ao lado de uma sadia disciplina, conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade.Você é filha do Universo, irmã das estrelas e das árvores, merece estar aqui. E mesmo que não consiga perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino. Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome que lhe der. No meio de seus trabalhos e aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo do ser, a harmonia e a paz. Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito. Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade.

*Texto de autor desconhecido (fonte:optimismoemrede), encontrado em Baltimore, na antiga Igreja de Saint-Paul, em 1632.



As árvores de raízes mais fundas são sempre as que sobem mais alto
(Frédéric Mistral)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

AS DIFERENÇAS DE NAIDE E DE NÉLSON

Foto:Sapo

Portugal testemunhou o duplo bloqueio mental de Naide Gomes. O segundo, após o inesperado afastamento da final do salto em comprimento nos Jogos Olímpicos de Pequim, quando tudo parecia indicar que a valorosa atleta iria ganhar uma das três medalhas e, provavelmente, subiria ao pódio, escutando o Hino Nacional, já que era uma das favoritas ao ouro.


-Estou sem palavras. Nem consigo chorar... E olhando-lhe o rosto testemunhava-se o sofrimento e a desolação. Sofria a atleta e sofriam todos os que estavam com ela, quer em Pequim, quer espalhados pelo mundo. Portugal sentiu um banho de gelo percorrer-lhe a esperança.


Naide fez dois saltos nulos e no terceiro registou 6,29 metros, menos 83 centímetros do que o seu recorde nacional e melhor marca mundial do ano. A campeã do Mundo em pista coberta e detentora da melhor marca mundial do ano, com os 7,12 metros alcançados em 29 de Julho, no Mónaco, em Pequim ficou, apenas, no grupo das 12 primeiras classificadas.


Mas o primeiro bloqueio mental de Naide, para mim, que gosto de analisar o comportamento das pessoas antes dos grandes acontecimentos, fiquei de pé atrás quando a ouvi dizer:


-
Não prometo ganhar medalhas. Vou dar o meu melhor…


Na altura (via TV), senti que Naide, sem se aperceber estava a distanciar-se (no subconsciente) das medalhas e a programar-se, perigosamente, para dar, apenas, o máximo. Fez-me lembrar Cristiano Ronaldo quando, em Inglaterra, festejava a vitória dos muitos prémios que recebeu e dos êxitos do seu clube, dizia:


-No Euro 2008 não vou estar tão fresco assim. As minhas pernas já vão estar cansadas… E, como se viu, estavam! Não foi brilhante a sua participação, se pensarmos no valor que tem. Há meses que, involuntariamente, já tinha decidido mentalmente que ia estar cansado!


Hoje, Portugal sorriu, feliz, com a vitória de Nélson Évora, que deu a este povo -um pouco desanimado-, a primeira medalha de ouro (12 anos, após Atlanta) e prepara-se para, em peso, amanhã, testemunhar a Bandeira Nacional subir, lentamente, ao som do Hino Nacional. E vai fixar os olhos do atleta, tentando ler-lhe a Alma e ouvir o descompasso do bater de um coração emocionado. E a emoção já é muita.


Foi lindo o salto triplo de Nélson, que alcançou a marca de 17m67, no quarto ensaio, e não vacilou quando, ainda no segundo lugar, testemunhou a prova do britânico Philips Idowu, campeão mundial de pista coberta e de Leevan Sands, das Bahamas. Creio que um ou dois dias antes do grande dia, quando um jornalista focava o valor dos atletas concorrentes, Nélson, descontraído e seguro, disse que não se importava nada que os grandes nomes estivessem na disputa da prova:


-Ainda bem, só valoriza. Que venham todos, estou cá. Eu estou na melhor forma de sempre


Este era o programa mental do atleta: preparado para a vitória, desde que chegou a Pequim. Não se fragilizou perante a grandiosidade dos Jogos, dos adversários, aliás, pela sua expressão ( nas fotos que chegavam) via-se tranquilidade e confiança. E, assim, com valor e determinação o novo campeão olímpico português segue, feliz, as pisadas de Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro. Ele saltou para o Infinito! Parabéns.




Eu gosto muito mais dos sonhos de amanhã do que da história do passado.
(Thomas Jefferson)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

ROSAS VERMELHAS PARA UMA ATLETA FELIZ



Vanessa de Sousa Fernandes (filha do ciclista Venceslau Fernandes, que tem sido mais do que pai, mais do que treinador, mais do que força: tem sido o exemplo, o símbolo, a magia), nascida em Perosinho, a 14 de Setembro de 1985, é, até agora, dia 18, a única atleta portuguesa que nos Jogos Olímpicos de Pequim, de 2008, conseguiu subir ao pódio (foto: site da atleta), ganhando a medalha de prata (a australiana Emma Snowsill, foi a primeira classificada) que, na simplicidade dos grandes, Vanessa, sente como se fosse de ouro.


Ora, aqui, reside o ponto forte desta jovem que nasceu no País errado. Valor e simplicidade.Trabalhadora e ambiciosa. Não se endeusou no sabor do seu palmarés que já é notável. Infelizmente, também no sector do desporto a realidade portuguesa é primária quando deveria ser (que importante seria) uma base sólida a partir dos primeiros anos de escolaridade. E, continua a não ser! Assim, mandar atletas para uns Jogos Olímpicos é atirá-los um pouco à sorte. Não há uma política desportiva contínua. Não há, sequer, uma mentalidade desportiva, só o futebol parece seduzir multidões. Quando aparece uma Rosa Mota um Carlos Lopes, não se fica a dever à realidade (à estrutura, apoio) nacional mas ao rigor, à entrega levada (diariamente) ao extremo do esforço de quem quer ser –a sério- atleta de craveira internacional.


Vanessa, do Sport Lisboa e Benfica, iniciou-se aos 15 anos no campo desportivo, mas seria no Trialto de Peniche, em 1999, que se profissionalizaria. Os seus treinadores são: Sérgio Santos, António Jourdan e Bruno Salvador. Vanessa foi oitava no Triatlo olímpico dos Jogos de Atenas. Em 2006, chegou à primeira posição do ranking mundial de Triatlo, renovando a vitória em 2007. A vice-campeã olímpica é recordista de Taças do Mundo e com mais títulos internacionais que os seus 22 anos. É obra!Uma medalha de prata com o brilho do ouro para a jovem de 22 anos que a encheu de alegria. Tanta foi, tanto a sentiu e tanto a interiorizou que fez questão, num momento tão especial, de a partilhar com o seu guia de sempre: o pai. Sem esquecer a mãe, claro


-A eles devo tudo o que tenho. Dedico-lhes esta vitória. Partilho a medalha com o meu pai. É uma homenagem ao trabalho que fez, ao que competiu e às dificuldades que passou. Tudo o que conseguiu e me deu.


Apesar de ser tão jovem tem sobre a sua carreira ideias muito definidas e sabe que sem trabalho duro, duríssimo, ambição, não se conquistam suadas vitórias.


-Nunca na vida vinha para aqui para viajar e ver os Jogos. Para isso não vinha. Há pessoas a quem lhes é igual ficar em 50º ou 20º ou o que quer que seja. Nunca pensaria assim. Até ficava desiludida se pensasse dessa maneira. Os resultados é que me dão ambição para fazer melhor para a próxima. E nunca estou satisfeita...



Toda a nossa vida é uma primavera, porque temos em nós a verdade que não envelhece, e essa verdade anima toda a nossa caminhada
(Cirilo de Alexandria
)

sábado, 16 de agosto de 2008

A PERFECCIONISTA



Madonna faz, hoje, 16 de Agosto, cinquenta anos. Assinala-lhe o tempo o seu cartão de identificação já que, sem esforço, ao olharmos as suas fotos actuais reconhecemos duas coisas: o tempo não tem sido rigoroso, tem-se revelado um amigo benévolo e, Madonna (Louise Veronica Ciccone Ritchie), tem sabido merecer essa benesse. A melhor maneira que encontro para a definir é: perfeccionista! Só assim se compreende que esta cantora americana (nasceu no Michigan) compositora, dançarina, produtora musical e cinematográfica, actriz e, ultimamente, escritora de enorme sucesso, tivesse arrebatado ao longo da sua carreira, oito Grammy, um Globo de Ouro (Evita) e mais de 120 prémios e consiga, após todas estas proezas, manter um espírito inabalável e uma performance invejável. Vendeu de 207 milhões de álbuns e 126 milhões de singles no mundo inteiro, tornando-se a cantora feminina que mais facturou na história da música mundial. Madonna é a cantora mais rica do mundo, com uma fortuna estimada em 850 milhões de dólares, e o Guinness Book of Records, considerou-a como a Artista Feminina Melhor Sucedida de Todos os Tempos.


De 1982 ao nascimento da sua primeira filha (Lurdes Maria. Tem também David Banda e Rocco. Fala-se em separação mas o marido, Guy Ritchie, tem tentado salvar a união) há como que uma barreira invisível que separa a dinâmica profissional da chamada Rainha da Pop. As suas actuações deixaram de ser tão polémicas (temas políticos, sexuais e religiosos chegaram a escandalizar) e ousadíssimas mas mantiveram sempre um rigor profissional impressionante. O nascimento da filha modificou-a e a participação no filme Evita (1996), papel pelo qual lutou com unhas e dentes, também. Ray Of Light (1998) foi considerado por muitos seu melhor disco, rendeu-lhe quatro Grammys e seis prémios do MTV. Confessions on a Dance Flor (2005), alcançou um recorde mundial ao atingir o Top das preferências em 40 países, o maior número alcançado por um álbum. Em 11 de Março de 2008 Madonna, entrou para Hall of Fame do Rock and Roll, título americano atribuído aos artistas que fazem história e têm grande importância e influência no mundo da música, pelo menos ao longo de 25 anos.


As metamorfoses de Madonna continuam a conquistar plateias mundiais e o número de admiradores não pára de aumentar, rendidos à voz e, principalmente, ao rigor e à beleza dos seus espectáculos. No dia em que comemora os 50 anos a artista inicia uma digressão mundial que a trará a Portugal, a 14 de Setembro. O encontro vai ser, seguramente, empolgante. Em cima do palco estará uma exigente e brilhante profissional que conquistará logo no primeiro segundo e galvanizará a assistência até ao minuto final. Com a sua irreverência, entrega, provocação e qualidade. Esse é o símbolo de garantia de Madonna, a aniversariante. Parabéns.



Cada um fabrica o seu destino, a fortuna não tem nisso nenhuma participação.
(Miguel de Cervantes)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

ELEMENTOS DE SEGURANÇA NO INTERIOR DOS BANCOS


A vida não está mais difícil. As ameaças, de toda a espécie, não são mais intensas. A violência não está mais implacável. As pessoas não estão mais desesperadas. E o futuro não está mais ameaçador. O que acontece é que nós, humanos, mudámos de filme. Passámos, num fechar de olhos, para outro canal e nem reparámos que tudo à nossa volta mudou! Tudo mudou. O tempo e a realidade. O clima. A estrutura social. A realidade financeira globalizada. As políticas internas e externas. O crescimento das novas potências e o empalidecer das consideradas fortes. A avidez desenfreada pelo controle do petróleo e a ameaça futura da escassez da água que será o petróleo das décadas vindouras.


É verdade, tudo mudou. Portugal não voltará a ser o País de brandos costumes onde andar a passear, à noite, era uma saborosa rotina. Aqui já chegou quase tudo (há que saber ler os sinais), droga, máfias, violência absurda a pessoas e bens, roubos e mais roubos. Sem rigor estatístico creio que de cinco em cinco dias é roubada uma caixa do multibanco. E roubadas em hospitais, centros comerciais, tribunais. De quatro em quatro dias um banco é assaltado e nós, os intervenientes do novo filme, andamos ao sabor dos acontecimentos, desafiando a sorte que pensamos ter guardado no baú da esperança.


Mas o mundo actual mudou e para se viver nele e sobreviver, exigem-se alterações rápidas e eficazes. Não há espaço para deslizes. Estamos no tempo da mudança. Comecemos pelos Bancos: para quando no seu interior e à porta, segurança? Privada ou não. Ou é normal depois das centenas de bancos já assaltados os clientes entrarem neles e sujeitarem-se a tudo o que possa acontecer, quando o que querem é apenas movimentar as suas contas, pagar os seus compromissos ou optar por novas soluções financeiras. E, quando sai, se tudo correu bem, pensar: uf! não foi desta!


Perguntem aos reféns a sensação de o ser? Porquê continuar no facilitismo? Os bancos são fáceis de assaltar! É quase um convite. Um homem sozinho, em 30 segundos, concretiza um assalto e, até consegue executar dois num dia. E a segurança? Dos empregados e dos clientes? Até as discotecas que não têm os lucros comparados aos da banca têm segurança permanente. Ou os clientes já têm direito a seguro de vida assim que pisam o interior de uma instituição bancária?


Não há muito para pensar, ou se começam a tomar atitudes precisas nos casos vulneráveis ou qualquer dia andamos na rua com medo da própria sombra. E, isso, que não pode acontecer. Um país não cresce com um povo manietado pela insegurança. O Governo tem medidas para tomar e sabe, tal como nós, como têm de defender o futuro e os portugueses.





Acredito firmemente que a única coisa a temer é o próprio medo
(Franklin Roosevelt)



quarta-feira, 13 de agosto de 2008

QUANDO ME AMEI DE VERDADE



Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto. E, então, relaxei. Hoje, sei que isso tem nome... AUTO-ESTIMA. Quando me amei de verdade, apercebi-me que a minha angústia e o meu sofrimento emocional, não passavam de um sinal de que estava a ir contra as minhas verdades.
Hoje, sei que isso é...AUTENTICIDADE.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que me acontecia contribuía para o meu crescimento.
Hoje, chamo a isso... AMADURECIMENTO.


Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação -ou alguém- apenas para realizar aquilo que se deseja, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu. Hoje, sei que o nome disso é... RESPEITO. Quando me amei de verdade, comecei por me livrar de tudo o que não fosse saudável. Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me deprimisse. De início a minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje, sei que se chama... AMOR PRÓPRIO.


Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje, sei que isso é... SIMPLICIDADE. Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje, descobri a... HUMILDADE. Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, mantenho-me no presente, que é onde a vida acontece. Hoje, vivo um dia de cada vez.
Isso é... PLENITUDE.



Quando me amei de verdade, apercebi-me que a minha mente pode-me atormentar e decepcionar. Mas, quando a coloco a serviço do meu coração, ela torna-se numa grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... SABER VIVER!!!
-C.Chaplin-



Para o triunfo do mal, basta que os bons fiquem de braços cruzados
(Charles Chaplin)


segunda-feira, 11 de agosto de 2008

"ESPERO POR TI NA CHAMPIONS"



O sorteio da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões escolheu o Vitória de Guimarães, tornando-o, assim, no representante de Portugal. A tarefa vai ser difícil já que o clube vimaranense tem de enfrentar, entre outros, Liverpool, Arsenal ou Juventus. O primeiro round começará já na quarta-feira, pelas 20.30 horas, no estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, enfrentando o Basileia e, vencendo-o, o Vitória entrará na fase de grupos da prestigiada Liga dos Campeões.


A notícia não é novidade mas, pelo menos para mim, novidade foi a reacção de José Mourinho, ao serviço do Inter de Milão (já venceu a Liga pelo F.C.Porto), ao manifestar publicamente a sua admiração e respeito pelo clube minhoto e adeptos.


-Sempre respeitei o Vitória e sempre admirei o clube e a relação com os adeptos. Sempre gostei de jogar no vosso estádio, porque fui sempre tratado com correcção. O Vitória é um grande clube e com um grande coração. Os adeptos são o seu coração. Como adversário, sempre que joguei no vosso estádio, não esqueço que fui tratado com respeito. Gostaria de aí voltar, já este ano, para jogar a Liga dos Campeões. O Vitória merece esse prémio, os seus jogadores, o seu treinador, a sua direcção e, volto a repeti-lo, os seus adeptos.

Acho que Portugal merece igualmente três clubes na Champions. O sorteio da pré-eliminatória não foi madrasta. Sinto que o Vitória tem qualidade para vencer o Basileia e entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões. Vou torcer por vós, vou torcer por Portugal e vou torcer por um grande clube que sempre soube ser especial. Boa sorte Vitória. Espero por ti na Champions



Um líder é alguém que sabe o que quer alcançar e consegue comunicá-lo
[
Margaret Thatcher ]


"O MEU GOLO FOI LINDO"



Há muito que não falo do Special One e já sentia uma certa saudade da miscelânea de sentimentos em relação a José Mourinho (não tenho o grato gosto de conhecer pessoalmente mas que fazer? O mundo não é de todo perfeito...) e sempre que leio notícias a seu respeito não deixo de sorrir, ele é geneticamente contundente mesmo que esboce aquele sedutor e irreverente olhar que oscila entre a provocação e o encanto.


Portanto, além de sorrir (há uma certa admiração da minha parte, para quê negar? Está patente na escrita, não?), proporciona-me a possibilidade de constatar a sua agilidade mental e a agudeza da sua inteligência (ele é inteligente e ponto final, o que não quer dizer que eu concorde que tenha optado pelo Inter). Não escondo que, por vezes, irrita-me (tiro e queda), irrita-me mas, acabo por perdoá-lo (é um pouco como a pescadinha de rabo na boca. É sina).

Por exemplo, fiquei entre o irritada e o sorridente quando li a sua resposta a Claudio Ranieri, treinador da Juventus

-Ranieri tem razão no que disse (...não preciso de vencer para estar seguro no que faço...). Sou muito exigente comigo mesmo e preciso de vencer para estar seguro das coisas. Por isso mesmo venci tantos troféus na minha carreira. Ele (Claudio) tem a mentalidade de uma pessoa que não precisa de vencer e, com quase 70 anos, venceu uma Supertaça e uma outra pequena Taça. Está demasiado velho para mudar de mentalidade.


Bom, o que ele (Mourinho) argumenta está certo. Ele (Claudio), tem quase 70 anos e tem dois troféus na sua carreira (não é impossível mas muito pouco provável que consiga inverter, agora, o seu padrão mental) o que, convenhamos é muito pouco comparando com a trajectória do José Mourinho mas, havia necessidade de tal frieza? Foi como um golpe de espada num local vital. Mas o Special One não se fica por aqui. Para completar o ramalhete (não tem nada a ver com as flores que imprimi nesta crónica. É que não tenho mais imagens, estas vinham no computador, demorei oito -8- meses a descobri-las e não sei aceder a outras) o actual treinador do Inter completa:


-Ranieri falou uma vez sobre mim e ficou feliz; falou uma segunda vez e ficou feliz; depois falou uma terceira vez e ficou ainda mais feliz. Eu falei apenas uma vez e ele ficou aborrecido. Se quisermos ficar por aqui tudo bem. Ele ganha 3-1, mas o meu golo foi lindo!



O carácter de um homem faz o seu destino
[
Demócrito ]

domingo, 10 de agosto de 2008

A CADA SEGUNDO NASCEM MIL SÓIS




...Não importa o nosso aspecto, aquilo de que somos feitos ou de onde viemos. Desde que vivamos neste Universo e tenhamos um talento modesto para a matemática, mais cedo ou mais tarde descobri-lo-emos. Já aqui se encontra. Está dentro de tudo. Não precisamos de deixar o nosso planeta para o encontrarmos. No tecido do espaço e na natureza da matéria, como numa grande obra de arte, encontra-se, em letras pequenas, a assinatura do artista. Erguendo-se acima de humanos, deuses e demónios, subsumindo zeladores e construtores de túneis, existe uma inteligência que antecede o Universo...

*

...Observe, uma vez mais. É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Nela vivem ou viveram todas as pessoas que ama, todas as pessoas que conhece, todas as pessoas de que ouviu falar, todos os seres humanos que alguma vez existiram.A conjunção da nossa alegria e do nosso sofrimento, milhares de religiões confiantes, ideologias e doutrinas económicas, todos os caçadores e recolectores, todos os heróis e cobardes, todos os criadores e destruidores da civilização, todos os reis e camponeses, todos os jovens casais apaixonados, todas as mães e pais, crianças esperançadas, inventores e exploradores, todos os professores de moral, todos os políticos corruptos, todas as "super estrelas", todos os «líderes supremos», todos os santos e pecadores da História da nossa espécie viveram lá – numa partícula de poeira suspensa num raio solar...

*

...Habitamos um Universo onde os átomos são formados no centro das estrelas, onde a cada segundo nascem mil sóis, onde a vida é lançada pela luz solar e acesa nos ares e águas dos planetas jovens, onde a matéria-prima para a evolução biológica é algumas vezes obtida de uma explosão de uma estrela na outra metade da Via-Láctea, onde algo belo como uma galáxia é formado cem biliões de vezes, um Cosmos de quasars e quarks, flocos de neve e pirilampos, onde pode haver buracos negros, outros universos e civilizações extraterrestres cujas radio mensagens estão até este momento a atingir a Terra...

*

...Muito pálidas, pela comparação, são as pretensões das superstições e pseudociências; como é importante para nós nos dedicarmos a entendermos a ciência, este esforço caracteristicamente humano. Eu afirmo que existe muito mais maravilha na Ciência do que na pseudociência. E, além disso, em qualquer medida que este termo tenha algum sentido, a Ciência tem a virtude adicional, que não é desprezível, de ser verdadeira. Caso se explicasse a Ciência ao indivíduo médio de uma maneira que fosse acessível e emocionante, não haveria espaço para a pseudociência. Mas há um tipo da Lei de Gresham que estabelece que na cultura popular a Ciência ruim tira o espaço da boa.

*

E penso que a culpa disso é, em primeiro lugar de nós, comunidade científica, por não fazermos um trabalho melhor de popularização da Ciência, e, em segundo, dos media, que é nesse sentido quase uniformemente terrível. Todos os jornais na América têm uma coluna diária de astrologia. Quantos têm uma coluna, ao menos semanal, de astronomia? E eu acredito que também é culpa do sistema educacional. Nós não ensinamos como pensar. Esta é uma falha muito séria que pode até, num mundo equipado com 60.000 armas nucleares, comprometer o futuro da Humanidade...

*

...A época mais excitante, satisfatória e estimulante para se estar vivo é justamente aquela em que se passa da ignorância ao conhecimento desses assuntos fundamentais; a época em que se começa na imaginação e se termina no entendimento. Em todos os 4 biliões de anos da história da vida no nosso planeta, e nos 4 milhões de anos de história da família humana, só a uma geração cabe o privilégio de viver este momento único de transição: essa geração é a nossa... Livros: O Ponto Azul-Claro e Contacto - C. S.

A ausência da evidência não significa evidência da ausência

(Carl Sagan)

sábado, 9 de agosto de 2008

AINDA É TEMPO DE OUVIR A VOZ DOS VENTOS



Não é possível que você suporte a barra
De olhar nos olhos do quem morre em suas mãos
E ver no mar se debater o sofrimento
E até sentir-se um vencedor nesse momento


Não é possível que no fundo do seu peito
O seu coração não tenha lágrimas guardadas
Para derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que você deixou manchadas


Os seus netos vão perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam Oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão


O gosto amargo do silêncio na sua boca
Vai leva-lo de volta ao mar e a fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão


Como é possível que você tenha a coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Pede a chance de existência no futuro


Mudar o seu rumo e procurar os seus sentimentos
Vai fazer de si um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor
(As Baleias - Roberto Carlos)



Eu avistei mais longe que muitos porque fiquei de pé em ombros de gigantes

(Albert Einstein)




terça-feira, 5 de agosto de 2008

DEUSES, SÃO DEUSES, MAS A TAREFA É MONUMENTAL!

Lembro-me perfeitamente, em 2004, no estádio de Atenas, da imagem do representante chinês a desfraldar, sorridente, a bandeira Olímpica, assinalando a passagem de testemunho da Grécia à China, país escolhido para a realização dos Jogos Olímpicos de 2008, na sua XXIX edição. E, na altura, dei comigo a pensar: não vai ser nada fácil.


A poucas horas da abertura oficial dos Jogos que decorrerão em Pequim (cidade com 18 milhões de habitantes) de 8 a 24 de Agosto, dos sonhados Jogos, que a China parece esperar desde 1922 (rezam as crónicas) penso rigorosamente a mesma coisa. Os Jogos Olímpicos devem ser espectaculares (62 mil milhões de euros gastos na realização, a maior verba desde sempre) só a cerimónia de abertura, para a qual andam a ensaiar há seis meses, contará com 160 mil participantes e 70 mil convidados, já para não falar dos 90 mil que se estimam estejam presentes no Ninho de Pássaro, o fabuloso estádio onde decorrerá a abertura oficial. A concretização dos eventos nos 32 locais escolhidos para o efeito vai ter que se lhe diga. Porquê? Por tudo! Ou os deuses estão juntos e para aí virados ou a luta vai ser dura...


Uma poluição de cortar à faca, uma permanente neblina que nada tem de romântica, um calor sufocante, ameaça de chuva precisamente para a hora da inauguração. Previsão de tufões na zona. Em Pequim, respira-se pesado e o odor dos escapes de milhões de carros (conseguiram, agora, reduzir três milhões), não facilita a vida de ninguém, muito menos a dos atletas que, para além das dificuldades próprias de umas Olimpíadas, têm pela frente, pelo menos, a ameaça de alergias, dificuldades respiratórias que se irão ressentir nos resultados obtidos. Por tudo isto, ou não, a ausência de turistas (esperavam-se 500 mil) baralhou o comércio, embora estejam a chegar aos milhares.


Depois, há as manifestações locais motivadas pelas obras que desalojaram muitos moradores. O antigo tema dos Direitos Humanos, do Tibete, vão fazer-se ouvir, apesar dos milhares de polícias destacados para a segurança. A ameaça de terrorismo é forte. A poluição (a China é o segundo país mais poluído do mundo. A Rússia, o primeiro), o trânsito infernal, hotéis sem a ocupação desejada, atentados a quatro dias (um número que os chineses nem escrevem) da grande cerimónia que reunirá atletas de dezenas de países, são motivos para fazer empalidecer a mais forte organização, mas os chineses continuam firmes no propósito de deslumbrar o mundo.


Para o dia 8 a China enfrenta entusiasticamente (à sua maneira) a grande epopeia de demonstrar como lida com os grandes problemas e como os resolve. Propõe-se mudar a chuva para outros locais (!), espalhar perfume pelas ruas de Pequim. Estarão atentos aos tufões, terramotos e o que habitualmente assola a zona. Vão afastar a teia cinzenta que envolve a cidade e deixar os turistas ver o céu azul. E apostam, firmemente, na defesa que esta XXIX edição dos Jogos Olímpicos de 2008 vai ser inesquecível. Sinceramente, aí estou com eles. Que tudo decorra pelo melhor e seja um triunfo absoluto da essência do desporto. Mas que a tarefa, é monumental, lá isso é!



A filosofia é, na realidade, o medicamento do espírito
(Cícero)


sábado, 2 de agosto de 2008

ABRACE A VIDA COM PAIXÃO



Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis, esquecer pessoas inesquecíveis. Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei decepcionar-me, mas também já decepcionei alguém. Já abracei para proteger, já ri quando não podia. Fiz amigos eternos, amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, fui amado e não amei.


Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras eternas, quebrei a cara muitas vezes! Já chorei escutando música e olhando fotos, já liguei só para escutar uma voz. Já me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade, tive medo de perder alguém especial (e acabei por perder). Mas vivi, e ainda vivo! Não passo pela vida…


E você também não deveria passar! Viva! Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Chaplin- (Vida)



A vida não é significado; a vida é desejo

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A DERROCADA DO KINAXIXE




Vivi, durante anos, na Rua Luís de Camões, em Luanda, que era o início da rua que dava acesso ao largo do mercado da Maria da Fonte (Kinaxixe), por onde eu passava todos os dias e onde muito frequentemente ia fazer compras. Era um verdadeiro fascínio. O exotismo, a variedade, o odor, a mistura inebriante e indecifrável de cheiros. O colorido enfeitiçante do Maria da Fonte (a estátua foi substituída por a de Nzinga Mbandi, a indomável e inteligente soberana do povo Ginga de Matamba e Angola, nascida em Cabassa, interior de Matamba) era o local onde se desejava ir. Onde apetecia ir. Havia de tudo! Do que se conhecia e do que se descobria em cada percurso.


Aí, aprendi a muitas receitas com as vendedoras (quitandeiras, não era?) que já nos conheciam. Pregaram-me partidas, é verdade. Ás vezes davam-me a provar picantes que eu ignorava ou qualquer outra coisa que nada tinha de agradável. E riam-se do meu espanto e, claro, da minha ignorância. Já éramos conhecidas! Acabava tudo bem e, tantas vezes, mas tantas, ofereciam-me coisas. Para dar sorte, diziam. Por onde andas Ina, minha amiga? O que fizeram de ti ou que voltas deu a tua vida? Que saudades, Ina. Que saudades.


Hoje, via Net, chegaram-me várias imagens da derrocada (não sei se natural ou provocada, não consegui mais informações) do mercado de Kinaxixe. Fiquei parada a olhar e senti um aperto no coração. Voltei a regressar a um local que conheço tão bem que era especial, tão cheio de recordações, e senti uma tristeza profunda. Autêntica.


Por baixo das fotos li dois comentários de angolanos, referindo essa derrocada sob o olhar silencioso de Nzinga


-Eu choro, diz Chico Oliveira e acrescenta:


- PS. Tatá Manguchi daí onde estás manda nova versão do "Havemos de Voltar" acrescentando só "Ao nosso Kinaxixe... Havemos de voltar"


Por seu lado, Fernando Pereira, desabafa:


-Se as pessoas soubessem que este edifício era um dos melhores exemplos de excelentes trabalhos de arquitectura, e que vem referenciado em revistas internacionais da especialidade nos anos 60...
Ai, Luanda. Tu continuas a ser um pedaço do meu céu que não me sai das memórias. Não há distância capaz de te fazer esquecer.




Todas as maravilhas de que precisas estão dentro de ti.

(Sir Thomas Browne)